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22/10/2019 Diac. Frt. Matheus Garbazza, SDN Edição 3916 A santificação do tempo
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"É difícil encontrar o que deve ser eixo para a vida, aquilo que permanecerá. As celebrações litúrgicas, com seus variados tempos, permitem-nos encontrar o caminho seguro que conduz ao encontro maravilhoso com Deus"

A santificação do tempo

Diác. Frt. Matheus R. Garbazza, SDN

 

A Liturgia da Palavra da sexta-feira da 17ª Semana do Tempo Comum apresenta para nossa meditação uma coleção de textos retirados do capítulo 23 do livro de Levítico. Ali, o próprio Senhor confia a Moisés uma lista de festas e solenidades que o povo deve observar em honra daquele que o libertou. São as comemorações próprias do povo judeu ao longo do ano, com uma fina descrição das motivações e dos ritos a serem observados.

Na tradição cristã, celebramos a memória de Jesus Cristo, sua encarnação, morte e ressurreição. O Verbo Encarnado é a medida do culto, com seu único e suficiente sacrifício. Mas, da herança de Israel, recebemos a compreensão de que é preciso marcar o tempo com os sinais divinos, para que a lembrança das ações do Senhor em favor de seu povo não se apague de nossa existência. Em outras palavras, é preciso santificar o tempo!

 

Memória e santidade

O antigo provérbio já dizia que “o que não é visto, não é lembrado; o que não é lembrado, é esquecido”. Podemos aplicar a mesma lógica ao relacionamento com Deus. Embora devamos nos aproximar da presença do Senhor em todos os instantes (a espiritualidade do cotidiano), nossa condição humana pede tempos fortes nos quais a memória dos feitos divinos se faça presente.

Tal memória não pode ser apenas intelectual ou afetiva, atingindo-nos meramente no pensamento ou no sentimento. Ela vai marcando o decorrer do tempo, auxiliando-nos a perceber os fatos e os acontecimentos com os olhos de Deus. A memória transforma-se em um modo de vida. Comunica-nos a graça divina a fim de que a caminhada cristã nesse mundo se faça em harmonia com os ensinamentos de Nosso Senhor.

De fato, assim nos assegura o Concílio Vaticano II: “Com esta recordação dos mistérios da Redenção, a Igreja oferece aos fiéis as riquezas das obras e merecimentos do seu Senhor, a ponto de os tornar como que presentes a todo o tempo, para que os fiéis, em contato com eles, se encham de graça” (Sacrosanctum Concilium, 102).

 

Tudo a seu tempo

O mundo de hoje atinge a todos com suas características de rapidez e fluidez. A velocidade dos eventos e das informações, aliada à facilidade dos meios de comunicação, faz com que poucas coisas sejam tidas como certas e duradouras. Temos menos tempo para gastar com as coisas singelas e belas da vida. Ao mesmo tempo nunca se produziu tanto: músicas, arte, cinema, séries... É difícil encontrar o que deve ser eixo para a vida, aquilo que permanecerá. As celebrações litúrgicas, com seus variados tempos, permitem-nos encontrar o caminho seguro que conduz ao encontro maravilhoso com Deus, criador e sustentador de tudo o que existe, aquele que é a essência verdadeira do ser.

Por isso é tão importante aprender a saborear o tempo da liturgia: ao longo do ano, da semana, do dia. Esse lento aprendizado, que deve ser valorizado também no prolongamento daquilo que celebramos, nos ajudará a ter aquele olhar de fé que permite dar significado novo e santo a tudo o que acontece. Pouco a pouco, aquele que crê passa a perceber a presença de Deus em todos os momentos, santificando cada instante da história.

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