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29/03/2024 Antônio Carlos Santini Edição 3969 A quem procurais? (Jo 18,1 -19,42) - 29/03/2024
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"Por que procurar Jesus hoje? Alguns buscam consolo. Ou anestesia. Outros buscam por um modelo de reformador social. Ou por um mestre de filosofia. Poucos o procuram para compartilhar de sua cruz..."

 29/03/2024 – A quem procurais? (Jo 18,1 -19,42)

            É o momento da prisão de Jesus de Nazaré, que culminará em um processo injusto e distorcido, uma torrente de covardias e mentiras, traições e abandono, torturas e zombarias e, enfim, a morte cruenta em uma cruz – o suplício reservado para os escravos e os grandes criminosos.

            Jesus acaba de passar por sua agonia (palavra grega que significa luta, combate), em sofrimentos tão agudos, que chega a suar sangue pelos poros (cf. Lc 22,44 – palavras escritas por um médico). E sofreu tudo sozinho, pois os amigos dormiam...

            Aproxima-se agora, à luz de tochas e lanternas, o pelotão de soldados para prendê-lo. E Jesus se expõe e pergunta: “A quem procurais?” Pergunta semelhante à de Jo 1,27, feita a dois de seus futuros apóstolos: “Que procurais?” E em ambas, este verbo essencial à nossa relação com Cristo.

            Sim, o homem é um ser que vive à procura. Não falo apenas dos garimpeiros, dos pesquisadores, dos filósofos. Existe no coração do homem um anseio de encontrar algo que lhe dê sentido. Algo sólido e durável. Algo que anime a esperança. Algo pelo qual valha a pena viver e morrer.

            Neste Evangelho, os guardas saem na noite escura à procura de Jesus para o prender, condenar e matar. As multidões buscavam por ele: “Senhor, todos te procuram!” (Mc 1,37)

Certo dia, a Mãe de Jesus lhe disse: “Teu pai e eu estávamos ansiosos à tua procura!” E o jovem respondeu: “Por que me procuráveis?” (Lc 2,48-49) Em questão, o motivo da procura.

            Por que procurar Jesus hoje? Alguns buscam consolo. Ou anestesia. Outros buscam por um modelo de reformador social. Ou por um mestre de filosofia. Poucos o procuram para compartilhar de sua cruz...

            Teresa Benedita da Cruz escreve: “O Crucificado nos olha e nos pergunta se continuamos prontos a sustentar aquilo que lhe prometemos em uma hora de graça. E ele tem certa razão em nos perguntar. Mais do que nunca, a Cruz é hoje um sinal de contradição. Os partidários do Anticristo a ultrajam com um ódio bem pior que o dos persas, que outrora a tinham roubado. Eles profanam as imagens da Cruz e se esforçam por todos os meios para arrancar a cruz dos cristãos, mesmo daqueles que fizeram o voto de carregar a Cruz no seguimento de Cristo”.

            Em plena Semana Santa, Jesus nos repete a mesma pergunta: “A quem procurais?” O Cristo do Tabor, nimbado de glória, ou o Cristo do Calvário, com os cravos e a coroa de espinhos? Enquanto não nos decidirmos a este respeito, nossa procura pode ser inteiramente inútil...

Orai sem cessar: “Senhor, nunca abandonas os que te buscam...” (Sl 9,10)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

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