Roteiros Pastorais Homilética
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21/09/2021 Dom Emanuel Messias de Oliveira Edição 3940 26º DOMINGO COMUM - 26/9/2021
F/ Pixabay
"'Pequeninos' são os que creem. 'Escandalizar' significa conduzir alguém ao pecado, à perda da fé, ao descompromisso com o Messias libertador."

26º DOMINGO COMUM - 26/9/2021

 1ª LEITURA - Nm 11,25-29

 O Contexto

O capítulo 11 do livro dos Números nos mostra o povo a caminho com suas queixas e reclamações. Moisés já está esgotado, à beira da estafa, sente-se sozinho e prefere a morte. É nesse contexto que Javé manda Moisés escolher 70 anciãos ou 70 representantes do povo para partilhar a liderança com eles. Assim, Moisés não ficará sozinho na direção desse povo exigente e rebelde.

Javé partilha o espírito profético de Moisés ( v. 25)

Para isso Javé desceu na nuvem sobre a tenda da reunião, ao redor da qual os 70 anciãos estavam. Aí Javé falou com Moisés e separou uma parte do espírito profético que Moisés possuía e a colocou nos 70 anciãos. Então todos começaram a profetizar, por um tempo.

Não se pode monopolizar o espírito (vv. 26-29)

Eldad e Medad estavam também na lista, mas não tinham ido à tenda, não estavam fazendo, portanto, parte da instituição dos 70. Mas o espírito pousa também sobre eles e começam igualmente a profetizar no meio do povo. Quem pode monopolizar o espírito de Javé? Josué pede a Moisés para proibi-los. E aqui vem o grande ensinamento de Moisés: “Você está com ciúme por mim? Oxalá todo o povo de Javé fosse profeta e recebesse o espírito de Javé”. Este desejo profético de Moisés vai ser anunciado pelo profeta Joel (3,1-2) e vai realizar-se plenamente no Pentecostes cristão (cf. At 2).

 2ª  LEITURA - Tg 5,1-6

Tiago condena os ricos com veemência profética. Suas palavras se aproximam das palavras do profeta Amós. Basta conferir Am 5,10-13 e 6,1-7.

Com que termos Tiago condena os ricos?  (vv.1-3)

Suas expressões são terríveis: “comecem a chorar e a gritar”. Os ricos vão ficar desesperados com as desgraças que cairão sobre eles. A traça e a ferrugem consumirão seus bens. O fogo lhes devorará a carne. O desmoronamento do império dos ricos servirá de testemunho contra eles no fim dos tempos. O v. 5b sintetiza a sorte dos latifundiários, comparando-os a bois de engorda: “Vocês estão ficando gordos para o dia da matança”.

Por que tanta veemência? A riqueza é pecado?

O pressuposto é que a base da riqueza é imposta. Os ricos amontoaram egoisticamente, ao invés de partilhar. Com o v. 4 ficamos sabendo que estes ricos são latifundiários. Eles são injustos, pois eles retêm, eles roubam o salário dos seus ceifeiros. Eles ficam cada vez mais ricos à custa dos pobres, que ficam cada vez mais pobres. Esse salário lesado é que clama contra eles. Os protestos dos cortadores chegam aos ouvidos do Senhor dos exércitos. Eles não apenas retêm o salário violando a lei (cf. Dt 24,14). Não apenas acumulam para o luxo egoístico, mas também condenam os justos empobrecidos e lesados nos tribunais, subornando os juízes e deixando os justos, embora justos, sem defesa. Como ajudar os pobres para não morrerem de fome e como libertar os ricos da condenação eterna? Os pobres só podemos ajudá-los organizando-os; os ricos só se salvarão com a partilha.

 EVANGELHO - Mc 9,38-43.45.47-48

O nome de Jesus não é monopólio da Igreja católica (vv. 38-40)

É curiosa a autoridade dos discípulos. Um homem expulsava demônios em nome de Jesus e os discípulos o proíbem. Eles se acham donos do nome de Jesus. Será por quê? Excesso de zelo ou elevado grau de ciúme? É discípulo de Jesus quem está associado a um grupo que traz o seu nome ou quem faz o que Jesus fazia? Os discípulos um pouco antes não conseguiam expulsar um demônio (cf. 9,14-29) por falta de oração. Em seguida discutiam ambiciosamente quem seria o maior no grupo (cf. 9,33-37): quer dizer, os discípulos não tinham aprendido ainda quase nada do mestre, mas mesmo assim já se acham donos de Jesus. O ensinamento de Jesus ainda é atual: não podemos monopolizar o seu nome. Quem faz o que Jesus fez está ao lado dele. Oxalá todo o mundo pudesse se empenhar como Jesus o fez na libertação do ser humano.

Importância da partilha e da solidariedade (v. 41)

Jesus garante recompensa para quem der um copo de água aos discípulos, porque eles são de Cristo. O primeiro ensinamento é a partilha e ajuda mesmo nas coisas mais insignificantes. O que vale um copo de água? O gesto de doar, partilhar, acolher é muito mais valioso que o conteúdo da doação. O segundo ensinamento está na motivação do gesto: “Pelo fato de vocês serem de Cristo”. O texto não fala serem de “Jesus”, mas de “Cristo”. Cristo = Messias: é uma referência à realização das promessas salvíficas de Deus anunciadas no Primeiro Testamento. O Cristo, Ungido ou Messias tinha essa missão libertadora usando a expressão “de Cristo” o evangelista quer fazer alusão à missão de Jesus. Jesus está a caminho de Jerusalém, onde dará a vida para a libertação dos homens. Essa é sua missão. Talvez estivesse atravessando a Samaria (cf. 9,30-10,1). Samaritano negava água a judeu que passando pela Samaria estivesse se dirigindo a Jerusalém. Neste contexto dar um copo de água tem grande significado político e libertador: significa comprometer-se a cooperar com a missão libertadora de Jesus e seus discípulos.

É preciso cortar o mal pela raiz (vv. 42-48)

“Pequeninos” são os que creem.  “Escandalizar” significa conduzir alguém ao pecado, à perda da fé, ao descompromisso com o Messias libertador.

Jesus cita três membros do corpo (mão, pé e olho) com três sentenças simbólicas igualmente construídas, mostrando o contraste entre o entrar na vida, ou no Reino de Deus, e ser jogado na geena (= lugar onde se queima o lixo da cidade e onde o fogo estava sempre aceso, símbolo da destruição e do castigo futuro). Mão que executa as ações, pé que conduz e olho que cobiça eram a sede dos impulsos pecaminosos e da concupiscência. Com estas três sentenças, Jesus nos ensina a salvar nossa vida através do domínio da cobiça e da ganância. Ele nos ensina a romper radicalmente com tudo o que conduz ao pecado, ou seja, a cortar o mal pela raiz.

 Dom Emanuel Messias de Oliveira - Bispo diocesano de Caratinga

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