Por Romero Venâncio
Romero Venâncio, professor de Filosofia na UFS e teólogo pelo ITER, retoma a obra A Igreja tem salvação? (2012) do teólogo Hans Küng para provocar uma reflexão profunda e atual sobre a crise da Igreja Católica. A pergunta-título, que à primeira vista parece paradoxal, revela-se absolutamente pertinente diante de uma instituição que, por séculos, acreditou ser a própria guardiã da salvação, esquecendo-se da autocrítica.
A partir de uma leitura crítica da trajetória eclesial pós-Concílio Vaticano II, o texto de Venâncio analisa como a Igreja passou de um momento de abertura (nos anos 1960 e 70) para uma restauração conservadora iniciada com João Paulo II e intensificada por Bento XVI. Sob o lema da tradição, bispos, seminaristas e movimentos leigos foram formatados dentro de uma espiritualidade devocional e acrítica, enquanto a Teologia da Libertação foi silenciada. Paralelamente, consolidou-se uma aliança entre o Vaticano e o neoliberalismo político, com forte impacto nos rumos da fé.
Hans Küng, uma das vozes mais lúcidas e perseguidas do pós-Concílio, escreveu este livro como uma crítica interna, construtiva e corajosa. Sem desejar o cisma, Küng oferece uma análise teológica, histórica e pastoral do “adoecimento” da Igreja. Os capítulos do livro percorrem temas como a centralização do poder papal, o colapso das estruturas eclesiásticas na Europa, a perda de relevância moral da Igreja e o medo infantil diante da modernidade.
Na parte final da obra, Küng propõe uma “terapia ecumênica” como saída: reforma do papado e da cúria, abertura às mulheres, fim do autoritarismo doutrinal e acolhida à pluralidade cultural e teológica, especialmente nos continentes do Sul global.
Segundo Romero Venâncio, a grande contribuição de Küng é lembrar que amar a Igreja não é poupá-la da crítica, mas ousar reformá-la em nome do Evangelho. Numa época em que cresce uma direita católica fundamentalista e a Igreja se vê internamente dividida, A Igreja tem salvação? é um grito de alerta e um convite à esperança lúcida.
"Para a América Latina e África, Küng abre um espaço para uma reflexão teológica decolonial e em sintonia com um real projeto de aculturação da fé. Küng sabe que não pode sair de sua condição de europeu, mas pode ajudar um pensamento teológico não-eurocêntrico, feito e vivido pelo povo cristão em todo o mundo, onde possa existir um autêntico catolicismo com potencial profético e evangélico. Um projeto realista com boa dose de esperança."
Leia o texto completo em IHU
"Foi soprado sobre nós o Espírito, um espírito novo, um espírito de de Justiça, um espírito de Esperança [...] por isso somos todos peregrinos de esperança." “Ah não fosse o Espírito Santo, o que seria da Igreja? O que seria das nossas comunidades?”.
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