16o Domingo do Tempo Comum - 21/07/2019
Leituras: Gn 18,1-10a; Sl 14[15]; Cl 1,24-28; Lc 10,38-42
Destaque: “Uma só coisa é necessária.” [Lc 10,42]
O texto sublinha a vigilância e a disponibilidade de Abraão. Ao invés de estar deitado, acomodado, cochilando à sombra, Abraão está sentado, atento aos acontecimentos. Não é hora de visitas, mas Deus não marca hora, nem aparece vestido de glória. Abraão é profundamente cordial e acolhedor e logo percebe que aquela visita era de Deus. Chama os três de “Senhor” e se coloca como servo. Apesar do calor do sol ele corre de um lado para o outro, movimenta a esposa e o criado e oferece o que há de melhor aos visitantes.
A promessa de Deus está para acontecer (vv. 9-10). E nada para Deus é impossível. Deus promete que retornará dentro de um ano, e Sara já terá um filho. Quem acolhe o outro, acolhe o próprio Deus; quem acolhe Deus, acolhe a vida.
Paulo se torna ministro da Igreja desde que Deus lhe confiou a missão de anunciar o mistério da presença de Cristo na comunidade. Em 1,23, ele diz expressamente que se tornou ministro do Evangelho. Paulo é ministro da Igreja, do Evangelho, de Cristo, da Palavra. Estamos percebendo que há uma identificação destas realidades.
O que deve fazer o ministro da Palavra? À imitação de Paulo, ele deve alegrar-se no sofrimento em favor da Igreja, anunciar o Cristo, aconselhar, ensinar, trabalhar pela perfeição do irmão, acreditar na força de Cristo que age nele, não desanimar diante das dificuldades, mas investir na edificação do Corpo de Cristo que é a Igreja.
O texto mostra que Marta acolhe Jesus, mas não tem tempo de acolher o dom que ele traz, seu projeto de vida. Ela se parece com Abraão, que acolheu o Deus da vida (Gn 18,1-10a), mas seu ativismo, as preocupações exageradas a impediram de acolher e aprofundar o projeto de vida que Jesus trazia com sua vida. Abraão parece ter antecipado Marta e Maria, soube ouvir, servir, contemplar e agir, e por isso recebeu o dom da vida na pessoa de seu filho.
Maria, certamente era a companheira de Marta nos afazeres domésticos, senão esta não perderia tempo a insistir com Jesus para liberar Maria. Curioso! Quem ficaria com o hóspede? Não seria um desrespeito deixá-lo sozinho? Maria não chamou Marta, pois quem faria o trabalho? Egoísmo de Marta? Preguiça de Maria? Jesus valoriza a escolha de Maria e achou exagerada a escolha de Marta.
Isto significa que precisamos rezar mais e trabalhar menos? Viver de contemplação e não de serviço? Poderíamos viver sem o trabalho? Poderíamos viver só de reza? Não é o próprio Jesus que insiste tanto em dar o exemplo de servir? “Eu não vim para ser servido, mas para servir.” A parábola anterior ao nosso texto não frisa a prática da misericórdia? Veja 10,28: “faça isso e viverá”; v. 37: “vá e faça a mesma coisa”.
Creio que o contexto nos ensina a importância da contemplação e da ação, do rezar e do trabalhar. Lucas distingue, entre Marta e Maria, o que deve estar unido e dosado em cada cristão, como esteve na atitude de Abraão. Devemos ouvir a Palavra e a colocar em prática. As duas atitudes devem andar juntas em cada cristão.
Aqueles que se dedicam demais ao trabalho, pastoral ou não, estes devem parar no dia do Senhor - o Domingo - para, sentados aos pés de Jesus, louvar e agradecer, avaliar e se abastecer de novo. Aqueles que rezam muito não devem tardar em colocar em prática o projeto de Jesus. Jesus não parou para ser servido, ele veio até nós para entregar o dom da vida. De fato, ele está a caminho de Jerusalém onde seu projeto de vida para todos ia realizar-se através da cruz.
Marta e Maria estão vivas dentro de você?
Leituras da semana
dia 22: Ct 3,1-4a; Sl 62[63],2-6.8-9; Jo 20,1-2.11-18
dia 23: Ex 14,21 – 15,1; (Sl) Ex 15,8-10.12-17; Mt 12,46-50
dia 24: Ex 16,1-5.9-15; Sl 77[78],18-19.23-28; Mt 13,1-9
dia 25: 2Cor 4,7-15; Sl 125[126],1-6; Mt 20,20-28
dia 26: Eclo 44,1.10-15; Sl 131[132],11.13-14.17-18; Mt 13,16-17
dia 27: Ex 24,3-8; Sl 49[50],1-2.5-6.14-15; Mt 13,24-30