12o Domingo do Tempo Comum - 23/06/2019
Leituras: Zc 12,10-11;13,1; Sl 62[63]; Gl 3,26-29; Lc 9,18-24
Destaque: “Tome a sua cruz cada dia, e siga-me.” [Lc 9,23]
Derramando sobre o povo um “espírito de graça e súplica’, Javé conseguirá do povo o reconhecimento de sua soberania (“olharão para mim”), através do arrependimento e conversão.
Quem é o “transpassado” sobre o qual se chora como se fosse o filho único? Seria o próprio Deus que se sente transpassado na pessoa de seu primogênito? Poderia ser uma referência a um Messias sofredor, talvez ao rei Josias (como símbolo do povo exilado), morto na batalha de Meguido, em 622 a.C.. Jo 19,37 aplica esta passagem a Jesus transpassado na cruz. Para outros estudiosos se trata do povo de Israel que, lamentando a idolatria que o destruía, se volta arrependido para Javé.
A purificação não se faz com um só gesto, mas através de um processo contínuo. Por isso o texto diz simbolicamente que em Jerusalém haverá uma fonte para lavar o pecado e a impureza do povo.
Pela fé em Jesus Cristo e pelo batismo, nos tornamos filhos de Deus (v. 26) e nos revestimos de Cristo (v. 27). A imagem da veste mostra nossa nova identidade: agora somos cristãos, isto é, identificados a Cristo – um só com ele (v. 28). Somos, portanto, uma família de irmãos, onde qualquer distinção e diferença perdeu sentido. Esta é a grande consequência da nossa nova identidade – a identidade cristã.
Os judeus discriminavam os não judeus. Os pagãos eram chamados de cães pelos judeus por causa da impureza. Entre os gálatas, os pagãos convertidos estavam sendo considerados cristãos de segunda classe. Os gregos distinguiam as classes sociais; as mulheres estavam num plano inferior e os escravos eram vistos como mercadorias.
Agora tudo mudou. Agora, podemos perceber a força revolucionária do v. 28: não há mais diferença de raça, de classe ou sexo. Somos um só em Jesus Cristo. Somos filhos e herdeiros através do batismo que nos identifica com Cristo.
Jesus aceita esta definição, mas para levar os discípulos a uma opção de vida, ele vai, primeiro, proibir que eles divulguem essa verdade, que para os discípulos ainda está carregada de messianismo político e triunfalista, ligado a uma vitória definitiva de Israel sobre os adversários dominadores.
Em seguida, Jesus esclarece sua identidade e missão. É o primeiro anúncio da paixão (v. 22): Jesus deve sofrer, ser rejeitado, morto e, só depois, deve ressuscitar glorioso. Jesus não se identifica com um Messias triunfalista, mas com o Servo Sofredor que se oporá aos donos do dinheiro (anciãos), aos donos do poder (os chefes dos sacerdotes) e os donos da verdade (os doutores da Lei ou escribas). Seu ensinamento e sua prática são contrários aos que dominam, discriminam, exploram e excluem. Por isso será perseguido e assassinado, mas Deus o ressuscitará.
A identidade e missão dos seguidores de Jesus não são diferentes. Os discípulos se identificam com o Mestre no ser e na missão. Jesus apresenta 3 condições para seus seguidores: 1) renunciar a si mesmo, ou seja, não ambicionar ser dono do dinheiro, do poder e da verdade; 2) tomar a sua cruz cada dia, o que significa assumir a sua identidade e missão cristã à semelhança do mestre, sem medo da perseguição e da morte; 3) seguir a Jesus.
Aqui temos a síntese da identidade e do compromisso cristão. A expressão “seguir Jesus” é sinônimo de ser discípulo. Implica “caminhar para Jerusalém” enfrentando riscos, hostilidades, perseguições e morte. O v. 24 ganha sentido com a expressão “por causa de mim”. Morrer com Jesus significa também ressuscitar com ele.
Leituras da semana
dia 24: Is 49,1-6; Sl 138[139],1-3.13-15; At 13,22-26; Lc 1,57-66.80
dia 25: Gn 13,2.5-18; Sl 14[15],2-4ab.5; Mt 7,6.12-14
dia 26: Gn 15,1-12.17-18; Sl 104[105],1-4.6-9; Mt 7,15-20
dia 27: Gn 16,1-12.15-16; Sl 105[106],1-5; Mt 7,21-29
dia 28: Ez 34,11-16; Sl 22[23],1-6; Rm 5,5b-11; Lc 15,3-7
dia 29: Is 61,9-11; (Sl) 1Sm 2,1.4-5.6-7.8d; Lc 2,41-51