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17/12/2020 Denilson Mariano da Silva Edição 3931 Na alegria da Evangelização Por ocasião dos 80 anos de João Resende, missionário sacramentino
F/ Arquivo O Lutador
"O Espírito suscita a linguagem capaz de traduzir conhecimentos e realidades profundas em elementos de fácil compreensão, permite traduzir os conceitos teológicos a nível popular. Permite aos mais simples tornarem-se verdadeiros sujeitos ativos no processo de evangelização."

A Igreja nasce da força do Espírito e por Ele é impulsionada missionariamente. O Espírito Santo é que dá vida à Igreja e age não apenas no coração das pessoas, age no mundo, na história, age a partir de baixo, a partir dos simples. O Espírito, que sopra onde quer e não se deixa aprisionar em nossos esquemas, nos abre para a esperança, não apenas para a esperança escatológica, para a vida após a morte. Ele nos abre para a alegria, para a esperança de dias melhores, de paz no mundo. Como a esperança anunciada por Jesus em palavras e atitudes: “Eu vim para que todos tenham vida e vida em abundância” (Jo 10,10).

Todos aqueles e aquelas que se abrem ao Espírito, deixam a sua marca positiva no mundo e nas pessoas com as quais conviveram. Ainda que sofrida, suas vidas trazem a marca de uma profunda alegria interior. Deixam a sua marca de empenho pela paz, pela justiça e fraternidade que são frutos do Espírito. Não é sem motivo que da boca dos mais pequeninos sobe a Deus o mais sincero louvor (cf. Mt 21,16). Para quem tem um mínimo de bom senso e honestidade espiritual, é impossível não ver a presença do Espírito em Mahatma Gandhi em seu empenho pela paz através da “não violência ativa”; é impossível não captar a ação do Espírito na luta persistente contra a discriminação racial no mártir Luther King; igualmente impossível não perceber a ação do Espírito em Madre Tereza de Calcutá ou em Santa Dulce dos Pobres no seu amor e doação incansáveis no serviço aos pobres; impossível não sentir a ação do Espírito nos mártires da caminhada, como em Dom Oscar Romero em seu empenho e doação até à morte por causa dos pobres, dos lavradores, dos marginalizados...

O Espírito, que suscita a esperança no meio do povo, desperta para a alegria da Boa Nova, comunica uma palavra que vem de Deus e devolve o gosto pela vida, por mais sofrida que seja a realidade. O Espírito ilumina os olhos da fé e permite ler os “Sinais dos Tempos” através da simplicidade dos elementos da natureza. Ele faz ver, nas mais variadas situações e acontecimentos, sinais que nos levam a uma nova leitura da realidade. O Espírito suscita a linguagem simbólico-cultural. A linguagem capaz de traduzir conhecimentos e realidades profundas em elementos de fácil compreensão e dentro do universo de compreensão do povo. A linguagem que permite traduzir os conceitos teológicos a nível popular. A linguagem que permite aos mais simples tornarem-se verdadeiros sujeitos ativos no processo de evangelização.

É neste sentido que somos levados a crer na ação do Espírito na pessoa de nosso amigo e irmão João Resende. Deus o favoreceu com uma sensibilidade para o uso de parábolas, símbolos e comparações oriundos da natureza e da vida do povo. Deus lhe deu um reflexo rápido para captar a voz e ação do Espírito nas palavras e expressões do povo. Por isso em seus cursos e encontros, há sempre uma novidade, uma realidade nova proporcionada pelo Espírito através do povo. Por isso, os participantes dos encontros não são simples receptores, ouvintes ou destinatários, mas interlocutores. O ambiente do encontro se torna uma oportunidade para ouvir a voz do Espírito que fala em meio aos símbolos, do jeito do povo e por meio dele, de forma inculturada, em que todos compreendem, como em Pentecostes (cf. At 2, 1-11).

Bendizemos a Deus pelos 80 anos de vida de João Resende que, com seu testemunho e modo de evangelizar, nos favorece ouvir o que o Espírito diz à Igreja por meio da Palavra de Deus, por meio do povo, por meio dos símbolos, das comparações... Em sua simplicidade, a profundidade do Espírito continua a esconder estas coisas aos sábios e entendidos e as revela aos pequeninos... (cf. Mt 11,25). O Espírito continua vivo e atuante em nossa história. Ele nos conduza e nos dê a sensibilidade para captar a sua voz nos símbolos, nas pessoas, nas coisas, nos acontecimentos... E assim, guiados pelo Espírito, caminhemos juntos, na alegria do Evangelho.

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