Roteiros Pastorais Homilética
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07/04/2020 Dom Emanuel Messias de Oliveira Edição 3922 2º Domingo da Páscoa - 19/04/2020 “Meu Senhor e meu Deus!” (Jo 20,28)
F/ T. Catholic Priest
"A figura de Tomé está simbolizando todos aqueles cuja fé não é pura, não nasce da experiência de amor, mas depende de milagres, de sinais extraordinários..."

2º Domingo da Páscoa - 19/04/2020

“Meu Senhor e meu Deus!” (Jo 20,28)

 

Leituras: At 2,42-47; Sl 117[118]; 1Pd 1,3-9; Jo 20,19-31

 

  1. Viver em comunidade. A identidade da comunidade cristã está sustentada sobre 4 pilares: o ensinamento dos apóstolos, a comunhão fraterna, a fração do pão e as orações.

Os apóstolos lembram à comunidade as palavras e ações de Jesus: como ele queria sua comunidade; a substituição do poder pela fraternidade (comunhão fraterna), a substituição do acúmulo pela partilha dos bens (repartiam o dinheiro entre todos, conforme a necessidade de cada um). Percebe-se o desejo de eliminar a distância entre ricos e pobres na comunidade. Lucas não quer dizer que a comunidade sempre repartiu os seus bens e que nunca houve carência ou falha de alguns membros. (cf. p. ex., o episódio de Ananias e Safira em 5,1ss). O que Lucas quer mostrar é o ideal da comunidade, aonde a comunidade deve chegar. Ele toma alguns acontecimentos extraordinários e marcantes e os generaliza para apontar o ideal da comunidade cristã.

A partilha é importante, mas sabemos, hoje, que o ideal cristão requer um passo a mais, requer mudanças de estruturas, uma interferência no mecanismo da posse dos meios de produção. Sem a mudança do sistema iníquo e opressor, em que vivemos, a distância entre pobres e ricos só tende a aumentar cada vez mais. O que podemos fazer?

 

  1. Alegria no sofrimento. O texto de 1Pd é um hino de louvor. Os versículos iniciais (3-5) recordam a ação de Deus em favor das pessoas por meio de Jesus Cristo. Bendizemos a Deus, porque ele nos gerou de novo na sua grande misericórdia, através da ressurreição de Jesus para uma esperança viva de salvação.

A herança que adquirimos pela ressurreição de Jesus é como uma coroa sem defeito e que não murcha. As coroas que os vitoriosos ganhavam, antigamente, eram feitas de plantas entrelaçadas, e murchavam com o tempo. A herança dos cristãos é imarcescível, quer dizer, não murcha (v. 4). A autenticidade da fé alcançará louvor, honra e glória, quando Jesus se manifestar. Relações de profundo amor e repleta de alegria por causa da certeza da salvação. Em síntese, diante de todas estas bênçãos de Deus, os sofrimentos atuais não devem desanimar ninguém, e podem até ser motivo de alegria, pois testam a perseverança na fé, que leva à salvação. Como minha comunidade tem encarado as lutas diárias?

 

  1. Confissão e fé. Temos em Jo 20,19-31 a fundação da comunidade messiânica que dará sequência ao projeto de Deus. Estamos no início do novo dia: uma nova era inaugurada pela vitória de Cristo Jesus sobre a morte. O contexto é eucarístico, o Cordeiro imolado se apresenta com os sinais da morte, mas cheio de vida, desejando a plenitude dos bens messiânicos para todos: shalom = paz. Jesus afugenta todo temor. Seu corpo glorificado está livre de qualquer barreira (entrou com as portas fechadas). A alegria para os discípulos é a nota dominante.

Segue-se o envio para continuar a missão de Jesus sob a garantia do Espírito Santo. O Pentecostes, no Evangelho de João, já está acontecendo com este sopro divino, lembrando o sopro no início da criação do homem. Nova criação está acontecendo. O projeto de Deus é retomado com o perdão dos pecados. Pecado (no singular) para João é adesão ao sistema iníquo que matou Jesus. Pecados (no plural) são os gestos concretos que decorrem desta opção injusta. Quem se fecha ao projeto de Deus permanece em seus pecados. Neste texto está o grande fundamento bíblico para o sacramento da confissão dos pecados e do perdão administrado pela Igreja através do sacerdote.

A figura de Tomé está simbolizando todos aqueles cuja fé não é pura, não nasce da experiência de amor da comunidade, mas depende de milagres, de sinais extraordinários. Mas Tomé dá um testemunho bonito: "Meu Senhor e meu Deus!" É a maior profissão de fé do 4º Evangelho. Ele vê Jesus como Senhor e Deus. Deus exaltou seu Filho Jesus e o colocou onde estava, no princípio, junto de Deus, como Senhor da Glória, com igual dignidade com o Pai (cf. 5,18 e 10,33). Tudo termina com a única bem-aventurança no Evangelho de João: “Felizes os que não viram e creram”. Vivo minha religião buscando milagres em meu favor, ou me dedicando ao serviço dos outros e da comunidade?

 

Leituras da semana

dia 20: At 4,23-31; Sl 2, 1-3.4-6.7-9; Jo 3,1-8

dia 21: At 4,32-37; Sl 92[93],1ab.1c-2.5; Jo 3,7b-15

dia 22: At 5,17-26; Sl 33[34],2-3.4-5.6-7.8-9; Jo 3,16-21

dia 23: At 5,27-33; Sl 33[34],2.9.17-18.19-20; Jo 3,31-36

dia 24: At 5,34-42; Sl 26[27],1.4.13-14; Jo 6,1-15

dia 25: 1Pd 5,5b-14; Sl 88[89],2-3.6-7.16-17; Mc 16,15-20

 

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