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25/10/2023 Antônio Carlos Santini Edição 25/10/2023 – Meu senhor está demorando... (Lc 12,39-48)

PALAVRA DE VIDA

25/10/2023 – Meu senhor está demorando... (Lc 12,39-48)

                O Evangelho de hoje nos convida a avaliar a atitude do servidor (ou gerente) que não soube levar muito a sério aquela velha história de que seu Patrão iria voltar e, motivado por esse desespero prático, resolveu seguir suas próprias inclinações, entregando-se indiferentemente à desordem, à violência e à embriaguez. Já que o Chefe não volta, entrego-me ao caos...

                Só que o Patrão vai voltar, garante Jesus, e o mau gestor experimentará a exclusão (novo nome para o inferno!) e “a sorte dos infiéis”. Esta é a fé da Igreja desde seus primeiros dias.

                Que é um “infiel”? Este adjetivo se refere evidentemente às noções de fé, fidelidade, confiança (na raiz de tudo, o termo latino “fides”). O infiel é alguém que se recusa a fiar, a confiar, a apostar na promessa de seu Senhor. No fundo, ele alimenta uma dúvida permanente: “Será? Será mesmo? E se não for verdade?...”

                Chegamos até o refinamento de adotar a conhecida “dúvida metódica”: em princípio nada é verdade, nada merece fé. Duvidar é próprio do sábio. Ora, esta atitude cética, embora pareça inteligente, acaba por fechar o coração à esperança. Não posso concordar com Machado de Assis, que chamou a esperança de “divina mentira, dando ao homem o dom de suportar o mundo”. Nosso Deus, que se apresenta como o Deus da Verdade, jamais seria capaz de mentir a seu povo.

                Após des-confiar de Deus, a pessoa humana já não confiará nos pais e nos mestres. Dificilmente refreará seus impulsos de destruição ou de fruição imediata, à espera de um bem futuro que deveria ser alimentado pela confiança.

                Claro, o inimigo do homem sabe trabalhar neste espaço da dúvida, um chiaroscuro do cérebro humano, e semear sempre novas sementes de desconfiança. Ele já o fizera no Gênesis, ao sugerir ao primeiro casal que o Criador teria intenções ocultas que estavam por trás da única proibição: a da árvore da ciência do bem e do mal.

                Não devemos admirar que a bandeira amarga no niilismo se agite sobre os parlamentos, as academias e mesmo sobre os templos, pois não há nada a esperar – dizem seus corifeus.

                Voz cada vez mais isolada, o salmista fiel ainda repete: “Espero no Senhor, minha alma espera na sua palavra”. (Sl 130,5)

 

Orai sem cessar: “És tu, Senhor, a minha esperança!” (Sl 71,5)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

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