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28/10/2023 Dom Emanuel Messias de Oliveira Edição 3964 Carta Pastoral a todo o povo de Deus da Diocese de Caratinga-MG
F/ site Diocese de Caratinga
"Escutar o que diz o Espírito por meio até mesmo os que são calados pela sociedade requer uma conversão pastoral profunda de todos nós e uma reflexão honesta de nossas ações. O mais importante não é este ou aquele movimento, esta ou aquela pastoral, mas o que une a todos, a pessoa de nosso Senhor Jesus Cristo com a missão que Ele nos deixou. Ele é a unidade da Igreja, seu Corpo Místico. "

Primeiramente quero expressar minha gratidão a todo povo de Deus presente na Diocese de Caratinga. Nestes 108 anos de história, quantas experiências bonitas fizemos, leigos e leigas, religiosos e religiosas, padres e bispos que deram a vida pela evangelização na formação de comunidades. Nossa Diocese, com toda esta história, superou desafios e se mostrou fiel aos apelos de Cristo.
Quero agora lançar o meu olhar de Pastor para a sinodalidade diocesana de Caratinga. Vejo que o “Corpo Eclesial” com as Associações, Movimentos, Grupos e Pastorais fazem um lindo trabalho. Mesmo com todos os desafios da pandemia, Covid 19 e suas consequências, as atividades evangelizadoras não foram paralisadas. Não posso fechar os olhos aos inúmeros desafios de ontem e de hoje, mas vejo um futuro maravilhoso para a nossa Igreja: a sinodalidade de nossa Diocese se fortalecendo na escuta fraterna, gerando comunhão, participação e missão.
Escutar: primeiramente somos chamados a escutar os apelos do Espírito Santo, pois é Ele quem nos ajuda a compreender as Escrituras, ilumina e dinamiza a missão como afirma o autor do livro do Apocalipse: “Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às Igrejas” (Ap 2,7). É aqui que quero chamar a nossa atenção para acentuar as nossas forças em prol do Evangelho. Cristo é o centro e a Ele todos estamos ligados pela graça do Santo Batismo, como pedras vivas, raça eleita, sacerdócio régio, nação santa (cf.1Pd 2,5-9). Nossa missão passa, primeiramente pela nossa conversão pessoal, só assim poderemos avançar na direção de uma “conversão pastoral de nossas comunidades que exige ir além de uma pastoral de mera conservação para uma pastoral decididamente missionária” (DAp, 370).
Escutar o que diz o Espírito por meio até mesmo os que são calados pela sociedade requer uma conversão pastoral profunda de todos nós e uma reflexão honesta de nossas ações. O mais importante não é este ou aquele movimento, esta ou aquela pastoral, mas o que une a todos, a pessoa de nosso Senhor Jesus Cristo com a missão que Ele nos deixou. Ele é a unidade da Igreja, seu Corpo Místico. Assim, não há ninguém maior que ninguém, todos estamos a serviço do mesmo Cristo, como afirma o Apóstolo Paulo: “Vós sois o corpo de Cristo e sois os seus membros” (1Cor 12, 27). Por isso, como corpo, cada membro tem uma função e esta função coopera com o todo. Se um membro sofre, todo corpo sofre, se os membros do corpo estão saudáveis, todo corpo está saudável. Assim nem um membro pode se achar mais importante do que o outro, pois todos cooperam de modo integral para o bem do corpo inteiro, a Igreja.

Discernir: Como afirma o documento da Comissão Teológica Internacional, o diálogo sinodal implica a coragem tanto no falar, quanto no escutar. Não se trata de se engajar em um debate no qual um procura sobrepor os outros ou rebater as suas posições com argumentos contundentes, mas de expressar com respeito aquilo que se percebe em consciência sugerido pelo Espírito Santo como útil em vista do discernimento comunitário, abertos a acolher aquilo que nas disposições dos outros é sugerido pelo mesmo Espírito “para o bem comum” (1Cor 12,7) (CTI, 110 – 111).
Comunhão, participação e missão: Enquanto Igreja Diocesana Sinodal não há outro caminho a não ser o da escuta que leva ao discernimento e daí a comunhão, a participação e a missão. Parafraseando Papa Francisco em seu discurso inaugural da primeira seção do sínodo, cada Pastoral, Movimento e Associação “tem as suas particularidades, mas estas particularidades tem que ser inseridas na sinfonia da Igreja e esta sinfonia verdadeira é o Espírito que faz”. A comunhão é fruto de uma escuta constante no discernimento do Espírito. Aliás, o respeito e a obediência nascem da escuta gerando comunhão com todo o povo de Deus, a começar pelo Papa. Comunhão é a expressão de uma Igreja com múltiplos dons e carismas e todos a serviço do bem comum, participando da dinâmica missionária da Igreja. Sem a comunhão não existe participação na missão porque cada um fará sozinho aquilo que acha ser melhor, defendendo o seu movimento, o seu grupo e a sua pastoral, impondo-o como modelo para a Igreja. Com isso perde a comunhão com o Corpo Eclesial, ferindo a comunhão adoece a comunidade, pois, pode fazer nascer as competições, maculando, profundamente, a Igreja de Cristo.
Neste espírito de sinodalidade, nos alegramos pelo caminho percorrido até aqui e neste momento, onde vai se aproximando o fim do ano, é sempre bom fazermos uma avaliação dos nossos trabalhos e projetarmos nossas ações. Pensando nas assembleias paroquiais que estão por acontecer, quero convidar a todos para uma verdadeira experiência de sinodalidade: pastorais, movimentos, grupos e associações não devem ficar de fora de uma verdadeira reflexão sinodal para que daí possam, à luz da Palavra e da escuta do Espírito Santo, protagonista da Igreja Sinodal, discernir e propor os trabalhos para o ano de 2024. Encorajo a todos a sermos uma Diocese Igreja Sinodal, a revisitarem o IX Plano Diocesano de Pastoral e o seu Encarte, bem como as diretrizes do Papa Francisco para nossa Igreja. Um bom desempenho missionário é precedido por um bom planejamento. Que todas as nossas paróquias possam realizar um planejamento paroquial fecundo, capaz de gerar muitos frutos em vista do Reino de Deus.
Que São João Batista, luz que arde e ilumina, interceda a Deus por todos nós a fim de cumprimos, com alegria, nossa missão profética.

+ Emanuel Messias de Oliveira
Bispo Diocesano de Caratinga

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