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O Sínodo entra em sua fase decisiva: “Dicas” para uma Igreja mais sinodal, missionária e inclusiva

Por Micaela Díaz Miranda

A Secretaria Geral do Sínodo publicou o documento Dicas para a fase de implementação (2025-2028)”, um guia que marca a etapa final do processo sinodal iniciado pelo Papa Francisco em 2021 e reafirmado pelo Papa Leão XIV. Este texto serve como uma luz guia para as Igrejas locais em todo o mundo para “experimentar práticas e estruturas renovadas que tornem a vida da Igreja cada vez mais sinodal”.

Igreja missionária que constrói pontes

O documento começa com uma análise do contexto atual: a recente saída do Papa Francisco e a eleição do novo Pontífice, Leão XIV, que reafirma o compromisso da Igreja com o caminho sinodal. Em suas primeiras palavras como Papa, Leão XIV expressou: “Somos uma Igreja missionária, uma Igreja que constrói pontes através do diálogo, sempre aberta, como esta praça, para acolher de braços abertos todos, todos aqueles que precisam da nossa caridade, da nossa presença, do nosso diálogo e do nosso amor.”

Esta declaração resume o espírito que permeia o texto: o anseio por uma Igreja aberta, corresponsável e transformadora em um mundo ferido pela violência, desigualdade e isolamento.

O Documento Final: bússola e coração do processo

O eixo central desta nova etapa é o Documento Final (DF) da Assembleia Sinodal de 2024, que foi elevado por Francisco à categoria de Magistério ordinário do Sucessor de Pedro. “Todo o DF é o ponto de referência para a fase de implementação”, afirma a apresentação do documento.

Este texto, fruto da escuta do Povo de Deus, do discernimento dos bispos e da reflexão teológica e pastoral, propõe uma conversão estrutural e espiritual que deve enraizar-se em cada Igreja local segundo as suas circunstâncias.

Uma fase para todos: bispos, leigos, excluídos e comunidades inteiras

Longe de ser um exercício técnico ou burocrático, esta fase de implementação é um chamado a “todo o Povo de Deus”, na sua diversidade de carismas, vocações e ministérios. Das paróquias e movimentos às pequenas comunidades, o texto insiste: “Este não pode ser um caminho limitado a um núcleo de ‘entusiastas’. Ao contrário, é importante que este novo processo contribua concretamente para ampliar as possibilidades de participação e o exercício da corresponsabilidade diferenciada entre todos os batizados”.

Faz-se um apelo especial para envolver aqueles que ficaram à margem: os pobres, os excluídos, os jovens, as pessoas com dúvidas ou resistências, bem como para promover a escuta nas prisões, hospitais, universidades e ambientes digitais.

O papel do bispo e das equipes sinodais

O bispo é o “principal responsável” pelo processo em cada diocese ou eparquia, e seu papel é orientar, acompanhar e validar os frutos da jornada sinodal. Ao seu lado, as equipes sinodais diocesanas são identificadas como atores essenciais na animação da vida sinodal, na promoção de metodologias participativas e no apoio aos processos de formação.

Essas equipes devem ser diversas, bem treinadas e conectadas entre si. Sua tarefa, além disso, será colher os frutos da jornada e preparar o terreno para a avaliação eclesial que culminará em outubro de 2028 com uma Assembleia Eclesial no Vaticano.

Um dos eventos mais valiosos do processo será o Jubileu das equipes sinodais e dos órgãos participantes, programado para 24 a 26 de outubro de 2025. Este encontro será “uma graça para vivermos juntos um momento profundo de espiritualidade… uma oportunidade para criar conexões, trocar experiências e nos sintonizarmos mais com as próximas etapas”.

A missão da Secretaria do Sínodo

O texto detalha a missão que o Papa confiou à Secretaria Geral do Sínodo: acompanhar, coordenar, promover o diálogo entre as Igrejas e garantir a coerência do processo. Além disso, há informações de que o Papa Leão XIV acrescentou dois novos Grupos de Estudo aos já existentes: um sobre a liturgia em perspectiva sinodal e outro sobre o estatuto das Conferências Episcopais e Assembleias Eclesiais.

Esses grupos precisarão refletir sobre reformas estruturais, litúrgicas e legais para uma Igreja mais sinodal.

Discernimento, formação e escuta como método

O método sinodal é acima de tudo espiritual e comunitário. O documento afirma que não se trata de técnicas, mas sim de “crescer em um novo modo de ser Igreja”. O discernimento eclesial, a conversação no Espírito, a formação de facilitadores e o desenho de processos formativos, comunicativos e pastorais são fundamentais.

Da mesma forma, cada comunidade é encorajada a compartilhar experiências de escuta, diálogo e missão, e a fazê-lo a partir de um lugar de enraizamento em seus territórios, mas aberto à interconexão global.

Da teoria à prática

Numa frase do Documento Final citada pelas Dicas afirma-se: “Sem mudanças concretas a curto prazo, a visão de uma Igreja sinodal não será credível” (DF, n. 94). Assim, propõem-se áreas prioritárias de implementação: Participação efetiva de leigos e mulheres em cargos de liderança; ministérios adequados ao contexto; discernimento eclesial e processos de tomada de decisão sinodal; transparência e responsabilização; renovação dos conselhos pastorais e das estruturas paroquiais; realização de assembleias eclesiásticas locais e regionais; catequese e percursos formativos com abordagem sinodal.

Cada Igreja local poderá adaptar essas prioridades de acordo com sua realidade, mas todas são chamadas a caminhar juntas, ouvindo o Espírito e servindo à missão.

A esperança que não decepciona

Que a oportunidade de caminhar juntos fisicamente em direção à Porta Santa se torne uma oportunidade para trocar presentes e celebrar aquela esperança que nunca desilude ”, dizem as páginas finais.

A fase de implementação é uma oportunidade para cada comunidade eclesial fazer da sinodalidade um modo de ser Igreja no mundo de hoje.

O texto está disponível em italiano (versão original do Documento) e em traduções oficiais em inglês, espanhol, portuguêsfrancês alemão.

Você pode estar interessado em: O Sínodo entra na fase de implementação: Igrejas locais, protagonistas de uma nova etapa eclesial

Fonte: Observatório da Sinodalidade

 

 

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