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20/04/2023 Luis Miguel Modino Edição 3957 Análise de conjuntura social: “Ação, concreta, responsável e ética, que una a todos em torno de nosso futuro”
F/ By L M Modino
"A análise, apresentada por Dom Francisco Lima, parte da ideia da dificuldade de realizá-la em um momento histórico “em que as transformações, possivelmente, estão maisvelozes que a nossa própria percepção”, e quer ser um instrumento que ajude na vivência dos próximos passos da CNBB. "

Abordar os grandes desafios da sociedade brasileira tem sido o propósito da análise de conjuntura social apresentada aos bispos no primeiro dia da 60ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), que está sendo realizada em Aparecida de 19 a 28 de abril de 2023.

Elaborada pelo Grupo de Análise de Conjuntura da CNBB – Padre Thierry Linard, a análise, apresentada por Dom Francisco Lima, parte da ideia da dificuldade de realizá-la em um momento histórico “em que as transformações, possivelmente, estão maisvelozes que a nossa própria percepção”, e quer ser um instrumento que ajude na vivência dos próximos passos da CNBB. O início de 2023 é visto como “uma espécie de kairós, em uma conjuntura que se apresentou com diversos ecomplexos elementos logo após as eleições nacionais de outubro”, o que se concretizou em “estratégias de resistência ante a mudança no Poder Executivo”, buscando “tentar mudar a realidade eleitoral” fora da Constituição, o que foi combatido pelo PoderJudiciário, chegando em um ponto final em que “a democracia foi vitoriosa!”.

O texto relata as diversas posições dentro das Forças Armadas, a cooptação por parte de setores radicalizados das Polícias Militares de muitos Estados e a PolíciaRodoviária Federal, a saída do país do Ex-presidente,ou o ataque aos poderes da República no domingo 8 de janeiro de 2023, por adeptos mais radicais do “bolsonarismo”, visto como “uma articulação de forças empresariais,financeiras, políticas e sociais”. Diante dessa realidade, os analistas afirmam que “o governo Lula está posto,mas ainda não está totalmente composto!”, um governo que iniciou seu mandato com umcaráter popular, com a presença na posse do Presidente da República de “homens e mulheres carregados de histórias e lutas”.

O mundo está marcado por incertezas, pelo que o Papa Francisco define como “uma guerra mundial em pedaços”, que está conduzindo ao “parto deum outro mundo multipolar”, com tensões surgidas dos mesmosvelhos motivos: economia, território, tecnologia e terror. Isso num mundo determinado pela desigualdade social, pelo aumento da imigração, pela crise da democracia representativa, o incremento das tecnologias digitais, o recrudescimento de governos autocráticose de movimentos autoritários cada vez mais atuantes, a partir de estratégias de desinformação, com eleições polarizadas e sociedades divididas. Tudo isso repercute na realidade latino-americana, que é analisada, mostrando um olhar sobre como o processo eleitoral brasileiro de 2022 impactou no reordenamentogeopolítico global e regional.

O texto apresenta os grandes desafios brasileiros, no campo da economia, marcado pela financeirização, o neoliberalismo e o lucro financeiro, que se contrapõe à “deterioração dos serviços públicos essenciais oferecidos a parcelas imensas do povo brasileiro”; no campo da política, abordando a questão da governabilidade e governança pública e a atual realidade política que o Brasil vive, analisando os passos que estão sendo dados entre os diferentes poderes da República.

No campo da política foi refletido sobre sua relação com a religião, mostrando como uma questão crucial o uso da religião “para a manipulação político-eleitoral oupara a difusão de discursos de ódio e fake News”, inclusive para a ascensão da extrema-direita. Do mesmo modo, foi refletido sobre a militarismo e sua relação com a política, que incide na democracia e aumenta as polarizações.

No campo da sociedade e da cultura, a análise de conjuntura social reflete sobre o drama da desigualdade social e racial, consequência das “muitas e severassequelas da crise econômica causada pela pandemia”, que levou 33,1 milhões de pessoas a passar fome no Brasil, ao aumento de jovens que nem estudam, nem trabalham, a um maior endividamento da população, com um racismo estrutural e cotidiano que machuca o tecido social brasileiro. No mesmo campo, o drama socioambiental e cuidado com a Casa Comum, destacando a determinação do governo Lula na reconstrução da agenda ambiental brasileira. Isso tem se concretizado numa maior valorização dos povos indígenas, com a criação do Ministério dos PovosIndígenas e ações estratégicas e integradas para o combate ao desmatamento, e a mineração.

A análise aborda a questão do desarmamento e a cultura da paz frente às violências, com o novo governo enfrentando desde o primeiro dia da política de incentivo ao armamento da população, uma urgência diante dos ataques às escolas nos últimos dias. Também foi abordada a crise do pertencimento e o problema das identidades, insistindo em que “parece ter-se perdido a referência da comunidade”.

Finalmente, a análise apresentou sinais dos tempos e de esperança, destacando os resultados do diálogo do governo federal com os outros poderes, o protagonismo dos movimentos sociais e o respeito aos conselhos de controle social, o multilateralismo nas relações internacionais. Diante disso se destaca a importância da formação política, da educação, vendo como uma urgência um grande projeto de pacificação nacional. Para isso, “o nosso mais importante sinal é o da ação, concreta, responsável eética, que una a todos em torno de nosso futuro. A maior esperança é esperançar-nos todos osdias e em todas as circunstâncias. Sem medo, pois a esperança é a nossa coragem!”.

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