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15/09/2023 Luis Miguel Modino - CELAM Edição 3963 Conscientizar sobre a realidade da migração -Cardeal Ramazzini Fala do novo presidente na VI Assembleia da Rede CLAMOR
F/ L M Modino
"Estar juntos nos encoraja a perceber que somente na unidade de esforço e compromisso teremos a força, dada sem dúvida pelo Senhor Jesus, para enfrentar esse problema". A realidade do tráfico de pessoas "é uma realidade que machuca, que ultraja, que nos envergonha quando sabemos que há pessoas envolvidas que dizem acreditar em nosso Senhor Jesus Cristo, mas para quem o mais importante é ganhar dinheiro, e ganhar dinheiro às custas do sofrimento de muitas mulheres."

A sede do Conselho Episcopal Latino-Americano e do Caribe (Celam), sediou a VI Assembleia Geral da Rede CLAMOR, realizada de 12 a 14 de setembro de 2023, em Bogotá. Um encontro inspirado nas palavras do profeta Isaías, também presentes no atual processo sinodal: "Alarga o espaço de tua tenda".

Analisando a realidade e respondendo

Uma oportunidade para analisar os novos cenários da realidade migratória na América Latina, identificando seus principais desafios para 2024. Junto com isso, aprofundar os fundamentos doutrinários e a espiritualidade do trabalho pastoral na área da mobilidade humana forçada. Também foi uma oportunidade para avaliar os avanços e as dificuldades das Redes Nacionais CLAMOR e identificar ações para fortalecê-las ou criá-las, conforme o caso.

A VI Assembleia da Rede CLAMOR foi um momento para compartilhar as ações e processos realizados desde junho de 2022 e apresentar as diversas ferramentas pastorais desenvolvidas, bem como lançar as bases para o Plano Operacional Anual 2023-2024. Foi um espaço para celebrar o dom da fraternidade e a alegria de caminhar juntos tecendo uma rede.

A assembleia começou com um momento de espiritualidade, que deu lugar a uma análise da realidade a partir de diferentes perspectivas, também com a voz dos próprios migrantes, aspectos que foram aprofundados nas oficinas realizadas.

Cardeal Ramazzini, novo presidente

Durante a assembleia, foi eleita a nova presidência, na qual o Cardeal Álvaro Ramazzini, bispo de Huehuetenango (Guatemala), será o novo presidente. De acordo com o cardeal, "a Rede Clamor nasceu como uma resposta a todos os gritos de tantas pessoas que têm a ver com um problema muito sério, o problema do tráfico de pessoas". Segundo seu novo presidente, que sucede a Dom Gustavo Rodríguez Vega, Arcebispo de Yucatán (México), recentemente eleito presidente da Cáritas América Latina e Caribe, "na Rede Clamor também temos a missão de conscientizar sobre a realidade da migração que afeta tantos latino-americanos, em toda a América Latina e Caribe".

Fazendo um balanço da assembleia, que considera muito frutífera, o Cardeal Ramazzini destacou a análise da realidade e a revisão do que devem fazer como "rede de organizações que estão envolvidas na questão da migração, do tráfico de pessoas, das pessoas que tiveram que deixar seu país por motivos de perseguição política". Em suas palavras, o bispo de Huehuetenango enfatizou a necessidade de abordar toda a questão do "tráfico de menores que são usados para a prostituição, a fim de reafirmar uma posição muito clara da Igreja Católica e de todos nós que nos consideramos cristãos diante desses fenômenos que têm a ver com a mobilidade humana".

Necessidade de união de esforços

O cardeal guatemalteco insistiu na importância de que "estar juntos nos encoraja a perceber que somente na unidade de esforço e compromisso teremos a força, dada sem dúvida pelo Senhor Jesus, para enfrentar esse problema". A realidade do tráfico de pessoas "é uma realidade que machuca, que ultraja, que nos envergonha quando sabemos que há pessoas envolvidas que dizem acreditar em nosso Senhor Jesus Cristo, mas para quem o mais importante é ganhar dinheiro, e ganhar dinheiro às custas do sofrimento de muitas mulheres". O cardeal enfatizou que "o tráfico humano agora não se trata apenas de mulheres, mas também do tráfico de crianças que são usadas para satisfazer as perversões sexuais de pessoas que pensam que, com seu dinheiro, podem fazer o que quiserem".

Por essa razão, ele enfatizou que "é uma realidade que não pode passar despercebida por aqueles que querem ter uma consciência cristã sensível". Por isso, denunciou que "em nível das comunidades de fiéis católicos, essas questões são mencionadas, mas não encontramos nenhuma receptividade por parte dos fiéis, parece que eles têm medo, parece que querem fazer a coisa do avestruz, colocar a cabeça na areia para não perceber os problemas que existem". Daí a importância de um encontro que "encorajou aqueles de nós que participaram a não perder esse ímpeto de luta, de esforço, que inclui a conscientização de todas as pessoas com as quais nos relacionamos em nossas comunidades". Ele espera que "as conclusões sejam recebidas de forma muito favorável em termos de conscientização sobre esse problema".

Criação da Comissão sobre Tráfico de Pessoas

Na mesma linha do novo presidente, Irmã Rose Bertoldo enfatiza que foi "uma assembleia de estudo sobre a realidade e também tomar mais consciência dessa realidade da migração forçada no continente e poder perceber essa realidade do tráfico de pessoas em suas diversas modalidades, que infelizmente tem crescido muito nas diversas regiões do continente”.

Irmã Rose Bertoldo destaca a criação da Comissão sobre Tráfico Humano, da qual foi eleita coordenadora. Uma realidade que até agora "não era prioridade dentro da Rede Clamor", insistiu. Segundo ela, que conhece profundamente essa problemática pelo seu trabalho na Rede um Grito pela Vida, "isso contribuirá muito para fortalecer as redes que que já trabalham no enfrentamento ao tráfico de pessoas, as redes da América Latina e do Caribe. Também fazer com que o tema, a pauta do tráfico de pessoas seja uma prioridade no trabalho de atenção a migrantes e refugiados, o que até então não era muito priorizado”.

A partir do estudo do documento que foi elaborado para esta assembleia, a religiosa afirmou que "foi trazido muito presente esse grande clamor da necessidade de trabalhar a visibilização do tráfico de pessoas, como também se fazer a partir das casas de migrantes, dos lugares onde se acolhem migrantes, e de outros espaços esse trabalho de prevenção ao tráfico de pessoas, uma vez que muitos dos migrantes acabam sendo vítimas do tráfico de pessoas”.

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