“Com alegria tirareis água das fontes da salvação.” (Is 12,3)
Deus é a fonte de onde brotam todas as graças e bênçãos. Ao falar da fartura dos tempos messiânicos – vinho brotando das serras e leite a escorrer das colinas -, o profeta Joel anuncia: “Junto à Casa do Senhor brotará uma fonte que vai irrigar o vale das acácias” (Jl 4,18). Para o habitante de regiões áridas, nenhum bem pode superar uma nascente de água. Muitas localidades receberam seu nome de uma nascente (cf. Ez 47,10), tal como a aldeia onde Isabel recebeu a visita de Maria (Lc 1,39), identificada como Ain Karim, a fonte de Karim.
Na história de Israel, a intervenção divina em favor do povo aparece muitas vezes ligadas à uma fonte que brotava miraculosamente (Sl 78,15-16) ou tinha suas águas saneadas (2Rs 2,19-22).
No livro de Zacarias, lemos uma profecia que aponta diretamente para o Salvador como fonte de salvação: “Naquele dia haverá para a casa de Davi e para os habitantes de Jerusalém uma fonte aberta, para lavar o pecado e a mancha”. (Zc 13,1) A imagem é ainda mais impressionante se for aproximada do versículo 6: “E se lhe disserem: ‘Que são essas feridas em teu peito?’, ele responderá: ‘Aquelas que recebi na casa de meus amigos’.” Os Padres da Igreja, natural, logo ligaram esta profecia à ferida de Jesus no Calvário: “Um dos soldados traspassou-lhe o lado com a lança e imediatamente saiu sangue e água”. (Jo 19,14)
Os artistas cristãos, em seus afrescos e mosaicos, certamente apoiados no Sl 42, representam as almas fiéis como cervos a beber em uma fonte, o próprio Cristo. Aparece na liturgia medieval outra imagem próxima: a figura do pelicano [Pie Pelicane, Iesu Domine...] que, segundo a lenda, arrancaria sangue com bicadas, do próprio peito, para alimentar os filhotes.
A maioria dos templos cristãos primitivos foram construídos em um local onde brotava uma fonte. Ainda podem ser vistas, nas criptas do subsolo desses edifícios, as piscinas onde os catecúmenos eram mergulhados na água batismal. Pedro, na 1ª Carta, alude às águas do dilúvio como um antítipo do Batismo, contrapondo um afogamento mortal e um afogamento vital (cf. 1Pd 3,20-21).
Só Deus pode saciar a sede da humanidade. Ele mesmo é a fonte das águas (Jo 7,37), gratuitamente oferecida para todos nós (Ap 21,6).
Alguns textos bíblicos: Gn 8,2; Ex 17,6; Sl 87,7; Ez 47,1Ap 7,17.
(Do livro “Uma voz na nuvem – Símbolos da Bíblia” – Ed. Cultor de Livros – S. Paulo, 2021)
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