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22/01/2020 João de Dalyatha   Edição 3919 O bem-aventurado
F/ Vatican News
"Feliz aquele que, a todo tempo, traz em seu coração a lembrança de ti, pois também sua alma se embriaga de tua doçura!"

 

Feliz aquele que fixa os olhos continuamente sobre ti, ó meu Paraíso que apareces em mim! Ó árvore da vida, em meu coração, a todo momento me inflamas com teu desejo!

Feliz aquele que que te busca em si mesmo a todo momento, pois é dele mesmo que flui a vida para ele, a fim de que nela se deleite!

Feliz aquele que, a todo tempo, traz em seu coração a lembrança de ti, pois também sua alma se embriaga de tua doçura!

Feliz aquele que te procura em seu próprio ser, pois seu coração se torna ardente de teu fogo, e sua carne com seus ossos queimam em sua força purificadora!

Feliz aquele cujos pensamentos são reduzidos ao silêncio pela preocupação contigo, pois o Espírito faz brotar nele rios de vida para seu gozo: para o seu e para o daqueles que têm sede de sua visão.

Feliz aquele que mescla ao seu sono o pensamento de ti, pois os demônios que sujam os preguiçosos com fétidas imaginações se afastam dele com terror!

Feliz aquele que estende seu leito na admiração incessante de teus mistérios e ali repousa silenciosamente na maravilha que eles provocam, pois dela exala também, para a alegria do coração de quem é diligente, o perfume da vida produzido por teu Espírito Santo, guardião da pureza daqueles que o amam!

Feliz aquele que esquece as companhias do mundo, entretendo-se contigo, pois todas as suas necessidades são cumuladas por ti!

De fato, tu és seu alimento e sua bebida. Tu és sua alegria e seu contentamento. Tu és sua vestimenta, e é de tua glória que sua nudez é revestida. Tu és sua morada e a habitação onde ele encontra repouso, e em ti ele entra para se abrigar a todo tempo. Tu és o seu sol e o seu dia, e é em tua luz que ele vê os mistérios ocultos. Tu és o Pai que o gerou, e como um filho ele te chama “Pai”. Tu lhe deste o Espírito de teu Filho em seu coração, e este deu-lhe a liberdade confiante de pedir-te tudo o que é teu, como um filho a seu pai. E em ti que ele acha companhia permanente, já que não conhece outro pai fora de ti.

Tu estás unido à sua alma, tu te misturaste os seus membros, tu brilhas em teu espírito e o cativas para que ele se encante com tua visão. Tu fazes calar os movimentos de sua alma pela veemência de teu amor e transformas o desejo de seu corpo pela grandeza de tua doçura: ele sente teu perfume como a criança que respira o de seu pai, e o odor de tua graça exala de seu corpo como se desprende do corpo da criança o odor de sua mãe. A todo momento tu o consolas com tua visão.

Quando ele come, ele te vê em seu alimento. Quando ele bebe, tu resplandeces em sua bebida. Quando ele chora, tu apareces em suas lágrimas. Em todo lugar para onde olha, ele te vê, de modo que de todos os lados aumentas sua beatitude, nem existe ninguém que não o proclame bem-aventurado.

 

JOÃO DE DALYATHA [Séc. VIII] foi um monge sírio, considerado como um dos maiores autores místicos da Igreja Siríaca. Conhecido pelo nome de Aragawi Manfasawi, isto é, “o Ancião espiritual”, seus escritos, principalmente cartas, revelam um homem cuja doutrina se fundamenta diretamente na experiência, em uma vida mística que ele formula em estilo bem pessoal, cheio de lirismo, sem o cuidado de sistematizá-la, com a nítida sensação de que a linguagem não chega a exprimir o âmago da vida espiritual.

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