Ir. Afonso Murad
Cada evangelista, inspirado pelo Espírito Santo, apresenta a pessoa e a missão de Jesus de maneira própria, considerando a vivência da fé na comunidade onde participa. Mateus, cobrador de impostos, se tornou seguidor de Jesus. Sua comunidade era constituída em grande parte por judeus convertidos ao cristianismo. Ele mostra que o Nazareno é o ungido de Deus, o messias esperado pelo povo que realiza as promessas de Deus. O novo Moisés, que substitui a lei antiga pelas Bem-Aventuranças e o sermão da Montanha (Mt 5-7).
Na narração da infância de Jesus, Mateus destaca a figura de José, mais do que Maria. José recebe o anúncio do anjo de que sua noiva concebeu do Espírito Santo; e então a acolhe humildemente como sua esposa (Mt 1,18-24). Ele faz um gesto desprendido de adotar Jesus como seu filho (Mt 1,16). Desde o começo, Jesus é rejeitado pelos poderosos de seu tempo. Os chefes dos sacerdotes de Jerusalém “ficam abalados”, mas nem se mexem para visitar o messias (Mt 2,3-4). Herodes, o rei estrangeiro que domina a nação em nome dos romanos, quer eliminá-lo e ordena a matança de muitas crianças (Mt 2,13). Frente a tanta indiferença e violência, aparecem os reis magos. São eles que saem de sua terra para visitar o menino Jesus.
José protege sua mulher e cuida de seu filho. Como um homem atento e providente, foge da Palestina com eles para evitar o assassinato de Jesus bebê (Mt 2,13-14). Tempos depois, volta com Maria e o menino para Nazaré da Galileia (Mt 2,21-22). Podemos imaginar o amor que envolve José, Maria e Jesus. Há carinho, atenção e cuidado entre Maria e José, companheiros fiéis por toda a vida. Há afeto para Jesus, dando-lhe as condições biológicas e afetivas para ele se desenvolver. Maria e José viveram juntos a missão de educar Jesus. Ensinaram-lhe a falar, a andar, a amar e ser amado. Para Mateus, Maria é a companheira de José e a mãe de Jesus. E cumpre um importante papel no início de sua vida.
Quando Jesus se torna adulto, José provavelmente já havia morrido. Então, Jesus deixa sua família e seus parentes e parte em missão. O início não foi fácil, e devem ter surgido conflitos com os parentes. E há motivos. Para anunciar o Reino de Deus com liberdade, Jesus começa uma nova família. Não mais aquela ligada aos laços de sangue, mas sim a de seus seguidores, que se empenham em realizar a vontade do Pai (Mt 12,46-50). Como Maria reagiu a esta atitude de Jesus? Como ela percebeu que o Jesus adulto, mestre das multidões e messias do Novo Povo de Deus, pedia uma outra forma de presença? Essa pergunta será respondida por Lucas. É assunto dos nossos próximos artigos na Revista de Aparecida.
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