5º Domingo da Quaresma - 29/03/2020

“Que acreditem que tu me enviaste.” (Jo 11, 42c)

Leituras: Ez 37,12-14; Sl 129[130]; Rm 8,8-11; Jo 11,1-45

1. Vou abrir vossos túmulos. Na visão de Ezequiel, os ossos no vale simbolizam a consciência que o povo judeu estava tendo de si mesmo no exílio babilônico. Eles diziam: "Nossos ossos estão secos e nossa esperança se foi. Para nós tudo acabou". Deus mostra ao profeta um vale cheio de ossos e, depois, manda o profeta profetizar para que aqueles ossos se ajuntem, se cubram de nervos, criem carne, se revistam de pele e sejam penetrados pelo espírito. E surgiu um grande exército.

Com esta visão simbólica, Deus quer levantar o ânimo do povo desanimado e sem esperança de vida. Deus, por meio do profeta, promete abrir os túmulos do seu povo, revesti-lo do seu espírito, fazê-lo reviver e reconduzi-lo à terra de Israel. Aí, o povo ficará sabendo que a palavra de Deus é verdadeira e eficaz. Deus cumpre o que promete.

2. O Espírito dá a vida. O trecho da Carta aos Romanos insiste que não estamos mais sob o domínio dos instintos egoístas, mas sob o domínio do Espírito. Viver sob o domínio dos instintos egoístas é viver a vida desagradando a Deus ao sabor dos instintos. É viver segundo a carne, ou seja, voltado apenas para si mesmo, fazendo-se centro do mundo.

Já viver segundo o Espírito é reconhecer a importância do nosso batismo, reconhecer que o Espírito de Deus habita em nós, que Cristo está em nós e nosso corpo está morto por causa do pecado, mas, ao mesmo tempo, reconhecer que o Espírito é vida por causa da justiça. Viver segundo o Espírito é viver a vida de Jesus, que veio para servir e não para ser servido. Viver segundo o Espírito é acreditar que o Pai, que ressuscitou Jesus dos mortos, dará também vida a nossos corpos mortais, por meio do seu Espírito, que habita em nós.

3. De volta à vida. Neste Evangelho, estamos diante de um sinal que aponta para a ressurreição de Jesus. Ele quer levar a comunidade à profissão de fé em Jesus como ressurreição e vida. A família de Lázaro, Marta e Maria representa a comunidade triste, desanimada e morta por falta de fé em Jesus. Toda a família era amiga de Jesus. O texto diz expressamente que Jesus os amava. Mas Lázaro adoece e morre. Ele é o símbolo de uma comunidade sem fé, que vai adoecendo e aos poucos perdendo a esperança de vida até achar que não tem mais jeito: "Senhor, já está cheirando mal. Faz quatro dias..." (v. 39.) Mas a fé supera a morte.

Jesus convida a comunidade a desamarrar "Lázaro", ou seja, libertar-se das amarras da inatividade, da falta de fé e da morte e começar vida nova. No fundo não se trata de uma ressurreição, mas de uma revivificação. Acreditar na ressurreição não é crer que ressuscitaremos para a vida presente, mas acreditar no presente que a vida continua; acreditar que a morte de um irmão não deve abalar a vida de uma comunidade de fé.

Quem tem fé acredita num retorno para o futuro de Deus, não para o presente do homem. Depois da ressurreição não retornaremos à vida física para morrermos de novo, mas ressuscitaremos para a vida eterna, definitiva.

Marta simboliza resquícios de vida na comunidade que precisa crescer na fé. Sua fé ainda é de iniciante. Ela acredita na ressurreição do último dia. Acredita no Messias, mas precisa ter a fé cristã de que Jesus é ressurreição e vida, aqui e agora. Maria pode representar o desânimo total. Enquanto Marta vai ao encontro de Jesus, "Maria, porém, ficou sentada em casa" (v. 20). Depois, ela vai ao encontro de Jesus, mas vai chorando.

Leituras da semana

dia 30: Dn 13,41c-62; Sl 22[23],1-3a.3b-4.5.6; Jo 8,1-11

dia 31: Nm 21,4-9; Sl 101[102],2-3.16-18.19-21; Jo 8,21-30

dia 1º: Dn 3,14-20.24.49a.91-92.95; (Sl) Cant. Dn 3,52.53-54.55.56; Jo 8,31-42

dia 2: Gn 17,3-9; Sl 104[105],4-5.6-7.8-9; Jo 8,51-59

dia 3: Jr 20,10-13; Sl 17[18],2-3a.3bc-4.5-6.7; Jo 10,31-42

dia 4: Ez 37,21-28; (Sl) Cant. Jr 31,10.11-12ab.13; Jo 11,45-56