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07/05/2019 Denilson Mariano da Silva Edição 3911 Direito a ter direitos Editorial abril
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"“Eu quero o direito de ser criança e ter esperança de um mundo melhor”"

 

“Eu quero o direito de ser criança e ter esperança de um mundo melhor”. Muitos talvez ainda se lembrem do refrão desta música do Pe. Zezinho, SCJ. Ela volta à mente quando a violência ronda nossas mentes, casas, ruas, parques, escolas... No momento em que este editorial foi escrito, as redes sociais e a TV exploravam o fato ocorrido em Suzano, SP. Dois jovens entraram armados em uma escola, fizeram várias vítimas fatais, deixaram outros feridos e depois se mataram. Copiaram o que tem havido de pior nos Estados Unidos, a sede de matar... Tiraram o direito de ser criança, de ter esperança, o direito de um mundo melhor...

A violência cresce assustadoramente... Ela, que de certo modo já habita o ser humano, precisa ser trabalhada e canalizada para que não nos domine. Em nossos dias, infelizmente, ela é alimentada, cada vez mais, por uma apologia ao uso das armas e da força, como se fosse solução para os problemas. Essa apologia à violência ocupa exaustivamente as redes sociais, é veiculada nas músicas, nos programas e filmes da TV, nos jogos de videogames em suas formas mais variadas. O virtual e o real e misturam, destroem vidas, arrasam sonhos, espalham o caos na sociedade... Mas na vida real, não tem replay, não tem como voltar atrás... vem a morte, a dor, o choro, a agonia, o desespero...

O crescimento da violência se verifica nas ruas, com a intolerância e a discriminação de raça, de cor, de religião e também sexual... Ela também se apresenta de forma institucionalizada por meio dos subempregos e dos baixos salários, da falta de oportunidade para o estudo, pela violência no lar, pelo feminicídio, pela ação de pedófilos com o abuso de crianças e adolescentes, pelo trabalho escravo e o tráfico de órgãos...

A vida é ameaçada pelo avanço da mineração e sua barragens homicidas, pelo uso indeterminado e exagerado de agrotóxicos, pela devastação das matas, florestas e rios... A vida humana e a vida do planeta padecem uma situação de constante ameaça. Estamos perdendo o direito à vida, o direito à liberdade, o direito de ser criança, o direito de ser gente... Estamos perdendo o direito a ter direitos.

O direito à vida é o mais fundamental direito humano. Mas para garantir esse direito primeiro e fundamental, dependemos de que sejam reconhecidos o direito à saúde, à educação, à moradia, à liberdade, ao trabalho, ao lazer e, entre outros, o direito à previdência social que expressa o direito de uma velhice com dignidade.

Diante disso, na qualidade de cristãos, de seguidores de Jesus, não podemos fechar os olhos, muito menos cruzar os braços. Somos chamados a nos colocar do lado da defesa e da proteção da vida de todas as pessoas, a começar pelas mais ameaçadas. Também nós viemos ao mundo para que “todos tenham vida em abundância” (cf. Jo 10.10). Devemos trabalhar para implementar uma cultura da paz. A tal ponto da paz venha a ser o nosso jeito de ser e de viver. Também nós somos bem aventurados se tornamos promotores da paz, nisto se manifesta que somos filhos e filhas de Deus (cf. Mt 5,9).

Nossa prática eclesial como a participação na missa e nos sacramentos, nossos atos devocionais como as orações, a reza do terço, os encontros de louvor, entre outros, visam sustentar a nossa fé para nos colocarmos, de fato, a serviço da vida e da paz. Assuma sempre a defesa da vida, a defesa dos pequenos, dos pobres e sofredores, como nos aponta o Evangelho. Busque agir na justiça e no direito de forma solidária e humana na busca da promoção da paz. É a solidariedade humana, nascida da fé, que testemunha o nosso seguimento a Jesus (cf. Mt 25,31-45). O tempo quaresmal nos convida a uma mudança de vida, a uma verdadeira conversão. Lutar para garantir o direito a ter direitos, isso é sinal de conversão e de paz, é só pra começa conversa.

 

Denilson Mariano

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