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24/07/2023 Dom Guilherme Antonio Werlangg Edição 3961 Deixar-se levar pelas ondas ou assumir o leme da vida e da fé Bispo de Lajes, SC, no XV Intereclesial das CEBs - Rondonópolis MT
F/ Jakson Moreira
"Só quem tem a ousadia, a coragem de nadar contra a correnteza, contra as ondas bravias que querem engolir todos e tudo, só quem tem coragem de reagir aos ufanismos, à fama, grandeza, e não se transformar em uma igreja “Maria vai com as outras” será fiel a Jesus Cristo. "

Entre tantas palavras proféticas que escutei no 15º Intereclesial das CEBs, concluído no sábado, dia 22 de julho, em Rondonópolis, MT, uma, dentre tantas outras, que me chamou muita atenção e me fez refletir e olhar sobre minha caminhada de pessoa e na Igreja foi: “Só um corpo morto segue a correnteza, é necessário estar vivo para contrariá-la”.

Originalmente esta frase foi dita por Gilbert Keith Chesterton. Ele foi um popular ensaísta, romancista, contista, teólogo amador, dramaturgo, jornalista, palestrante, biógrafo, e crítico de arte inglês, nascido em 29 de maio de 1874 e morreu em 14 de junho de 1936.

Comunidades Eclesiais vivas e proféticas

No 15º das CEBs fomos chamados a tomar consciência de sermos Comunidades Eclesiais vivas e proféticas, mesmo sendo, muitas vezes, uma minoria em nossas paróquias ou dioceses. Mesmo quando lideranças pastorais, leigas ou do clero dizem que não as querem ou que já são coisas do passado e que hoje se guiam mais por Movimentos, Novenas ou eventos de arrebatamento que conseguem reunir centenas ou milhares de pessoas. As CEBs não são um “Corpo morto” na Igreja e por isso não podem deixar-se levar pela “correnteza” das ondas do triunfalismo ou da antiga cristandade, ou com o deseja de agradar.

Nesses tempos em que a humanidade em muitos lugares vive uma tendência de neofascismo, neoconservadorismo, de querer desenterrar coisas da antiga cristandade da Alta Idade Média, também invadiu parte significativa da nossa Igreja que em muitos lugares quer de volta uma Igreja triunfalista, cheia de brilhos, de privilégios, de altas posições sociais por parte de seus “príncipes de um clero carreirista” ao invés de Jesus SERVO do Lava-pés.

Muitos desejam novamente uma Igreja com o controle social e imposição. Uma Igreja que para manter privilégios fica submissa aos impérios e seus imperadores, e assim fica conchavada com os palácios e os palacianos. Para sermos fiéis ao Evangelho, por meio da IGREJA DAS COMUNIDADES ECLESIAIS DA BASE – CEBs – temos a OBRIGAÇÃO EVANGÉLICA E PROFÉTICA de continuar ser um corpo vivo e não permitir que nossa Igreja seja levada pela CORRENTEZA desse mundo moderno onde, ao invés de COMUNIDADE, muitos preferimos ser Igreja “MASSA NUMÉRICA”.

Renascer para a profecia de Jesus e de seu Evangelho

Hoje há, em muitos lugares, o desejo de ser uma Igreja mais de shows, imitando os grandes renomes de artistas, cantores e cantoras. Nós, enquanto membros de uma Igreja COMUNIDADE TEMOS QUE TER CONSCIÊNCIA, conforme nos apontava o Evangelho do domingo de ontem, de ser ser uma pequena semente de trigo ou de mostarda, ou ainda, apenas uma pequena porção de fermento na massa. Talvez, como nos diz o Evangelho da liturgia de hoje, tenhamos que ter a necessidade de ser uma Igreja que passe pela experiência do profeta Jonas. Este, quando na covardia e infidelidade à autêntica profecia, quis fugir de fazer as denúncias que Deus o mandara, para não desagradar os palácios. Por isso teve que ser engolido por um grande peixe e ficar em seu ventre por três dias, até a conversão e aceitar a missão de denunciar a opressão, as injustiças, e todo pecado da grande “cidade de Nínive”. Talvez nós também tenhamos que ser "engolidos" para perdermos a mania da grandeza e da tentação de agradar, para renascermos para a profecia de Jesus e de seu Evangelho.

As CEBs nunca poderão pensar em ser MASSA DE MULTIDÕES, mas PEQUENAS COMUNIDADES DE FÉ VIDA, DE COMPROMISSO TRANSFORMADOR. Eventos de “massas”, de milhares de pessoas, de arrebatamentos e delírios, de milagres podem até impressionar, porém, só quem tem a ousadia, a coragem de nadar contra a correnteza, contra as ondas bravias que querem engolir todos e tudo, só quem tem coragem de reagir aos ufanismos, à fama, grandeza, e não se transformar em uma igreja “Maria vai com as outras” será fiel a Jesus Cristo. Ele optou pelas periferias sociais e entregou sua vida para que as pessoas das periferias tivessem vida e vida boa e em abundância. Assim também devemos ser nós para sermos Igreja Cristã.

Nem na família, na política, na sociedade ou na Igreja podemos ser “MARIA VAI COM AS OUTRAS” porque uma das maiores motivações do comportamento “Maria vai com as outras” é o desejo de agradar terceiros e ser aceito por determinado grupo. Isso é ruim porque as outras pessoas devem gostar de nós por quem somos de verdade e não por quem tentamos demonstrar ser para agradar.

Quem se deixa levar pela correnteza das maiorias, é como um corpo morto ou um tronco já derrubado e sem vida e que é incapaz de reagir e lutar pela vida sua e dos outros. Nadar contra a correnteza nunca foi fácil, mas essa deve ser a atitude de quem deseja ser cristão ou cristã.

 

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