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21/04/2023 Luis Miguel Modino Edição 3957 Eu aprendi muito com o povo da Amazônia, me alargou horizontes Entrevista com Dom Luiz Soares
F/ By L M Modino
"'Se vocês não tiverem um projeto para depois dessa vida de bispo diocesano, vocês vão ter problemas’, e graças a Deus, na minha vida, eu me preparei, tenho um projeto para essa época, e foi um período bom, tranquilo, diferente."

Os bispos eméritos vivenciam as assembleias da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil de um modo diferente. Um dos eméritos que participam da 60ª Assembleia Geral da CNBB é Dom Luiz Soares Vieira, arcebispo emérito de Manaus, que afirma que “antes a gente participava, votava. Nós podemos falar, temos alguns eméritos que estão falando, dando a sua opinião”. Dom Luiz destaca “esse ambiente de fraternidade, sentir-se irmão dos outros, isso é muito bom, ajuda bastante”.

“Preparar-se para sair”

Para alguém que é emérito desde 2013, “esse período de emérito é um período que precisa ser preparado”. Lembrando o período em que estava à frente da comissão dos bispos eméritos, o arcebispo emérito de Manaus disse que “eu me lembrava sempre de um documento do Papa Francisco que se chama ‘Preparar-se para sair’, e ele sempre dizia para os bispos: ‘vocês se preparem para sair, se vocês não tiverem um projeto para depois dessa vida de bispo diocesano, vocês vão ter problemas’, e graças a Deus, na minha vida, eu me preparei, tenho um projeto para essa época, e foi um período bom, tranquilo, diferente”.

Dom Luiz Soares disse que “a gente participa nas assembleias, mas não somos convidados”, lembrando que “pelo Direito Canônico, bispo emérito não pertence à conferência”. Diante disso, ele lembra que “nós tentamos várias vezes, inclusive Dom Angélico Sândalo propôs, e a conferência propôs também para o Papa, que houvesse uma mudança no Direito Canônico sobre a situação do bispo emérito, porque é interessante que nós podemos participar de Sínodo, e fazemos parte do episcopado a final de contas, e da Conferência não. Mas infelizmente, como se trata de problema da Igreja universal, não foi aceita essa proposta da Conferência”.

O arcebispo emérito ressalta em que “somos 120 bispos eméritos e os bispos que participam realmente são muito poucos, porque não sentem interesse, e é uma pena, porque a presença do bispo emérito numa assembleia como esta ajuda bastante, tanto à assembleia como também ao bispo emérito. Nós podemos levar muitas coisas do que está acontecendo na Igreja do Brasil, não podemos ficar alheios”.

“Na Amazônia, minha vida mudou”

Falando sobre as lembranças dos 21 anos em que foi arcebispo de Manaus, Dom Luiz diz que esse tempo “representa uma grande parcela da minha vida e foi um momento forte. Eu quando eu vim para a Amazônia, primeiramente para Macapá, fiquei sete anos e meio, depois fui para Manaus, e minha vida mudou, minha visão da Igreja, minha visão de pastoral, de evangelização, mudou bastante, eu aprendi muito, mas muito mesmo com o povo da Amazônia, me fez um bem imenso, me alargou horizontes”.

Dom Luiz insiste em que “antes eu era um padre muito fechado, e quando entrei nessa realidade, realmente me converteu. Hoje eu vejo o mundo, a Igreja, de uma maneira muito diferente do que a via antes de minha ida à Amazônia”. Ele afirma que “eu tenho muitas saudades, muitas saudades mesmo, lembro, agradecendo muito a Deus, do que aconteceu, rezo por Dom Leonardo, que agora é nosso arcebispo, e o bispo auxiliar, pela Arquidiocese de Manaus”. Finalmente, o arcebispo emérito disse que “eu sei que a vida da gente é essa, temos momentos e momentos, temos serviços e serviços. Eu vivi 21 anos servindo a Igreja de Manaus, agora continuo a servir, mas de outra maneira, nas minhas orações, meus pedidos a Deus para que tudo dê certo”.

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