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01/12/2022 Antônio Carlos Santini   Edição 3954 Da arte de traduzir
F/ DMS 2022
"Traduzir é pura arte. Não admira que os “programas” de tradução disponíveis no mundo cibernético ainda sejam absoluto fracasso. Imagine a máquina diante da escolha entre as nuanças de recusar, rejeitar ou repelir..."

 

Traduzir é pura arte. Não admira que os “programas” de tradução disponíveis no mundo cibernético ainda sejam absoluto fracasso. Imagine a máquina diante da escolha entre as nuanças de recusar, rejeitar ou repelir...

Neste momento, simultaneamente, estou revisando uma tradução tenebrosa (do francês ao português) e me deliciando com outra tradução absolutamente virtuosa que a amiga Margarida Hulshof fez do livro de Daniel-Rops, “Jesus em seu tempo” (Cultor de livros, 2022).

Comecemos pelo fel. O tradutor do primeiro livro – cujo título a discrição me impede de citar – chega a traduzir “Livro de Jó” por “livro do trabalho” (claro, arrastado pelo inglês “job”). Duas ou três vezes, ele traduz “múmia” em lugar de “mamãe”. Confunde “exortar” com “odiar”. Cita a Carta de James, quando todos conhecem o apóstolo Tiago. E ao falar da presença de Jesus em nossa vida, traduz: “Ele nunca nos deixará em paz”... Só que o original é: “Ele nunca nos deixará sozinhos”. Depois de tantas traições, estes exemplos justificam o refrão italiano: “traduttori, traditori”.

Agora, vamos ao mel. O trabalho de Margarida Hulshof na versão do francês ao português (Jesus em seu tempo) é muito mais que tradução: é literatura de primeira qualidade. Seu texto leve, fluido e ritmado confirma o que sempre pensei: nosso idioma – o português do Brasil – é uma ferramenta de trabalho extremamente rica de recursos e possibilidades.

Mesmo admitindo que o texto original já fosse rico por natureza (Daniel-Rops, premiado pela Academia Francesa, foi romancista antes de historiador), o produto final em português tem um sabor especial. Margarida deixa claro que ela faz da tradução uma degustação. O resultado é saboroso.

Em tempo, seu trabalho devia servir de remédio para essa multidão de especialistas que escrevem textos acadêmicos que deviam seguir direito para o IML, onde seriam alvo da mais atenta necropsia. Serei mais claro: textos sem alma, sem vida, contaminados pelo jargão de sua disciplina e, claro, pavorosos ao sabor. E por isso mesmo, sem leitores...

Obrigado, Margarida! Cheguei apenas à página 100, mas sei que a mesa será farta...

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