Roteiros Pastorais Homilética
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07/08/2019 Dom Emanuel Messias de Oliveira Edição 3914 23o DOMINGO DO TEMPO COMUM - 8/09/2019
"Se não renunciar a tudo o que tem, não pode ser meu discípulo. [Lc 14,33]"

23o DOMINGO DO TEMPO COMUM - 8/09/2019

 

Leituras: Sb 9,13-19; Sl 89[90]; Fm 9b-10.12-17; Lc 14,25-33

Destaque: “Se não renunciar a tudo o que tem, não pode ser meu discípulo.” [Lc 14,33]

1. Salvos pela Sabedoria. Na capital cultural do helenismo, como inculturar a fé judaica sem abandonar o essencial da riqueza religiosa do judaísmo? É claro, o mundo grego tem também valores que podem ser assimilados. É preciso repensar a fé com seriedade e fidelidade.

Sb 9,1-18 é uma prece, onde se pede a sabedoria. Diante do endeusamento da filosofia grega, o autor pede insistentemente a Deus a “sabedoria que se assenta contigo no teu trono” (v. 4). Só com esta sabedoria se pode enfrentar a realidade, e aprender o que é agradável a Deus.

O autor critica a filosofia endeusada que pretendia dar resposta para tudo. Na verdade, os desígnios de Deus são insondáveis aos homens, suas intenções são impenetráveis (v. 13). Por outro lado, “nossas reflexões são precárias”. Não conhecemos bem nem mesmo o que está ao nosso alcance, como investigar, então, as coisas do céu (v. 16)? Tudo seria realmente impossível se Deus não enviasse do alto o seu espírito, sua sabedoria. É só assim que podemos chegar ao conhecimento da vontade de Deus.

A sabedoria se identifica primeiramente com a lei, que ensina o que agrada a Deus e conduz o homem à salvação (v. 18). Mas, colocando a sabedoria em paralelo com o Santo Espírito (v. 17), o autor relembra Jr 31,31 e Ez 36,26-29: na Nova Aliança um espírito novo nos ajudará a reconhecer e cumprir a vontade de Deus. Assim a sabedoria se identifica com o próprio Espírito de Deus.

2. Livres para fazer o bem. Esta cartinha é algo de fantástico. Trata da devolução a Filêmon do seu escravo fugitivo Onésimo, convertido por Paulo na prisão. Paulo tem autoridade para mandar, mas prefere pedir. Quem pede é uma pessoa idosa, prisioneira de Cristo (v. 9). O que Paulo pede? A libertação de Onésimo? Não. Pelo menos não o faz de modo explícito.

Paulo não proclama a libertação dos escravos. O mundo não estava sociologicamente preparado para isto. A economia era baseada na mão de obra dos escravos. Mas Paulo lança os fundamentos da libertação ou, pelo menos, mina as bases do estatuto da escravidão. Paulo pede acolhida caridosa e amável, pois considera Onésimo como seu próprio coração (v. 12).

Paulo está preso por causa do Evangelho. Filêmon poderia muito bem estar servindo a Paulo na prisão, mas não pode fazê-lo; então Onésimo seria um ótimo substituto (12). Mas Paulo vai mandá-lo de volta, pois não quer nada forçado. Certamente Filêmon terá Onésimo agora para sempre (v. 15) não mais como escravo, mas como irmão. Ele também será querido de Filêmon como homem e como cristão (v. 16). O v. 17 é um xeque-mate: “Se, pois, me tens como companheiro, recebe-o como se fosse a mim mesmo”.

3. Renúncia que liberta. “Grandes multidões acompanhavam Jesus.” Para onde? Desde 9,51, Jesus tinha tomado a resolução de caminhar para Jerusalém para entregar sua vida por nós. Aqueles que o acompanhavam vão aos poucos tomando consciência de que essa caminhada é sem retorno, é decisiva e definitiva, supõe desapego, exige coragem, exige fé.

As condições para seguir Jesus são basicamente três: primeira, o desapego afetivo. Para seguir Jesus, para ser seu discípulo, é preciso colocá-lo em primeiro lugar. É preciso amá-lo mais que todos os parentes. É preciso até mesmo renunciar à própria vida (v. 6).

Segunda, a disponibilidade para a cruz. “Cruz” simboliza todo o tipo de sacrifício para levar em frente o projeto de Jesus. Caminhar atrás de Jesus com a cruz às costas significa a coragem de subir o Calvário e dar a vida a exemplo de Jesus (v. 27).

Terceira, a renúncia total (v. 23). Se a primeira condição foi a renuncia dos bens, vê-se que aquele que nos deu tudo pede tudo. Um exemplo de entrega total vê-se em Paulo que, depois que descobriu Jesus, considerou tudo o mais como esterco (Fl 3,7-8).

Não se pode seguir a Jesus sem uma decisão firme. Jesus pede para os discípulos ponderarem antes de tomarem uma decisão irreversível. Para ilustrar isso, Jesus conta duas pequenas parábolas. Provavelmente, ele reflete desânimos e deserções de alguns na caminhada ou pelo menos adverte contra isso.

Na primeira, a construção de uma torre. Quem não calcular direitinho os gastos, não vai conseguir terminar e será caçoado pelos que passarem. Na segunda, o cálculo de guerra. Quem só tem dez soldados não vai entrando numa guerra contra quem tem o dobro. Antes ele vai calcular bem se consegue dar conta. Se acha que não dá, vai procurar a paz.

Tudo isso é bom para dizer que seguir a Jesus supõe decisão firme renúncia total e coragem de correr o risco. Você se acha no seguimento de Jesus?

 

Leituras da semana

dia 9: Cl 1,24 – 2,3; Sl 61[62],6-7.9; Lc 6,6-11

dia 10: Cl 2,6-15; Sl 144[145],1-2.8-11; Lc 6,12-19

dia 11: Cl 3,1-11; Sl 144[145],2-3.10-13ab; Lc 6,20-26

dia 12: Cl 3,12-17; Sl 150,1-6; Lc 6,27-38

dia 13: 1Tm 1,1-2.12-14; Sl 15[16],1-2a.5.7-8.11; Lc 6,39-42

dia 14: Nm 21,4b-9 ou Fl 2,6-11; Sl 77[78],1-2.3438; Jo 3,13-17

 

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