Roteiros Pastorais Palavra de Vida
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10/10/2023 Antônio Carlos Santini Edição 3961 10/10/20123 – Andas inquieta... (Lc 10,38-42)

PALAVRA DE VIDA

10/10/20123 – Andas inquieta... (Lc 10,38-42)

                Imagino que Dona Marta tenha de fato muitas qualidades. Muitas virtudes, sem dúvida. Marta é aquela mulher “trabalhadeira”, ativa, que está em toda parte. Marta tem mãos de fada na costura e no bordado. Marta é também uma excelente cozinheira. Sua casa é um brinco, sem um grão de poeira - dizem as comadres observadoras! Mas não é por isso que Marta merece repreensão...

                Bem que ela poderia parar um pouquinho, às vezes, e sentar-se para ouvir as palavras do Mestre. Mas parece que ela teme por sua imagem: “Que é que vão dizer?” Assim, Marta precisa manter impecável o seu padrão de qualidade aos olhos dos outros. Se ela vier a interromper sua luta, poderão chamá-la de preguiçosa. E isso, para ela, é intolerável...

                Seu pecado maior é a agitação. “Andas inquieta com muitas coisas” - observa o Mestre, abanando a cabeça. Na tradução latina de São Jerônimo: “turbaris erga plurima”. Assim, é o excesso de atividades que a deixa perturbada. Sem paz no coração, como acolher a visita do Senhor?

                Neste ruidoso início de milênio, mergulhados até o pescoço em uma sociedade ativa e consumista, muitas pessoas têm sido valorizadas por aquilo que, no fundo, devia ser considerado um vício, e não uma virtude: a agitação. Mesmo em plena vida eclesial, ressurge a velha heresia do pelagianismo, que imagina poder salvar (e salvar-se!) à custa de esforço, boa vontade e mangas arregaçadas, sem depender humildemente da graça de Deus. São os critérios típicos do mundo socioeconômico - produtividade, eficiência, sucesso – que não deixam espaço para a escuta do Espírito que fala aos corações. E Deus fica falando sozinho para a multidão apressada...

                Imersos em clima obviamente herético, também nós corremos o risco de centrar em nossas atividades (ou na agitação?) o foco de nossa vida. Em decorrência disso, valoriza-se menos (ou até se despreza...) a oração, a contemplação, a intimidade com a Palavra de Deus. Matriculados na escola de Marta, estes valores passam a ser considerados como “perda de tempo”.

                Depois disso, seria útil olhar em volta e verificar quantos “agentes de pastoral” acabaram vencidos pelo desânimo, prejudicados pela estafa, exatamente pela falta do alimento interior que eles teriam encontrado na vida de oração. Seria imprudência repetir os mesmos erros.

                E como disse Jesus, “Maria escolheu a melhor parte”...

Orai sem cessar: “Mantenho em calma e sossego a minha alma.” (Sl 131,2)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Com. Católica Nova Aliança.

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