14º Domingo do Tempo Comum – 5/07/2020
Leituras: Zc 9,9-10; Sl 114[115]; Rm 8,9.11-13; Mt 11, 25-30
- O vencedor humilde. Os dois versículos do profeta Zacarias, na Liturgia de hoje, destacam a vitória de Deus sobre os povos vizinhos e descrevem a chegada do Messias na sua simplicidade, porém, trazendo a vitória. Ele vem montado num jumentinho como rei messiânico justo, vitorioso, humilde e pacífico. Apesar da opressão sobre Israel por potências estrangeiras, o profeta convida o povo de Jerusalém à alegria e à dança, na certeza da chegada do Messias, que acabará com a opressão do povo e reinará na justiça e na paz. A novidade com relação a outros oráculos proféticos é que o Messias não chegará como acontece com os grandes reis, com o poder dos exércitos e das armas, mas na pobreza e na justiça: “Ele é pobre, vem montado num jumento, num burrico, filhote de jumenta” (final do v. 9). Ele dispersará “cavalos” e “todas as armas de guerra”. Apesar do claro repúdio da força militar, ele chegará vitorioso e trará a paz para as nações através de sua palavra. Seu reino ocupará uma vasta extensão Um rei deste tipo só vai encontrar realização em Jesus de Nazaré, com sua humildade e a inversão dos conhecidos valores de sua época.
- Vencendo o pecado e a morte. Neste trecho da Carta aos Romanos, há uma contraposição entre Espírito e carne. Espírito com letra maiúscula é o Espírito Santo. Com letra minúscula é o espírito humano. A palavra “carne”, neste contexto, pode ser entendida como “instintos egoístas” ou “baixos instintos”. Quem tem o Espírito de Cristo pertence a Cristo. Quem não o tem, não pertence a Cristo. Nós não vivemos segundo a carne, mas segundo o Espírito, se realmente o Espírito de Deus mora em nós. Este Espírito é quem ressuscitou Cristo dentre os mortos. Se este Espírito habita em nós, vivificará também nossos corpos mortais. Em síntese, podemos dizer, que nós, pelo batismo, recebemos o Espírito de Cristo e fomos renovados para vivermos não segundo a carne (baixos instintos), mas segundo o Espírito, este novo dinamismo interior que foi implantado em nossos corações para superarmos a lei do pecado e da morte.
- Os mistérios do Reino. É em meio a grandes oposições ao seu ministério que Jesus encontra um espaço para esta belíssima oração ao Pai, oração de louvor, agradecimento e conforto para os que estão cansados. A primeira parte do texto de hoje (vv. 25-27) traz o louvor de Jesus ao Pai, porque aos pequeninos, ou seja, aos seus discípulos, o Pai tem o prazer de revelar os mistérios do Reino, enquanto aos seus adversários ferrenhos, fariseus e escribas, que se acham “sábios e entendidos”, o Pai esconde estes mistérios. A bondade, a misericórdia e a ternura do Pai não são conhecidas dos “sábios e entendidos” da Lei; para eles Deus é um legislador rigoroso e um juiz implacável, propenso à condenação. Bem diferente é o Deus revelado por Jesus, um Deus de amor, de justiça misericordiosa, que se compraz em olhar pelas pessoas mais humildes, mais pobres e desprezadas pela sociedade.
O versículo 27 mostra a relação íntima entre o Pai e o Filho e apresenta o Filho como único revelador do coração do Pai. Assim não são os escribas e fariseus que tem condição de afirmar o verdadeiro conhecimento de Deus, mas apenas Jesus, a quem o Pai “entregou tudo”. Jesus é aquele de quem o Pai diz, por ocasião do Batismo: “Este é o meu Filho amado em quem coloquei as minhas complacências”. Como também no momento da Transfiguração: “Este é o meu filho amado; ouvi-o!”
Na segunda parte (vv. 28-30), Jesus faz um convite aos que estão cansados de carregar os fardos impostos pelos homens da lei, chamados, ironicamente, de “sábios e entendidos”. O convite é para se dirigir a ele, pois ele promete descanso “aos pequeninos”. Jesus não lhes impõe um fardo pesado, pois o seu jugo é leve. Jesus convida os oprimidos e esmagados pela Lei a serem seus discípulos, pois nele eles encontram alívio, paz, descanso. Bem diferentemente dos mestres da Lei, Jesus é manso e humilde de coração.
O autorretrato de Jesus está claro nas bem-aventuranças do Reino (cf. Mt 5,1-12). Lá, Jesus declara felizes, ou “em marcha” com ele, os pobres, os que choram, os mansos, os que têm fome e sede de justiça, os misericordiosos, os puros de coração, os que promovem a paz, os que são perseguidos por causa da justiça. Os mestres da Lei não são capazes de entender “estas coisas” estes mistérios do amor apaixonado do coração do Pai. Só o Filho pode revelar tudo isso.
Leituras da Semana
dia 6: Os 2,16.17b-18.21-22; Sl 144[145],2-3.4-5.6-7.8-9; Mt 9,18-26
dia 7: Os 8,4-7.11-13; Sl 113B[115],3-4.5-6.7ab-8.9-10; Mt 9,32-38
dia 8: Os 10,1-3.7-8.12; Sl 104[105],2-3.4-5.6-7; Mt 10,1-7
dia 9: Os 11,1-4.8c-9; Sl 79[80],2ac e 3b.15-16; Mt 10,7-15
dia 10: Os 14,2-10; Sl 50[51],3-4.8-9.12-13. 14 e 17; Mt 10,16-23
dia 11: Is 6,1-8; Sl 92[93],1ab.1c-2,5; Mt 10,24-33
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