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16/06/2020 Pe. José Raimundo da Costa, SDN Edição 3925 Revista O Lutador na Era Digital Na era digital
F/ Pixabay
"Procuraremos manter a fidelidade aos ideais da missão: lutar pela causa do Reino de Deus, com linguagens diferentes, com enfoques diversos, mas sem perder de vista a meta final, os objetivos básicos."

Revista O Lutador na Era Digital

Pe. Mundinho, sdn*

 

Evolução gráfica do Jornal O Lutador

O Lutador, criado há 91 anos, iniciou pequeno, impresso na gráfica que o Pe. Júlio Maria conseguiu montar nos fundos do Seminário, em Manhumirim-MG. A tipografia exigia habilidade e paciência dos operadores que caçavam, em uma grande caixa, letra por letra para a composição da chapa. Mais tarde, a gráfica adotou o processo de linotipia que, equipada com chumbo em ponto líquido, possibilitava a composição de uma linha inteira de texto. Grande avanço! Com esta mecanização, a produtividade aumentou: um operador de Linotype podia compor o equivalente a 7 ou 8 compositores manuais.

Posteriormente a gráfica adotou a impressão offset. O nome inglês off-set - fora do lugar - vem do fato de a impressão ser indireta. A tinta passa antes por um cilindro intermediário. O texto passado para uma película de filme era revelado na chapa de alumínio que se encaixava na máquina impressora. Hoje o fotolito já foi superado. O operador aciona o computador e o texto é gravado diretamente na chapa de alumínio.

Agora, O Lutador é desafiado a um novo caminho na sua vocação de ser um meio de comunicação a serviço do Evangelho. Ele adentra no mundo digital. A Revista O Lutador deixará de ser impressa para continuar no meio midiático como revista digital.

 

A Revista O Lutador

Antigamente, a captação de assinaturas era feita pelos religiosos, “Irmãos Propagandistas”, que saíam de porta em porta para angariar leitores e assinantes. Com o tempo os Irmãos foram desaparecendo. A tentativa de venda avulsa não surtiu efeito. Contratou-se leigos por algum tempo e, finalmente partiu-se para os serviços de telemarketing, que utiliza o telefone para contactar assinantes.

A queda de circulação dos impressos vem sendo percebida e sentida, desde os meados do Século XX, em todo o mundo. As causas são muitas e variam desde a concorrência de outros meios mais ‘atraentes’, como a queda do hábito de leitura, além de apontarem para o fato de que “Internet acelerou uma crise já existente” (RIGHETTI; QUADROS, 2009).

Isto forçou a uma série de adaptações para a permanência de nosso O Lutador. Em certo, momento optou-se pela redução das edições, de quatro para três ao mês e o formato do jornal, ou seja, o tamanho do impresso foi modificado, para se reduzir as taxas de postagens. Em 2015, depois de apurada pesquisa e consultas, decidiu-se pelo formato “revista”, com aumento de páginas em uma edição mensal.

Acompanhando a evolução dos tempos, a Revista O Lutador não desaparecerá! Modificará sua forma de responder à demanda do momento. Seguirá no formato digital, com o mesmo rigor e vocação de levar aos leitores a informação devida e necessária, ética e inteiramente comprometida com a verdade.

 

A Igreja na era digital

A Era digital alterou radicalmente os paradigmas da comunicação. “Já não se trata apenas de ‘usar’ instrumentos de comunicação, mas de viver numa cultura amplamente digitalizada que tem impactos muito profundos na noção de tempo e espaço, na percepção de si mesmo, dos outros e do mundo, na maneira de comunicar, aprender, obter informações, entrar em relação com os outros”. (Sérgio Mattos, “A Revolução digital e os desafios da comunicação” (Cruz das Almas-Bahia/2013). A era digital difundiu uma nova forma de comunicar-se e de levar conhecimento, trata-se de um novo ciclo na rotina e na cultura popular mundial.

Também a Igreja tem estimulado a inserção no mundo digital. Constitui um dos “novos areópagos” em que a evangelização deve ser realizada. Não somente como anúncio, mas como escuta das diversas realidades aí presentes.

Os últimos papas tiveram atenção especial para os meios de comunicação e uso das novas tecnologias. Atenção demonstrada nas mensagens para o Dia Mundial das Comunicações Sociais (DMCS), feita por ocasião do domingo precedente à Solenidade de Pentecostes.

João Paulo II, destacou que a internet seria a “janela para o mundo”, onde as possibilidades, conhecimentos, informações e relações se multiplicam, e pode “oferecer magníficas oportunidades de evangelização” (36º DMCS, em 2002). O Papa Bento, chamou as novas tecnologias de um “dom para a humanidade” porque podem favorecer de forma abrangente e verdadeira a compreensão e a solidariedade humana, além de representarem o desejo de comunicação e amizade inerente à amizade humana (43º DMCS, em 2009). O Papa Francisco vai além e desenvolve uma das expressões mais marcantes de seu pontificado: a cultura do encontro: “Somos peregrinos de uma mesma “: estrada digital” em que as conexões atingem altas velocidades, mas a comunhão deve ter sempre sua prioridade concretização. “A rede digital pode ser um lugar rico de humanidade: não uma rede de fios, mas de pessoas humanas” (48º DMCS, 2014).

Os bispos do Brasil, no Diretório de Comunicação da Igreja no Brasil (CNNBB, Doc. 99), dedicam vários parágrafos à ‘Igreja e mídias digitais’: “Para evangelizar na sociedade contemporânea, é indispensável compreender as novas linguagens e práticas vivenciadas, a fim de inculturar a mensagem do Evangelho na cultura digital” (nº 182).  “A comunidade eclesial é incentivada a fazer-se efetivamente presente na internet, já que grande parte da vida social se desenrola mediada pelas tecnologias digitais , e as redes digitais tornar-se cada vez mais parte do próprio tecido da sociedade” (nº 189).

 

“É Necessário é nascer de novo” (Jo 3,7)

Creio que o tempo é de criatividade e enfretamento dos desafios. Não podemos esmorecer mediante as dificuldades. Devemos descobrir novos caminhos, superar os desafios e encontrar outros meios, tanto na ordem econômico-financeira, quanto na ordem pastoral missionária.

No nosso “Oremos”[1] encontramos na proposta da segunda-feira seguinte prece: Vós que destes ao nosso Fundador uma resistência muito grande e compreensão diante das novas situações, - fazei que nossa família de missionários corresponda sempre mais prontamente aos sinais dos tempos.” Nosso fundador nunca deixou-se desanimar pelos empecilhos encontrados em sua vida de missionário, quer na África, na Europa ou aqui no Brasil, nas regiões Norte e Sudeste. Nunca estacionou! Sempre buscou outros caminhos e inovou. Encontrou saídas, refez projetos e continuou avançando no caminho eclesial.

O Documento de Aparecida nos fala em ir “além de uma pastoral de mera conservação para uma pastoral decididamente missionária” [DA nº 370]. Animados e estimulados por estes pensamentos e este ideal, procuramos dar uma respostas às necessidades do momento, passamos a oferecer ao nosso público O LUTADOR em formato DIGITAL.

Iniciados na tecnologia digital, qualquer pessoa poderá ter acesso à Revista, não só nos notebooks, mas no smartphone, em qualquer ambiente ou lugar em que esteja conectado à internet. Estará à disposição do leitor as matérias sobre a doutrina, a vida, a ação pastoral da Igreja, temas relacionados à religião, à bíblia, à espiritualidade, à liturgia, à catequese, à família, à juventude, e comentários dos acontecimentos da sociedade, do mundo sob a luz do magistério da Igreja.

Procuraremos manter a fidelidade aos ideais da missão para a qual este meio de comunicação foi criado: lutar pela causa do Reino de Deus, com linguagens diferentes, com enfoques diversos, mas sem perder de vista a meta final, os objetivos básicos.

As lutas de O LUTADOR não cessarão! Bonus miles Christi.

 

*. Pe. José Raimundo da Costa, sdn – Superior Geral da Congregação dos Missionários Sacramentinos de Nossa Senhora – Manhumirim-MG.

 Leia também:

Do papel para a telinha: 28 anos n’O Lutador
A “inutilidade” das mídias católicas
O Lutador: Fim da edição impressa
Na Era da Informação

 

[1] Livro interno de orações dos Missionários Sacramentinos de Nossa Senhora, pág. 16.

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