Mirticeli Medeiros é jornalista, vaticanista e atua diretamente de Roma. Já esteve em coletivas com o papa Francisco e presenciou, diante da Praça São Pedro, aquele memorável momento de 13 de março de 2013. É historiadora e especialista em História da Igreja. Sua presença no 13º Mutirão de Comunicação consagrou-se como uma presença de uma profissional da comunicação cristã e ética. Mirticeli não mediu palavras ao falar sobre a atuação do jornalismo no meio católico e os desafios que enfrenta diante da sociedade.

Em sua conferência sobre a “Amizade Social”, ela partiu do significado de termos uma encíclica papal, neste caso, a Fratelli Tutti, assinada fora dos muros de Roma. É comum o papa assinar seus documentos na Basílica do Latrão, que é a catedral de Roma, contudo, a sua terceira Carta Encíclica é assinada junto do túmulo de São Francisco de Assis. Esse simples gesto não só quebra paradigmas e protocolos, mas anuncia um novo tempo para a Igreja: “precisamos ser fraternos”.

A Amizade Social na Comunicação

 O tema que classifica o tempo de governo do Papa Francisco diante de nossa Igreja é um tema muito caro para quem se diz ser cristão: “se não resgatar em nós, das primeiras comunidades cristãs, a verdadeira fraternidade, será difícil avançarmos”, afirma a jornalista. O papa Francisco não apresenta nenhuma novidade diante de nós e, nem, tão pouco, a fotocopia de outros grupos, pois, “a Igreja é autoral e não se inspira em ideologias”. O papa Francisco, nas palavras de Mirticeli, é um papa reformador e sua primeira reforma foi no mundo da Comunicação. Ele decide reformar todo o centro de Comunicação Social de Roma, pois, nos dizeres dele, “não é possível propormos reformar para a Igreja se esta não for bem comunicada, transmitida, explicada para nosso povo”, por isso, reforma-se, primeiro o jeito, a maneira de se comunicar.

Sobre a Amizade Social, que é esta voltada para o outro, altruísta, aberta e sincera, Mirticeli explica: “Como falar de Amizade Social? É sendo amigo. Como falar de Bem Comum? Promovendo a Cultura do Bem Comum”, e aí ela conta uma pequena parábola: “Uma mãe não se comunica com o filho escrevendo documentos. Ela se comunica com ele sendo mãe, ou seja, fazendo”, com essa deixa, Mirticeli nos lembra que “o que o papa escreve, e quando ele publica um documento, saiba que aquilo que está escrito ali ele já o vive na inteireza e intensidade. Tudo o que está escrito já está transbordando em suas ações e gestos”.

Ele, o papa, faz primeiro, vive primeiro, e escreve depois. Para finalizar, Mirticeli Medeiros fez questão de mencionar o fato de termos um bispo de Roma que apoia, incentiva, ajuda e sempre lembra dos jornalistas, repórteres e dos profissionais da Comunicação. “Nós temos junto de nós um papa que ama a comunicação e ajuda a nós comunicadores a falar melhor e com mais clareza. Vivemos em um mundo envenenado por discursos que nos ofendem, machucam, violam e até nos matam. Mas, estamos aqui em nome de uma cultura do encontro e, o papa nos convida: ‘encontrem-se mais vezes’.”. Mirticeli encerrou falando do quanto carinhoso e gentil o papa é com os jornalistas em suas viagens e afirma: “isso é Amizade Social, é ser amigo de alguém reconhecendo o que ele é”.