Roteiros Pastorais Homilética
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18/06/2019 Dom Emanuel Messias de Oliveira Edição 3913 16º Domingo do Tempo Comum - 21/07/2019
"Uma só coisa é necessária. [Lc 10,42]"

16o Domingo do Tempo Comum - 21/07/2019

 

Leituras: Gn 18,1-10a; Sl 14[15]; Cl 1,24-28; Lc 10,38-42

Destaque: “Uma só coisa é necessária.” [Lc 10,42]

 

  1. A visita de Deus. É importante acolher bem as pessoas. No texto, quem aparece a Abraão? É o próprio Deus (18,1), são três homens (18,2) ou anjos (19,1)? Com quem Abraão está falando: com três pessoas (vv. 4.5.9), uma só (vv. 3.10) ou o próprio Deus (v. 13)? Através desta ambiguidade textual, o autor ensina que quem acolhe pessoas está acolhendo a Deus que dá vida, e que os anjos são mensageiros de Deus, ou expressão do próprio Deus. Aliás, faz parte da mística semita a boa hospitalidade.

O texto sublinha a vigilância e a disponibilidade de Abraão. Ao invés de estar deitado, acomodado, cochilando à sombra, Abraão está sentado, atento aos acontecimentos. Não é hora de visitas, mas Deus não marca hora, nem aparece vestido de glória. Abraão é profundamente cordial e acolhedor e logo percebe que aquela visita era de Deus. Chama os três de “Senhor” e se coloca como servo. Apesar do calor do sol ele corre de um lado para o outro, movimenta a esposa e o criado e oferece o que há de melhor aos visitantes.

A promessa de Deus está para acontecer (vv. 9-10). E nada para Deus é impossível. Deus promete que retornará dentro de um ano, e Sara já terá um filho. Quem acolhe o outro, acolhe o próprio Deus; quem acolhe Deus, acolhe a vida.

 

  1. Edificar a Igreja. Em 1,18 vimos uma afirmação forte: Ele - Jesus Cristo - é também a cabeça do corpo, que é a Igreja. Aqui, volta-se ao mesmo tema. A Igreja é o Corpo de Cristo. Assim, é preciso que cada cristão (não apenas os agentes de pastoral) assuma um compromisso particular com a comunidade-Igreja. Cristo fez tudo por nós e por isso tem o direito de pedir tudo de nós para a edificação do seu Corpo. Nossas virtudes e trabalhos edificam o Corpo de Cristo, nossos vícios, pecados e omissões, destroem o corpo de Cristo.

Paulo se torna ministro da Igreja desde que Deus lhe confiou a missão de anunciar o mistério da presença de Cristo na comunidade. Em 1,23, ele diz expressamente que se tornou ministro do Evangelho. Paulo é ministro da Igreja, do Evangelho, de Cristo, da Palavra. Estamos percebendo que há uma identificação destas realidades.

O que deve fazer o ministro da Palavra? À imitação de Paulo, ele deve alegrar-se no sofrimento em favor da Igreja, anunciar o Cristo, aconselhar, ensinar, trabalhar pela perfeição do irmão, acreditar na força de Cristo que age nele, não desanimar diante das dificuldades, mas investir na edificação do Corpo de Cristo que é a Igreja.

 

  1. A visita de Jesus. Estamos em Betânia. Lázaro está ausente, talvez Lucas queira salientar a importância da mulher na vida ativa (trabalho de Marta) e litúrgica (Maria atenta à palavra de Jesus) da Igreja. No tempo de Jesus, a mulher era marginalizada até pela religião, não podia estudar a Lei, nem participar oficialmente do culto.

O texto mostra que Marta acolhe Jesus, mas não tem tempo de acolher o dom que ele traz, seu projeto de vida. Ela se parece com Abraão, que acolheu o Deus da vida (Gn 18,1-10a), mas seu ativismo, as preocupações exageradas a impediram de acolher e aprofundar o projeto de vida que Jesus trazia com sua vida. Abraão parece ter antecipado Marta e Maria, soube ouvir, servir, contemplar e agir, e por isso recebeu o dom da vida na pessoa de seu filho.

Maria, certamente era a companheira de Marta nos afazeres domésticos, senão esta não perderia tempo a insistir com Jesus para liberar Maria. Curioso! Quem ficaria com o hóspede? Não seria um desrespeito deixá-lo sozinho? Maria não chamou Marta, pois quem faria o trabalho? Egoísmo de Marta? Preguiça de Maria? Jesus valoriza a escolha de Maria e achou exagerada a escolha de Marta.

Isto significa que precisamos rezar mais e trabalhar menos? Viver de contemplação e não de serviço? Poderíamos viver sem o trabalho? Poderíamos viver só de reza? Não é o próprio Jesus que insiste tanto em dar o exemplo de servir? “Eu não vim para ser servido, mas para servir.” A parábola anterior ao nosso texto não frisa a prática da misericórdia? Veja 10,28: “faça isso e viverá”; v. 37: “vá e faça a mesma coisa”.

Creio que o contexto nos ensina a importância da contemplação e da ação, do rezar e do trabalhar. Lucas distingue, entre Marta e Maria, o que deve estar unido e dosado em cada cristão, como esteve na atitude de Abraão. Devemos ouvir a Palavra e a colocar em prática. As duas atitudes devem andar juntas em cada cristão.

Aqueles que se dedicam demais ao trabalho, pastoral ou não, estes devem parar no dia do Senhor - o Domingo - para, sentados aos pés de Jesus, louvar e agradecer, avaliar e se abastecer de novo. Aqueles que rezam muito não devem tardar em colocar em prática o projeto de Jesus. Jesus não parou para ser servido, ele veio até nós para entregar o dom da vida. De fato, ele está a caminho de Jerusalém onde seu projeto de vida para todos ia realizar-se através da cruz.

Marta e Maria estão vivas dentro de você?

 

Leituras da semana

dia 22: Ct 3,1-4a; Sl 62[63],2-6.8-9; Jo 20,1-2.11-18

dia 23: Ex 14,21 – 15,1; (Sl) Ex 15,8-10.12-17; Mt 12,46-50

dia 24: Ex 16,1-5.9-15; Sl 77[78],18-19.23-28; Mt 13,1-9

dia 25: 2Cor 4,7-15; Sl 125[126],1-6; Mt 20,20-28

dia 26: Eclo 44,1.10-15; Sl 131[132],11.13-14.17-18; Mt 13,16-17

dia 27: Ex 24,3-8; Sl 49[50],1-2.5-6.14-15; Mt 13,24-30

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