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16/02/2020 Dom Paulo Mendes Peixoto Edição 3920 Fardo pesado
F/ Ids.org
"O sistema político brasileiro tem sido um verdadeiro palco de desonestidade..."

Arcebispo de Uberaba, MG

 Quando olhamos para as palavras proferidas por Jesus, vemos que elas são fundamentais para todas aquelas pessoas que enfrentam diversos tipos de sofrimentos na vida. Jesus disse: “Vinde a mim, vós todos que estais aflitos sob o fardo, e eu vos aliviarei”. (Mt 11,28.) Muitos fardos são impostos sobre as pessoas, e de formas muito desonestas, impedindo a qualidade de seu viver.

Olhando para as realidades do mundo todo, vemos as marcas violentas das práticas de injustiça, provocando sofrimento às pessoas. É até incontável o grande número dos empobrecidos e sofredores, em todos os lugares. Aí está o motivo pelo qual sofrem as consequências, realizando as grandes migrações. As pessoas estão sempre em busca de vida digna e melhor, sem fardos pesados.

Existe uma falta de sabedoria e de uma vontade realmente sincera para construir um mundo e uma sociedade melhores, e sabemos que isso é possível. A verdadeira sabedoria tem uma dimensão divina, e está voltada para a felicidade de todas as pessoas, mas o próprio homem a canaliza para objetivos contrários aos planos de Deus. Acabam criando fardos e sofrimento para o povo.

No Brasil, essa prática é muito comum. Poderíamos ter pobres com dignidade. O próprio Jesus, na sua palavra, disse: “pobres sempre tereis”. (Jo 12,8.) Ele não falou de empobrecidos, marginalizados, miseráveis e fragilizados diante da carga negativa que carregam. Pela riqueza e as possibilidades que o país tem, essa realidade não poderia estar acontecendo no volume que acontece.

O sistema político brasileiro tem sido um verdadeiro palco de desonestidade, tornando-se a fonte número um das desigualdades sociais. Tudo é direcionado para favorecer a quem já vive numa vida de grande conforto e de acúmulo. Revela a realidade de um país que não é capaz de partilhar, nem de colocar o acúmulo com função social. Grande parte dos políticos coloca peso sobre a população.

A prática, insistentemente pedida por Jesus nos Evangelhos, é outra. Isto aparece de forma clara na frase que Ele mesmo disse: “Dai a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus”. (Mc 12,17.) Isso significa dar aos pobres aquilo que é dos pobres, colocando os bens adquiridos e acumulados a serviço de uma cultura mais humana, justa e descentralizada.

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