Variedades Dicas de Português
Compartilhe esta notícia:
27/03/2019 Fonte: Língua Brasil Edição 3908 Não Tropece na Língua FAZER O QUÊ? E OUTROS QUES SEM ACENTO CIRCUNFLEXO
Fonte: Língua Brasil
Fonte: Língua Brasil

 

- Acentua-se o ‘que’ neste caso: Fazer o quê, Fernando? (quando a frase termina com um vocativo) (Carlos Eduardo Miranda, São Paulo, SP)

Pela norma oficial, não. Reza o Formulário Ortográfico de 1943 (na 14ª regra da Acentuação Gráfica - Obs.) que o acento circunflexo deve ser usado como distintivo ou diferencial entre “porquê (quando é substantivo ou vem no fim da frase) e porque (conj.)” e entre “quê (s.m., interj., ou pron. no fim da frase) e que (adv., conj., pron. ou part. expletiva)”. Vamos exemplificar essa regra quanto aos dois últimos “ques”:

 

Com acento circunflexo:

- Substantivo masculino: Seu olhar tem um quê de misterioso e vago.

- Interjeição: Quê! isso é intriga.

- Pronome em fim de frase: Fumar pra quê? / Ele falou não sei o quê. / Analise como e por quê.

 

Sem acento:

- Advérbio: Que beleza!

- Conjunção: O ministro disse que vai pensar no caso.

- Pronome: É linda a casa que construíram.

- Partícula expletiva: Que doce que ela é!

 

Em suma: escreve-se o que com acento para marcá-lo como monossílabo tônico, da mesma forma que se faz com dê, lê, sê, e essa tonicidade ocorre com o que quando interjeição ou substantivo e quando pronome no final da frase.

Há, contudo, uma situação que deixa muitos brasileiros em dúvida: é justamente quando o “que” soa como tônico mas não vem no fim da frase – ao menos a frase entendida como um enunciado de sentido completo que se conclui com um ponto (final, de exclamação ou de interrogação). É para evidenciar essa tonicidade que alguns redatores usam o “que” acentuado no meio da frase ou antes de acabado o período:

 

- Fazer o quê, Fernando?

- Está pensando em quê, fofura?

- São leituras, então, que intermedeiam o quê, para quê, através de quem.

 

Não se pode considerar o acento gráfico um erro nesses casos, de modo algum. Mas pelo sim, pelo não, é uma boa opção ater-se ao preceituado na gramática e não acentuar o “que” situado no meio da frase, com ou sem pontuação na sequência. Assim o fizeram as pessoas que escreveram os períodos abaixo:

 

- Por que, Senhor?

- O Washington e toda a equipe da W/Brasil mantiveram o frescor da campanha por 26 anos. Parar por que, então?

- O redator-chefe de Primeira Leitura responde, numa reportagem sobre desinvestimento, o que e por que mudar.

- Cometemos de fato o equívoco apontado, pelo que nos desculpamos.

- Pedimos que nos envie o recibo e a nota fiscal, sem o que não realizamos nenhuma troca.

- Para elas, mudou o que neste meio século? O penteado?

- E se o barco afundar, vamos fazer o que, Presidente?

 

 

Compartilhe esta notícia:
Nome:
E-mail:
E-mail do amigo:
DEIXE UM COMENTÁRIO
TAGS
ÚLTIMAS NOTÍCIAS