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24/09/2021 Antônio Carlos Santini Edição 3939 24/09/2021 – Irei ao altar de Deus... (Sl 43 [42])

PALAVRA DE VIDA

24/09/2021 – Irei ao altar de Deus... (Sl 43 [42])

                A mensagem deste salmo situa-se entre dois polos opostos: a tristeza e a alegria. Alvo da mentira e da falsidade dos homens, o poeta-cantor se sente oprimido pelo inimigo. Ele sabe que a cura dessa tristeza está em Deus, por isso se lembra da “montanha santa” onde o Senhor habita.

                Daí a sua decisão: “Irei ao altar do Senhor!” Ali ele irá recuperar sua alegria entoando louvores ao som da cítara. Quem conhece um pouco da poesia sacra e da hinologia litúrgica, sabe que grande quantidade dessa produção poética brotou da oração de alguém que buscava consolo em Deus.

                Mas é preciso lembrar que o “altar” (de alta ara, isto é, uma pedra elevada) é o lugar dos sacrifícios. Era sobre o altar da Primeira Aliança que as vítimas eram queimadas em holocausto ao Senhor. Nos altares da Nova Aliança, a Igreja oferece ao Pai o Corpo e o Sangue de seu Filho, ao celebrar o sacramento da eucaristia. Não por acaso, na pedra da ara (embutida em nossos altares) estão contidos ossos ou relíquias dos mártires, que deram seu sangue pela fé em Jesus Cristo.

                Assim, seria uma ilusão dirigir-se ao altar do Senhor como quem busca uma anestesia. Sim, é lá que se experimenta a verdadeira alegria, mas nunca separada da cruz e do sacrifício. A legítima mística cristã sempre aliou a cruz e a alegria. Mais do que ser carregada, a cruz deve ser abraçada...

                Ao comentar este Salmo, Santo Agostinho diz que a “cítara” do cantor soa em dois diferentes registros: soa “no alto” ao cantar louvores a Deus, mas também soa “na parte inferior”. E cita São Paulo: “Nós nos gloriamos nas tribulações, sabendo que a tribulação produz a perseverança, a perseverança uma virtude comprovada, a virtude comprovada a esperança” (Rm 5,3-4).

                Diz mais Santo Agostinho, talvez com leve ironia: “Se desfaleces nas tribulações, quebraste a cítara”. O salmista “sofria devido a uma aflição terrena, no entanto queria agradar a Deus e dar-lhe graças, forte na tribulação”.

                Na Liturgia de hoje, este Salmo “responde” à leitura de Ageu 1,15b – 2,9, onde o Senhor promete que “o esplendor da desta Casa (o Templo a ser reconstruído no tempo de Ciro) será maior que o da antiga”. Bela imagem para a “casa” do homem arruinado pela tristeza e pronto a recuperar sua alegria na glória de Deus.

 

Orai sem cessar: “Senhor, deste mais alegria ao meu coração!” (Sl 4,7)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

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