Para realizar o trabalho catequético com eficiência e para que o grupo de catequistas funcione bem, é preciso que haja uma boa coordenação. A coordenação supõe uma equipe organizadora/articuladora.
A palavra coordenação vem do latim “co-ordinatione”. Ordinatione significa dispor segundo certa ordem, organizar, arranjar. Portanto, coordenação seria organizar o conjunto, por em ordem o desordenado. É uma ação de cooperação, uma ação de “corresponsabilidade entre os iguais”. Uma das finalidades da coordenação é criar relações, facilitar a participação, desenvolver a sociabilidade, levar a cooperação e corresponsabilidade. O essencial é criar relacionamento, motivar a renovação, aprender a fazer equipe.
Coordenar é integrar, animar, avaliar, revisar, celebrar, incentivar a caminhada da catequese. Não há receitas! A missão do(a) coordenador(a) é a de encontrar um jeito de ir, sem esquemas complexos, à vida dos catequistas na animação, na formação, no relacionamento humano-afetivo, na escuta, no diálogo, na organização, na busca de novos passos, na espiritualidade, na comunicação aos catequistas, pais e comunidades, das decisões de reuniões, assembleias, encontros de setores, foranias, regiões, diocese.
Coordenar é articular: Um coordenador nunca poderá trabalhar sozinho. É preciso partilhar o compromisso. Fazer companheiros, fazer discípulos. Hoje não se fala só em coordenador, mas numa equipe de coordenação. Uma equipe que não acumula funções e centraliza o trabalho, mas uma equipe que divide tarefas. Pertencer a uma equipe de coordenação não é um cargo, mas um serviço, um modo de ser e de testemunhar.
É preciso reforçar isso: A coordenação é um ministério, um serviço. Integra as forças vivas da catequese (catequistas, pároco, pais, catequizandos, pastorais) através de ações concretas. É um serviço de animação.
A equipe deve ser eleita entre os membros do grupo de catequistas da paróquia. Para ser coordenador(a) é preciso ter liderança, saber trabalhar em grupo, ter experiência de catequese, ter feito algum curso básico para catequista e outros cursos de aprofundamento. Deve-se ao escolher a equipe de coordenação estipular o tempo no serviço deste ministério. Durante o período determinado da coordenação é importante avalia-la, preparar outras pessoas para assumir futuramente a coordenação e ter senso de desprendimento, pois não é cargo para status, mas serviço para a comunhão.
A equipe de coordenação pode integrar pessoas por áreas. Em algumas comunidades também pais, líderes de grupos de jovens, responsáveis pela pastoral do batismo e dos noivos integram a equipe de coordenação. O mínimo de uma coordenação paroquial de catequese é contar com catequistas coordenadores que trabalham nas diversas etapas: crianças, adolescentes, jovens e adultos.
Além do contato com os catequizandos e com os catequistas, é de grande importância um bom relacionamento com o pároco. Às vezes, o pároco faz parte da equipe coordenadora, mas na maioria dos casos não é assim.
Por parte da coordenação deve haver uma procura de diálogo com o pároco, manter constantemente contato com ele e pô-lo a par dos principais acontecimentos da catequese. Procure-se também estabelecer contatos entre eles, os catequizandos e seus pais. É necessário sentar juntos, de vez em quando, para uma boa avaliação da catequese num ambiente de comunhão fraterna. Tais encontros já devem entrar no planejamento do trabalho catequético.
A coordenação deve se preocupar com alguns aspectos muito importantes a respeito de si mesma. Antes de exigir determinadas atitudes dos catequistas, ela mesma deve se questionar.
Diálogo: Atitude de Jesus com os discípulos de Emaús (Lc 24, 13-45). Os membros da coordenação, e mais ainda o(a) coordenador(a), não podem ser autoritários, impondo suas ideias e decisões. A coordenação dever saber escutar, ouvir os catequistas, aprender com eles, dialogar. Uma atitude autoritária afasta os catequistas, os desvaloriza e é uma das razões que os leva a não continuarem na catequese. Sempre pensamos que a rotatividade de catequistas é culpa deles mesmos e das circunstâncias da vida de cada um. Mas, será que a coordenação já se perguntou e procurou saber se ela não terá uma parcela de culpa?
Compreensão e Sensibilidade: A coordenação deve ter a capacidade de compreender, entender os limites, as situações existenciais, familiares e vitais dos catequistas, dos pais, dos catequizandos e dos próprios membros da equipe de coordenação.
A coordenação deve ser amiga, afetiva e carinhosa. Faz parte da catequese a sensibilidade para com o outro, a capacidade de apreciar, de reconhecer os valores, de demonstrar isso de alguma forma e de criar relações profundamente humanas. Os laços verdadeiros gerados na catequese favorece um ambiente caloroso onde o catequista goste e empreenda seus melhores esforços para esta missão.
Paciência: A coordenação precisa aprender a ter paciência com o grupo de catequistas, catequizandos, pais. Esperar que o grupo aprenda com os erros, que caminhe... O coordenador não deixa de ser catequista. Pelo contrário, deve ainda mais perceber que todos tem seu tempo de amadurecimento e que isso exige um olhar afetuoso, paciente e acolhedor.
Solidariedade: Uma das expressões evangélicas e humanas que unem as pessoas é a solidariedade e o apoio. Solidariedade ao que sofre, que erra, que passa por dificuldades familiares, existenciais. A presença na dor, na morte de familiares, nos fracassos, mas também nas alegrias, nas festas, nas celebrações, é muito importante.
A primeira preocupação da coordenação é com os catequistas novos, jovens, os mais carentes, os que têm dificuldade de entender, de transmitir. É bom lembrar que um dia também nós iniciamos, e foi o apoio, carinho e paciência do grupo de catequistas que nos fez crescer.
Grupo aberto: A Equipe de coordenação não pode ser um grupo fechado em si mesma. Ela caminha junto, faz-se presença, não busca “nome, nem privilégios”. É um grupo aberto, receptivo, que se renova constantemente. Não é uma equipe que se considera superior aos outros. A superioridade distancia, impede a proximidade, dificulta o diálogo e a participação. Ninguém gosta de ficar ao lado de alguém que se julga superior.
Saber partilhar: Numa equipe de coordenação não pode haver mentalidade de competição e de prestígio. Onde há competição, o ambiente sofre as consequências. Onde há partilha, há espaço para todos. “Entre vós, quem quer ser o primeiro seja aquele que serve”! Eu vos dei o exemplo: lavei os vossos pés”(Jo 13,1-15).
Fonte: catequesehoje.org.br