Formação Leigos
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15/03/2022 Denilson Mariano Edição 3945 CF 2022 Agir: iniciar, promover processos
F/ Jesuitas Equador
"Não podemos esquecer que a educação é o caminho que nos permite amadurecer de forma integral, que nos humaniza e nos abre caminhos para a fraternidade universal. A Igreja compreende a educação como um direito universal, seja na infância, na juventude ou na vida adulta, afim de que a pessoa humana possa desenvolver suas capacidades e possa melhor colaborar para o bem da sociedade."

 

A Campanha da Fraternidade 2022 (CF 2022) segue os passos do método ver-julgar-agir em nova roupagem, explicitada pelo Papa Francisco como escutar, discernir, agir. Depois de tratar do eixo da escuta e do discernir, seguimos com dimensão do agir. A Campanha nos permite olhar para Jesus como quem inicia e promove a missão no mundo.

 Iniciar, promover processos

O Papa Francisco, na Evangelii Gaudium, nº 222, nos apresenta um princípio que ilumina o agir desta CF 2022: “O tempo é superior ao espaço”. Com este princípio ele nos aponta que iniciar é promover processos é mais fecundo e transformador que uma decisão pontual tomada de cima para baixo. “Este princípio permite trabalhar a longo prazo, sem a obsessão pelos resultados imediatos [...] é ocupar-se mais com iniciar processos do que possuir espaços. [...] Trata-se de privilegiar as ações que geram novos dinamismos na sociedade e comprometem outras pessoas e grupos que os desenvolverão até frutificar em acontecimentos históricos importantes. Sem ansiedade, mas com convicções claras e tenazes” (EG 222).

Neste sentido, retomando a iluminação bíblica, logo após a ressurreição, Jesus se encontra com os discípulos na Galileia, lugar em que tinha iniciado sua caminhada educativa com os discípulos (cf. Mt 28,16-20). A pedagogia de reconduzir os discípulos à Galileia é indicativa de iniciar um novo processo missionário. Os discípulos, com a força do Ressuscitado, são feitos continuadores da missão de Jesus. Isto não está isento de dificuldades, veja que, mesmo na presença de Jesus, alguns duvidam, têm medo... (Mt 28,17). No entanto, Jesus mantém a sua aposta nos discípulos, se aproxima e, com autoridade, lhes confia a missão de fazer novos discípulos, por meio do batismo, ou seja do ser e viver em comunidade e do colocar em prática, viver, o que Ele ensinou. E lhes garante que eles não estariam sozinhos nesta missão.

Os discípulos tiveram de se decidir missionariamente. Isto revela que seguir Jesus, não é apenas aprender algo bonito sobre Ele, seguimento implica recriar seu jeito de ser e de agir e decidir-se a formar novos missionários. A Campanha da Fraternidade nos convida a discernir os desafios da realidade educativa para encontrarmos propostas capazes de superar as dificuldades que enfraquecem a qualidade da educação em todos os âmbitos, como nos mostra o Texto Base desta CF 2022 (TB 141). Somos convocados pela Igreja a discernir o caminho para uma educação que nos conduza ao humanismo solidário. Recuperar o melhor do ser humano na busca da de viver a solidariedade em todos os campos de nossa vida (TB 142).

 Família e escola, eixos do processo educativo

A família é o primeiro espaço para a formação de discípulos missionários. É o primeiro lugar da educação para a fé e da iniciação à vida cristã, na Igreja doméstica (LG, n. 11). O espaço familiar se estende para a comunidade eclesial que é “família de famílias”. “Assim, a convivência familiar se torna o lugar do maior aprendizado que toca o profundo do nosso ser: experimentamos a cruz de Cristo nas crises mais profundas em nossos lares, mas também a graça da sua redenção quando o amor de Cristo renova uma família através da reconciliação, do perdão e da vida eclesial” (TB 181).

Mas isso não dispensa a presença nas escolas: “Os pais necessitam também da escola para assegurar uma instrução de base aos seus filhos, mas a formação moral deles nunca a podem delegar totalmente. O desenvolvimento afetivo e ético de uma pessoa requer uma experiência fundamental: crer que os próprios pais são dignos de confiança” (Amoris Laetitia, 24; TB 182). É na família que se projeta a virtude de perseverar nos bons propósitos em vista do cuidado das futuras gerações: “A promoção de uma autêntica e madura comunhão de pessoas na família torna-se a primeira e insubstituível escola de sociabilidade, exemplo e estímulo para as mais amplas relações comunitárias na mira do respeito, da justiça, do diálogo, do amor” (TB 185).

Não podemos esquecer que a educação é o caminho que nos permite amadurecer de forma integral, que nos humaniza e nos abre caminhos para a fraternidade universal. A Igreja compreende a educação como um direito universal, seja na infância, na juventude ou na vida adulta, afim de que a pessoa humana possa desenvolver suas capacidades e possa melhor colaborar para o bem da sociedade: “Ao direito inalienável a uma educação digna, corresponde, da parte da sociedade, uma obrigação, também fundamental, de propiciar os meios necessários para que tal direito democrático seja concretizado para todos”. Nesse sentido, “o Estado, administrador dos recursos que recebe da sociedade, deve providenciar, de modo equitativo, a distribuição dos meios que possam garantir o maior rendimento para a efetivação do direito de todos ao acesso à educação” (TB 187).

A família é a primeira responsável no processo educativo, mas não é a única “Uma educação para todos requer que todos – família, escola, sociedade – estejam pactuados para oferecer os melhores esforços para formar pessoas maduras e com responsabilidade na construção do bem comum.” (TB 190). E ainda, “as famílias constituem-se como sujeito fundamental da ação missionária da Igreja, lugar da iniciação à vida cristã” (TB 201).

 Critérios para uma educação cristã

O Papa Francisco atualiza os critérios para uma educação autenticamente cristã por meio dos compromissos indicados no Pacto Educativo Global: 1º colocar no centro de cada processo educativo – formal e informal – a pessoa; 2º ouvir a voz das crianças, dos adolescentes e jovens; 3º favorecer a plena participação das meninas e dos jovens na instrução; 4º ver na família o primeiro e indispensável sujeito educador; 5º educar e educarmo-nos para o acolhimento; 6º empenhar-nos no estudo para encontrar outras formas de compreender a economia, a política, o crescimento e o progresso, na perspectiva de uma ecologia integral; 7 º guardar e cultivar a nossa casa comum protegendo-a da exploração de seus recursos.

O Texto Base (nº 256 a 267) aponta uma serie de iniciativas que podem iluminar ou dar pistas para o agir concreto a partir desta CF 2022. Esta CF vem em boa hora, aponta muitas pistas, pede a colaboração e o empenho de cada um de nós, há muito a ser feito, mãos à obra, com muita sabedoria e amor.

Para aprofundamento: Qual o gesto concreto que vamos assumir a partir desta CF 2022?

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