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28/09/2023 Antônio Carlos Santini   Edição 3963 A hipótese negada
F/ Space - reprodução
"Não é o ateísmo que chama a minha atenção. É o ateu. Ou melhor, aquele homem que se diz ateu. O indivíduo que chega a redigir Dez antimandamentos para afirmar que o homem basta a si mesmo e não precisa de Deus."

 

Anos atrás, fui convidado a dar uma palestra na Universidade de Viçosa, MG. O tema proposto foi “fé e razão”. Naquela ocasião, alguém me informou que existia na Universidade um grupo que se dedicava ao estudo do “ateísmo científico”.

Diverti-me demais com o fato. Afinal, toda ciência trabalha exclusivamente com dois métodos: a observação e a experimentação. Poderiam os microscópios e os telescópios observar alguma coisa além da matéria, alguém como o Ser puramente espiritual que conhecemos como Deus? E como iriam experimentar no acanhamento dos laboratórios aquele Ser que é maior que o próprio Cosmo?

Daí, penso eu, entre os passarinhos que cantam no meu quintal, o pretendido “estudo” murchava em seu nascedouro.

O ateísmo é um fenômeno moderno. Durante séculos, o homem viveu em clima de muitos deuses, desde o Olimpo até Babilônia. A partir de Abraão, o politeísmo cedera às luzes da visão fulgurante do Deus único, que permanece vivo entre os seguidores do judaísmo, do islamismo e do cristianismo. Só recentemente brotou entre os cardos do deserto racionalista a nova religião do ateísmo, que chegou a ser adotada como base para algumas Constituições do Ocidente e alimentou as fornalhas do comunismo de Estado.

Mas não é o ateísmo que chama a minha atenção. É o ateu. Ou melhor, aquele homem que se diz ateu. O indivíduo que chega a redigir Dez Antimandamentos para afirmar que o homem basta a si mesmo e não precisa de Deus. E ainda tem a petulância de apoiar seus Antimandamentos em uma visão “científica” da realidade.

Ora, o cientista verdadeiro – deveria dizer o cientista “honesto”? -, em seu itinerário entre os mésons e as nebulosas, sempre trabalha com hipóteses. Estas são examinadas, avaliadas, testadas e, eventualmente, eliminadas, em busca de algo realmente verificável. Não digo “verdadeiro”, porque muitos cientistas chegam ao ponto de negar a existência de qualquer verdade definitiva.

Tal honestidade nem sempre é conservada em seu trabalho. Por exemplo, no regime soviético, a ciência se adaptou ao ateísmo de Estado, de modo que os “dissidentes” eram impedidos de pensar e atuar de modo autenticamente científico. Já os que aderiam à política oficial tinham plena liberdade para publicar absurdos científicos. Também no regime nazista do III Reich, em nome de uma ciência ateísta, permitiu-se todo tipo de absurdo e desumanidade em seus experimentos.

Ora, não há nada menos científico que negar uma hipótese antes de examiná-la e legá-la ao ostracismo. Deus existe? Se admitimos a hipótese – procedimento absolutamente científico -, devemos examinar os testemunhos e a vida daqueles homens e mulheres que afirmam a existência de Deus. Aqueles que conviveram com Deus, conversaram com Ele, ouviram sua voz e – meu Deus! que absurdo! – fizeram milagres em seu nome...

Para eliminar esta hipótese, serei obrigado a tachar de loucos e mentirosos todos aqueles que experimentaram Deus em suas vidas. E para examinar cientificamente a mesma hipótese, ainda me resta um caminho honesto: dobrar os joelhos e rezar: - “Deus, se tu existes, vem me convencer de tua existência!”

E – como em toda experiência científica – aguardar o tempo de reação...

 

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