POEMA PARA O MÊS DE SETEMBRO
Não ensino caminhos
Carminha Gouthier
Ao que me pede uma palavra,
que darei,
se é de silêncios a provisão?
Ao que me pede silêncio,
que tenho dado
senão murmúrio de lamentos?
Ao que deseja itinerários,
posso acaso
entregar o segredo?
Ao que vai pelo mar não servem
meus barcos
cansados de enigmas!
Aos que viajam distâncias,
não empresto minhas asas
feridas e frágeis.
Não ensino caminhos,
- os meus foram feitos
de amor e espinhos.
(Do livro “Espantalho de Deus”, 1967)