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08/08/2020 Dom Emanuel Messias de Oliveira Edição 3927 ASSUNÇÃO DE NOSSA SENHORA - 16/08/20
F/ Aletea
"Maria, a nova Arca da Aliança"

 ASSUNÇÃO DE NOSSA  SENHORA - 16/08/20

 

1ª   LEITURA  - Ap 11,19a; 12,1.3-6a.10ab

O Templo de Deus se abriu; no céu aparece a Arca da Aliança. É Deus que se manifesta, pois, céu, Templo e Arca da Aliança são lugares clássicos da presença de Deus. Os relâmpagos, vozes, trovões, etc., são também linguagem clássica para expressar que Deus aparece, para dizer algo importante ao homem. O que Deus fala? Deus fala através de Jesus Cristo que, apesar da fantástica  aparência e força do mal, a vitória pertence ao bem. As estruturas de morte conseguem até mesmo matar o Filho de Deus, mas, na realidade, a ressurreição mostra a glória do mal e a vitória de Jesus, da mulher, das comunidades. Tudo isso é mostrado através de dois sinais.

 

1º Sinal - Uma mulher pronta para dar à luz

Ela está vestida  como o sol. É a proteção de Deus e seu envolvimento na esfera do divino. É a comunidade antecipadamente vitoriosa em Maria. A lua  está sob seus pés - ela já possui a eternidade de Deus. Tem uma coroa de 12 estrelas na cabeça. A coroa representa a vitória. Ela é uma rainha vitoriosa, simbolizando a vitória do povo de Deus - 12 estrelas (as 12 tribos de Israel e os 12 apóstolos). Quem é essa mulher? Os símbolos carregam sempre várias possibilidades de interpretação. É Eva, a mãe da humanidade (Gn 3,15-16). E, mais ainda, a nova Eva, gerando a humanidade nova. É o povo de Deus do Antigo Testamento, gerando o povo de Deus do Novo Testamento. É Sião-Jerusalém, esposa de Deus. É a Mãe de Jesus. É a Comunidade-Igreja, que lendo o Apocalipse percebe-se perseguida por causa da sua missão de gerar Jesus para o mundo. Naturalmente,  a Liturgia lê hoje este sinal visando a Mãe de Jesus, que com seu filho, antecipa a glória de todos os sus filhos.

 

2º Sinal - Um dragão cor de fogo

Tem cor de fogo - é o mal, o fogo destruidor. Sete cabeças e sete diademas. Ele exerce um grande poder maléfico como reino do mal. Dez chifres - símbolo da sua grande força, grande, porém, limitada ( o nº 10). Sua cauda arrasta um terço das estrelas do céu. De novo seu poder, mas limitado - um terço apenas - sua força destruidora não é total. A pretensão do dragão é devorar o Filho que vai nascer. O que acontece, na verdade? O v. 5 resume todo o mistério da vida de Cristo, da encarnação à glorificação. Jesus, nosso Senhor e Rei, nasceu, viveu e morreu, mas sua morte é a vitória sobre a força do mal, que é todo o tipo de perversidade encarnada no dragão. Deus de fato ressuscitou seu Filho e o elevou ao céu, de onde ele reina. E a mulher? Primeiro, o texto mostrou seu desígnio glorioso no céu ( Festa da Assunção); depois mostra a continuidade da luta (deserto) da mulher-comunidade cristã, mas sempre sob a proteção de Deus (refúgio). O v. 10 já antecipa a ressurreição de Jesus, a vitória final da comunidade cristã, apesar da forte aparência da vitória do mal. Jesus reina, e com ele as comunidades cristãs. A ressurreição (ascensão de Jesus) e o destino glorioso de Maria (assunção)  são antecipações - primárias da nossa vitória com Cristo.

 

2ª  LEITURA - 1Cor 15,20-27a

O capítulo 15 da 1Cor é uma demonstração da ressurreição de Cristo, mistério de difícil aceitação na cultura grega de Corinto. O trecho de hoje apresenta dois argumentos.

 

  1. a) Com Adão - a morte, com Jesus - a vida.

Paulo quer mostrar que assim como por Adão veio  morte para todo o homem, assim como por Cristo vem a ressurreição dos mortos para todos. Como vimos, na primeira leitura, o mal é sempre vistoso e aparente, enquanto o bem quase não aparece. É só na fé que a gente o enxerga. Vemos a morte, mas acreditamos na ressurreição. A ressurreição é o fundamento, a base sem a qual a nossa fé desmorona. Primícias são os primeiros frutos que garantem a qualidade  do resto da colheita. O texto diz que "Jesus Cristo ressuscitou dos mortos como primícias dos que adormeceram". Quer dizer: Primeiro ele ressuscitou, depois nós ressuscitaremos.

 

  1. b) A vitória sobre o mal e sobre a morte.

Apesar de toda a aparência, a vitória final é de Cristo, que já a antecipou com sua ressurreição. Quando Cristo vier será o desfecho final. Ele destruirá todos os instrumentos de morte (Principado, Autoridade, Poder). O último inimigo a ser destruído será a morte. Matando a morte, só restará a vida, um reino de vida, que Cristo colocará nas mãos do Pai. Sabemos pela fé que, na sua cruz, Cristo venceu a morte e, na sua ressurreição, ele antecipou (primícias) a vitória final da ressurreição de todos. Por Cristo, com Cristo em Cristo continuamos na luta já com a certeza da vitória. Mas a hora e o dia do desfecho final é decisão do Pai (cf. Mc 13,32).

 

EVANGELHO - Lc 1,39-56

Lucas quer apresentar nos dois primeiros capítulos do seu evangelho não uma leitura histórica, mas uma releitura teológica da infância de Jesus a partir da fé da comunidade na sua morte e ressurreição. Em outras palavras, o evangelista projeta na infância de Jesus a fé amadurecida da comunidade a respeito de Nosso Senhor Jesus Cristo.

 

Primeira parte - A visita de Maria a Isabel.

Logo depois da anunciação do anjo, logo depois do seu sim radical a Deus, Maria impulsionada pelo amor - doação, vai prestar ajuda a sua parenta - ali acontecem dois encontros maravilhosos de pessoas cheias do Espírito Santo. O primeiro encontro é o de Maria com Isabel. À saudação da mãe do Messias-Salvador, responde com inspiração divina a mãe do precursor do Messias.  A primeira parte é: "Ave Maria, cheia de graça, o Senhor é contigo". Através de Isabel, Deus nos ensina a segunda parte: "bendita és tu entre as mulheres, e bendito é o fruto do teu ventre". "A Santa Maria..." é acrescentada pela Igreja. Maria é a Mãe de Deus. Ela é santa, bem-aventurada, feliz, por causa da sua fé na Palavra de Deus. A presença de Maria, com Jesus no seu seio, gera o estremecimento de alegria de João Batista no ventre de Isabel. É o segundo encontro, um encontro misterioso do precursor João Batista com o Salvador Jesus, antes mesmo de serem dados à luz. Por serem lâmpada (o primeiro - cf. Jo 5,35) e luz (o segundo - cf. Jo 1,9) o brilho deles já transparece de modo misterioso.

 

Segunda parte - O "Magnificat".

Todo aquele intercâmbio de vida, todo aquele diálogo de amor, à luz do Espírito Santo, leva Maria a um canto de ação de graças e de louvor, inspirado no canto de Ana, a mãe de Samuel (cf. Sm 2,1-10). É que tanto lá como aqui se realimenta a esperança dos pobres por uma intervenção de Deus Salvador. Jesus, de fato, significa Deus salva.

A primeira parte do canto (vv. 46-49) apresenta o louvor e a santificação do nome de Deus por parte de Maria. Na verdade, Deus pôs seu olhar sobre aquela humilde jovem de Nazaré, fazendo grandes coisas em seu favor. Deus exalta sua humildade, de tal modo que todas as gerações têm a obrigação  de chamar a Mãe de Deus de bem-aventurada, ou seja, de Santa.

Este canto, que Lucas colocou nos lábios de Maria, relembra o que Deus fez em Maria, a serva do Senhor, mas recorda também o que Deus fez pelos pobres através de Jesus. Ele inverte as falsas situações humanas no campo religioso, político e social. No campo religioso (vv. 50-51), sua misericórdia perdura para sempre para os que o temem. Aos que não o temem - os orgulhosos - Ele dispersou com a força do seu braço. No campo político (v. 52), Ele derrubou do trono os poderosos. Quanto aos humildes, submissos e oprimidos, Ele os exaltou. No campo social (v. 53), Ele cumulou de bens a famintos e despediu ricos de mãos vazias. Jesus é a misericórdia de Deus em ação, trazendo vida para todos, restaurando a fraternidade entre os filhos de Deus.

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