Formação Catequese
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08/01/2020 Pe. José Herval Ferreira, SDN Edição 3918 O ambiente da catequese
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"O catequista anuncia verdades de fé e o catequizando precisa admirar e amar essas verdades, incorporando-as em sua vida como valores. "

 

 

O lugar onde o encontro de catequese se realiza tem influência no rendimento dos catequizandos. Um ambiente inadequado pode favorecer a dispersão, a dificuldade de concentração, de comunicação e até a indisciplina. O espaço físico em que se reúne a turma de catequese tem um poder de sugestão, gerando disposições interiores que poderão ser favoráveis ou não. Isso pode ser olhado com três pontos importantes: 1. A necessária desescolarização da catequese. 2. A organização do lugar. 3. A estética do espaço.

 

  1. Desescolarizar o ambiente da catequese

A catequese sofreu e ainda sofre pela sua semelhança com a escola. Mas existe uma enorme diferença entre aula e encontro. Na aula, o professor ensina verdades que o aluno deve aprender. Por melhor que seja a pedagogia o professor está repassando conhecimentos para o aluno. A escola antiga – e é essa a visão de escola que está em nossos catequizandos e principalmente nos catequistas – considera o aluno como uma caixa vazia onde o professor “sabe-tudo” deposita conhecimentos. O aluno vai apenas ouvir, compreender e fixar.

Na catequese é diferente. O catequista anuncia verdades de fé e o catequizando precisa admirar e amar essas verdades, incorporando-as em sua vida como valores. O catequista, com seu exemplo e sua experiência de fé e de vida, vai tentar despertar no catequizando uma adesão mais consciente às verdades que são refletidas. Por isso, não basta assimilar uma doutrina, guardando-a na memória. É preciso amar, ter afeto e assumir, deixando que a fé ilumine a vida.

Não é por nota ou conceitos como na escola que se vai verificar o aproveitamento, mas é vendo se entenderam o que foi dito e se compreenderam a importância do tema para a vida e estão mesmo convencidos da necessidade e da vantagem de vivenciar os valores sobre os quais se conversou.

Só a vida do catequizando, a longo prazo, é que poderá mostrar os efeitos da catequese. De imediato o que se cobra do catequizando é o interesse pelos encontros. Se o catequista consegue cativar o interesse da turma, isso já representa uma boa chance de a catequese chegar a um resultado favorável.

Às vezes, se confunde catequese com escola, causando um impacto negativo e uma dificuldade de compreender o processo catequético. Pais e catequizandos (pior se o catequista também) acabam imaginando a catequese como um curso, com diploma, e relutam em compreender e aceitar a catequese permanente.

Os pais cobram resultados imediatos, como aprender a recitar certas orações e falar os mandamentos, não enxergando o aprendizado mais profundo que o catequizando vai elaborando a médio prazo. Até a linguagem expressa essa confusão, quando se diz “aula de catecismo” ou “professor de catequese”. Melhor é dizer “encontro de catequese” e “catequista”. São detalhes, mas que expressam um modo de pensar e se comunicar. Precisamos adotar o espírito novo que se quer firmar na pedagogia catequética, pois tanto a escola quanto a catequese estão em busca de novos caminhos.

Os catequizandos, com o tempo, começarão a perceber que catequese não é aula. Quando eles entenderem o novo espírito da catequese, terão maior predisposição e melhor aproveitamento nos encontros. Nós mesmos, acostumados com uma metodologia mais expositiva, queremos “passar matéria” para anotação, dar exercícios, propor dever de casa. Na verdade, o exercício, o dever de casa da catequese, ou seja, a tarefa que se espera dos catequizandos é um propósito de vida coerente com os temas refletidos nos encontros.

Em casa e na vida, o catequizando vai praticar o que aprendeu. Esse é o dever. Se o catequista começa a dar tarefas intelectuais para fazer em casa, o catequizando vai ter a falsa impressão de que basta fazer alguns exercícios e já cumpriu o propósito da catequese. Se alguma comunidade usa a escola como espaço para a catequese, por não buscarmos outras alternativas, o catequista usará sua criatividade para dar a este espaço uma feição nova. A organização é fator de sucesso de qualquer trabalho. O catequista deve ter anotações de freqüência aos encontros, observações sobre o catequizando, seus dados pessoais, sobre sua família, para observar o seu desenvolvimento.

 

2. A organização do espaço em que se reúne

 O lugar precisa ser acolhedor, caloroso e convidativo. Colocar as cadeiras em círculo. O ambiente circular favorece a comunicação e a participação. Na roda, a impressão que se tem é que todos vão participar com igualdade. Não há ninguém atrás, nem à frente. Todos estão juntos, lado a lado. Todos podem olhar de frente para os companheiros. E os catequistas também participam da roda. Eles nunca devem ficar num lugar à parte, nem devem se esconder atrás de uma mesinha, como fazem certos professores.

O quanto possível evitar o ambiente quadrado ou retangular que dificulta a comunicação, deixando o catequista próximo de uns e distante de outros, que muitas vezes são os menos interessados e já ficam nos fundos com grupinhos paralelos, favorecendo a indisciplina. Estes criam brincadeiras indesejáveis, como cutucar o companheiro da frente e se escondendo atrás do outro nas filas de carteiras ou cadeiras. E dificulta a comunicação olho-no-olho, importante em todo o processo comunicativo.

E para não ficar agarrado a lousa e giz, há várias novas possibilidades: cartazes, faixas, álbuns seriados, varais e tudo o que a criatividade indicar. Esta é trabalhosa, mas produz resultados excelentes e efeitos agradáveis e atraentes que deixam o encontro muito participativo e animado.

O catequista que tem coragem e disposição de ser criativo sabe o bom resultado que isso dá. Nenhum catequista pode ter a consciência tranquila diante de Deus, da comunidade e dos catequizandos se optar pela lei do menor esforço.

 

3. A estética do espaço

A estética é o sentido do belo, do bonito, do fator estético. Tudo pode ser simples, mas precisa ser bonito. Pode ser até um lugar humilde, mas precisa ser bem cuidado, bem organizado. O material usado pelo catequista deverá se fazer notar pelo capricho, mesmo na simplicidade. O belo é agradável. A beleza é algo que atrai, encanta, emociona. Mas a feiúra afasta e produz repulsa.

Todo processo de evangelização deveria levar em conta este fator e o próprio catequista – é verdade! – deverá estar bem arrumado, para que sua presença possa causar uma ótima impressão.

Isso pode parecer até engraçado ou exagerado. Mas não. A beleza e o bom gosto, revestidos que sejam de simplicidade, são fatores importantes na comunicação. A beleza é atraente, o desleixo afasta.

É gostoso estar num lugar bonito, organizado. Vale a pena caprichar na estética. Isso porque o ambiente bem organizado incentiva a ordem e a participação.

A falta de motivação externa do local, da família, do valor das coisas da religião ou de Deus, acaba sendo causa de indisciplina. O catequizando vai à catequese sem estar motivado para isso. Vai por pressão de alguém da família, em vista da primeira comunhão ou crisma. Mas não compreende porque a catequese é importante. Para que rezar? Para que cantar? Para que ler a Bíblia? Se na família nada disso acontece!

Então o catequista precisa ser simpático, saber colocar as idéias de modo a ser entendido. Deverá ter segurança quanto à sua vocação de catequista e interesse pelos catequizandos,

Deverá ganhar a confiança do catequizando conversando informalmente sobre a catequese, repreendendo só em caso de necessidade e sem ofender ou agredir. Deverá saber o nome dele e cumprimentá-lo na rua, visitar sua família, etc...  Criar ambiente é isso.

O catequista deve rezar muito pela sua turma, isto é, não só falar de Deus para os catequizandos, mas também falar com Deus sobre cada catequizando e sua realidade.

 

 

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