Roteiros Pastorais Homilética
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22/08/2021 Dom Emanuel Messias de Oliveira Edição 3939 21º DOMINGO COMUM - 22/8/2021
F/ Periodista Digital
"Os discípulos se escandalizam com as palavras de Jesus e o abandonam, Jesus não volta atrás. Pelo contrário, provoca seus apóstolos dizendo: 'Não quereis vós também partir?' "

21º DOMINGO COMUM - 22/8/2021

1ª LEITURA - Js 24, 1-2a. 15-17. 18b

Estamos no último capítulo do livro de Josué, no qual se narra o final da caminhada do Egito opressor para a liberdade na Terra Prometida. Trata-se de uma assembleia geral acontecida em Siquém, na qual o povo foi chamado a uma decisão importante: ou Javé ou os ídolos. Aqui o povo vai renovar os compromissos da aliança com o Deus libertador. Josué, neste capítulo, convoca o povo e relembra a presença constante de Deus e suas maravilhas em favor do povo desde os tempos de Abraão. O que Deus fez?  Ele cumpriu as promessas feitas a Abraão, libertou o povo da opressão egípcia através de Moisés e fê-lo chegar à Terra Prometida, terra de liberdade e vida. Aqui, Josué exige do povo uma decisão de vida ou de morte: servir a Javé ou servir aos ídolos. E Josué toma a sua decisão pessoal: “Quanto a mim e à minha família, nós vamos servir ao Senhor” (v. 15).

A palavra servir é a palavra chave do texto: “Servir é aderir, com liberdade e alegria, ao Deus verdadeiro, abandonando os ídolos que geram a morte”. O povo sem titubear, escolhe a vida, assumindo o compromisso de servir a Javé: “Longe de nós a ideia de abandonar o Senhor para servir a outros deuses, pois o Senhor é o nosso Deus. Foi ele quem tirou a nós e a nossos pais do Egito, lugar da escravidão... portanto, também nós serviremos ao Senhor, porque ele é o nosso Deus”(vv.17-18b). Por que vivemos ainda numa sociedade violenta, alimentando uma cultura de morte, quando temos certeza que a maioria do nosso povo é cristão e católico? O que está faltando?

2ª LEITURA - Ef 5, 21-32

A carta aos Efésios tem seis capítulos. Os três primeiros dedicados à parte doutrinal e os três últimos dedicados a uma exortação moral. Este trecho de hoje fala do relacionamento entre os cônjuges. Este trecho é muito profundo e bonito, mas muitos cristãos se deixam impressionar pelas frases: “o homem é a cabeça da mulher”... “as mulheres estejam sujeitas aos seus maridos”, e acabam desprezando o conjunto do texto com seu conteúdo fantástico de comunhão e partilha, de libertação e serviço, de doação e amor entre marido e mulher.

O texto, sem dúvida, nestas frases, reflete a mentalidade daquele tempo, em que o marido era considerado cabeça da mulher. Só que o autor coloca como exemplo a ser imitado o próprio Cristo e não o homem. O v. 1º fala da submissão mútua no temor de Cristo. O ponto de partida, portanto, para o relacionamento entre marido e mulher é o Cristo.  Assim o que Cristo fez por sua Igreja o marido deve fazer por sua esposa. E o que na verdade fez o Cristo por sua Igreja?  Oprimiu-a?, desprezou-a?, traiu-a?, renegou-a?, humilhou-a?, ou fez exatamente o contrário? Cristo a amou profundamente, tornou-se servo dela, entregou-se totalmente a ela para salvá-la.

Cristo cuidou da sua Igreja com carinho e ternura e sacrificou sua vida por ela. Eis o dever do marido com relação à sua esposa, Veja que frase forte: “O marido deve amar à sua esposa como a seu próprio corpo”... ora “ninguém jamais quis mal à sua própria carne”... No casamento homem e mulher se tornam uma só carne. Se o homem quiser viver o grande mistério da relação entre Cristo e sua Igreja, que se dedique totalmente a sua esposa em profundo serviço, amor e doação.

 EVANGELHO - Jo 6, 60-69

No capítulo 6º São João narra a multiplicação dos pães e o sermão de Jesus sobre o pão da vida. Na assembleia de Siquém (primeira leitura), Josué pede uma decisão do povo e todo o povo aderiu a Javé. Aqui nós temos dois grupos. Os vv. 60-66 mostram a crise e o abandono de muitos. Os vv. 67-69 apresentam a adesão incondicional dos doze menos um, menos Judas, que haveria de trair Jesus.

 Vv. 60-66 - A crise e o abandono dos discípulos

Depois da multiplicação dos pães, o povo se entusiasma e quer até coroar Jesus como o seu rei. Jesus tem que fugir. Agora Jesus se apresenta como o pão de Deus para alimento do mundo. Mas alimentar-se de Jesus significa também fazer-se pão como ele para servir de alimento para os outros. Diante da Eucaristia devemos tomar uma decisão séria e comprometedora. Sem uma graça especial do Pai é impossível ir até Jesus e acreditar no que ele está dizendo. O povo acha que a palavra de Jesus é muito dura. E que palavra é essa?

A síntese estaria no v. 54: “Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna e eu o ressuscitarei no último dia”. O verbo usado para comer significa “mastigar”; e beber sangue causava aversão aos judeus, pois o sangue contém a vida. E Jesus fala: “Quem bebe o meu sangue”. Beber o sangue de Jesus significa assimilar sua vida e seu exemplo, significa, portanto, estar também disposto a doar o próprio sangue como bebida. São palavras realmente duras. Daí a crise, daí o abandono. Muitos discípulos depois destas palavras largaram Jesus (v. 66).

 Vv. 67-69 - Os apóstolos aderem a Jesus

É interessante que, quando os discípulos se escandalizam com as palavras de Jesus e o abandonam, Jesus não volta atrás. Pelo contrário, provoca seus apóstolos dizendo: “Não quereis vós também partir?” Aqui temos, através de Pedro, a resposta bonita e corajosa dos apóstolos: “Senhor, a quem iremos?” Os apóstolos reconhecem que não há outro mestre em suas vidas. Muito menos outra meta. Só Jesus tem palavras de vida eterna. Só ele é o santo de Deus. É pena que não é todo o grupo que é “símbolo” de perfeita unidade e fé. Até no grupo de Jesus havia um que era o diabo (diá-bolos), aquele que desune, não crê, não constrói. No seu grupo há também um Judas?

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