2º Domingo da Páscoa - 19/04/2020
“Meu Senhor e meu Deus!” (Jo 20,28)
Leituras: At 2,42-47; Sl 117[118]; 1Pd 1,3-9; Jo 20,19-31
Os apóstolos lembram à comunidade as palavras e ações de Jesus: como ele queria sua comunidade; a substituição do poder pela fraternidade (comunhão fraterna), a substituição do acúmulo pela partilha dos bens (repartiam o dinheiro entre todos, conforme a necessidade de cada um). Percebe-se o desejo de eliminar a distância entre ricos e pobres na comunidade. Lucas não quer dizer que a comunidade sempre repartiu os seus bens e que nunca houve carência ou falha de alguns membros. (cf. p. ex., o episódio de Ananias e Safira em 5,1ss). O que Lucas quer mostrar é o ideal da comunidade, aonde a comunidade deve chegar. Ele toma alguns acontecimentos extraordinários e marcantes e os generaliza para apontar o ideal da comunidade cristã.
A partilha é importante, mas sabemos, hoje, que o ideal cristão requer um passo a mais, requer mudanças de estruturas, uma interferência no mecanismo da posse dos meios de produção. Sem a mudança do sistema iníquo e opressor, em que vivemos, a distância entre pobres e ricos só tende a aumentar cada vez mais. O que podemos fazer?
A herança que adquirimos pela ressurreição de Jesus é como uma coroa sem defeito e que não murcha. As coroas que os vitoriosos ganhavam, antigamente, eram feitas de plantas entrelaçadas, e murchavam com o tempo. A herança dos cristãos é imarcescível, quer dizer, não murcha (v. 4). A autenticidade da fé alcançará louvor, honra e glória, quando Jesus se manifestar. Relações de profundo amor e repleta de alegria por causa da certeza da salvação. Em síntese, diante de todas estas bênçãos de Deus, os sofrimentos atuais não devem desanimar ninguém, e podem até ser motivo de alegria, pois testam a perseverança na fé, que leva à salvação. Como minha comunidade tem encarado as lutas diárias?
Segue-se o envio para continuar a missão de Jesus sob a garantia do Espírito Santo. O Pentecostes, no Evangelho de João, já está acontecendo com este sopro divino, lembrando o sopro no início da criação do homem. Nova criação está acontecendo. O projeto de Deus é retomado com o perdão dos pecados. Pecado (no singular) para João é adesão ao sistema iníquo que matou Jesus. Pecados (no plural) são os gestos concretos que decorrem desta opção injusta. Quem se fecha ao projeto de Deus permanece em seus pecados. Neste texto está o grande fundamento bíblico para o sacramento da confissão dos pecados e do perdão administrado pela Igreja através do sacerdote.
A figura de Tomé está simbolizando todos aqueles cuja fé não é pura, não nasce da experiência de amor da comunidade, mas depende de milagres, de sinais extraordinários. Mas Tomé dá um testemunho bonito: "Meu Senhor e meu Deus!" É a maior profissão de fé do 4º Evangelho. Ele vê Jesus como Senhor e Deus. Deus exaltou seu Filho Jesus e o colocou onde estava, no princípio, junto de Deus, como Senhor da Glória, com igual dignidade com o Pai (cf. 5,18 e 10,33). Tudo termina com a única bem-aventurança no Evangelho de João: “Felizes os que não viram e creram”. Vivo minha religião buscando milagres em meu favor, ou me dedicando ao serviço dos outros e da comunidade?
Leituras da semana
dia 20: At 4,23-31; Sl 2, 1-3.4-6.7-9; Jo 3,1-8
dia 21: At 4,32-37; Sl 92[93],1ab.1c-2.5; Jo 3,7b-15
dia 22: At 5,17-26; Sl 33[34],2-3.4-5.6-7.8-9; Jo 3,16-21
dia 23: At 5,27-33; Sl 33[34],2.9.17-18.19-20; Jo 3,31-36
dia 24: At 5,34-42; Sl 26[27],1.4.13-14; Jo 6,1-15
dia 25: 1Pd 5,5b-14; Sl 88[89],2-3.6-7.16-17; Mc 16,15-20