Roteiros Pastorais Homilética
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29/07/2019 Edição 3914 21o Domingo do Tempo Comum - 25/08/2019
F/ Benoît et moi
"Fazei todo esforço possível para entrar pela porta estreita. [Lc 13,24]"

21o Domingo do Tempo Comum - 25/08/2019

 

Leituras: Is 66,18-21; Sl 116[117]; Hb 12,5-7.11-13; Lc 13,22-30

Destaque: “Fazei todo esforço possível para entrar pela porta estreita.” [Lc 13,24]

 

  1. Um encontro universal. O Dêutero-Isaías (Is 40-50), com sua promessa de retorno do Exílio Babilônico e reconstrução rápida do país, trazendo de novo a glória perdida, não se realizou a contento. Os repatriados ainda vivem tempos difíceis; a comunidade está em decadência. A função do Trito-Isaías (55-66) é levantar o moral do povo, reativando a esperança da reconstrução nacional. Nosso texto rompe as fronteiras de um nacionalismo mesquinho e sua esperança alcança dimensões universais.

O anúncio é messiânico com perspectivas escatológicas. Nesse tempo, Deus mesmo virá reunindo todos os povos e línguas. Todos virão para admirar a glória de Deus, ou seja, a salvação que ele traz. Este encontro universal para contemplar a glória de Javé começará com um sinal. Todos os sobreviventes se tornarão missionários e serão enviados a todas as nações do mundo, que nunca viram a glória de Javé.

A enumeração das nações relembra Gn 10 com a lista de povos após o dilúvio. As barreiras nacionalistas são superadas. Acontecerá o inverso da torre de Babel, quando os povos foram dispersos. Agora todos se reunirão na montanha santa de Jerusalém.

 

  1. O sofrimento que educa. A comunidade enfrenta dificuldades, sofrimentos. Testemunhar Jesus significa subir o Calvário com ele. No capítulo 11, o autor enumerou longa lista dos que perseveraram e foram aprovados através da sua fé. O texto traz duas explicações para o sofrimento cristão. Deus educa através do sofrimento.

A primeira explicação vem com a pedagogia que o pai aplica ao filho. O filho não entende na hora, mas o sofrimento-correção produz depois seus efeitos (v. 11). Deus não quer que desanimemos, quando repreendidos pela repressão-sofrimento (v. 5), pois o Senhor corrige a quem ele ama e castiga (educa) a quem ele aceita como filho.

A segunda explicação, nos vv. 12-13, foca na linha da solidariedade cristã. Aliás, não é esta a explicação do sofrimento tirada da cruz de Cristo? Ele sofreu e morreu em nosso lugar. “Mãos enfraquecidas e joelhos vacilantes” lembram a situação de prostração da comunidade. O revigoramento dos cristãos, apesar do sofrimento-solidariedade, vai reforçar quem vacila na ação (mãos enfraquecidas), na estabilidade (joelhos vacilantes) e na caminhada da fé (pés). A solidariedade cristã é um meio eficaz de cura para os aleijados na caminhada da fé. Você tem suportado o sofrimento à luz da fé?

 

  1. São poucos os que se salvam? Antes da pergunta do v. 23, temos dois dados importantes no v. 22. O primeiro é a indicação de Lucas que Jesus atravessa cidades e povoados ensinando. Isto já afirma a universalidade da salvação de Jesus, que não pertence de direito a um povo. O segundo dado é que Jesus prosseguia seu caminho para Jerusalém (cf. 9,51; 17,11; 19,28). Ali, Jesus encontrará oposições, violência e morte. É a porta estreita dos que vão entrar no Reino. Porta do enfrentamento com os poderes opressores e contrários à vida, porta da luta pela fraternidade e justiça.

“São poucos os que se salvam?” (v. 23.) A esta pergunta teórica e inútil, Jesus dá uma resposta prática e fundamental. A porta da salvação é estreita, muitos vão tentar, mas não vão conseguir entrar. O importante é fazer todo o esforço possível para entrar. A salvação não é apenas dom de Deus, mas também esforço nosso. Em que consiste nosso esforço? A resposta aparece no v. 27, mas antes Jesus esclarece com a parábola da porta fechada.

Esta parábola vai esclarecer a tentativa frustrada de todos aqueles que não conseguiram entrar. Trata-se da porta do banquete messiânico. Depois de certo tempo da chegada dos convidados, o anfitrião se levanta e fecha a porta. Todos os que chegarem atrasados baterão à porta, mas serão ignorados. E ali desfilarão os arrazoados daqueles que hoje tranquilizam suas consciências com narcóticos de uma pseudorreligião de ritos vazios e estéreis, sem compromisso com a solidariedade a justiça.

Não bastam o legalismo farisaico, o ritualismo cristão, missas, retiros, orações, movimentos religiosos. Tudo isso só tem sentido se for acompanhado do esforço da prática da justiça (v. 22), aqui e agora, enquanto é tempo.

Pouco adianta aos judeus serem filhos de Abraão, se não querem comprometer-se com Jesus a caminho de Jerusalém. O mesmo se pode dizer de nós, cristãos, se nossas práticas religiosas são estéreis, sem o engajamento prático na luta pela justiça (porta estreita). A mesa do banquete será ocupada por aqueles que nunca ouviram falar de Deus, mas vivem praticando a justiça.

O v. 30 pode ser assim entendido: os pagãos, considerados os últimos, serão os primeiros; os judeus, considerados os primeiros, serão os últimos. Os cristãos só de missa serão considerados os últimos; os de fora da comunidade, mas que praticam a justiça, serão considerados os primeiros.

Talvez coubesse aqui uma pergunta final: em que está consistindo nossa vivência cristã?

 

Leituras da semana

dia 26: 1Ts 1,1-5.8b-10: Sl 149,1-6a.9b; Mt 23,13-22

dia 27: 1Ts 2,1-8; Sl 138[139],1-6; Mt 23,23-26

dia 28: 1Ts 2,9-13; Sl 138[139],7-12ab; Mt 23,27-32

dia 29: Jr 1,17-19; Sl 70[71],1-4a.5-6ab.15ab.17; Mc 6,17-29

dia 30: 1Ts 4,1-8; Sl 96[97],1.2b.5-6.10-12; Mt 25,1-13

dia 31: 1Ts 4,9-11; Sl 97[98],1,7-9; Mt 25,14-30

 

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