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06/06/2024 Dom Paulo Mendes Peixoto Edição 3972 Não apagar a memória
F/ Pixabay
"Não podemos pecar por esquecimento em relação à história, porque pode ser muito grave e apagar a memória. Temos marcas positivas e negativas que ajudam na reflexão dos novos tempos. Nos dias de hoje deve estar presente o passado..."

 Todos, por desatenção e ignorância, corremos o perigo de perder os dados da história, da memória em relação ao passado, tanto o próximo como o remoto. É inconcebível uma existência sem fundamento num caminho de tradição, porque nada surge por acaso. Por um fator de total esquecimento ou descompromisso para com as realidades cotidianas, tudo pode ser perdido e a existência ficar vazia.

Para os cristãos, a bíblia é uma marca concreta da história do Povo de Deus. São muitos registros fundamentais para a prática da espiritualidade nos dias de hoje, apesar de uma forte tendência da cultura moderna de não valorizar, como deve, os dados do passado. Há um ostracismo em relação ao trabalho burocrático quanto a fazer registros dos acontecimentos que envolvem a vida da humanidade.

Os Mandamentos são frutos de registro nas Tábuas da Lei. Nunca caem no esquecimento porque são muito evidentes na história bíblica, conservados por milhares de anos. Assim acontece também com a Páscoa dos judeus, que ressoa até o presente, com todo vigor de sentido, para as novas gerações. A vida cristã dos dias de hoje tem sustentabilidade, porque está enraizada em registros passados.

Os livros bíblicos são marcas evidentes da grande memória histórica vivida pelo povo de Deus, tanto no Antigo como no Novo testamento. A vida cristã hodierna, mesmo com influências dos novos tempos, está na base do que vem de um longínquo passado. Significa que a história ficou preservada e, desta forma, possibilita a sustentação dos cristãos na sua identidade e vivência da fé.

O apóstolo Paulo foi cuidadoso em relação à sua missão apostólica. Assim temos o registro de suas cartas enviadas a diversas comunidades por ele organizadas. Nelas retrata a realidade de seu tempo, as dificuldades e enfretamento no anúncio da Palavra. Na leitura atenta a cada uma delas temos o retrato de como era a vida comunitária nos primeiros tempos do cristianismo.

Não podemos pecar por esquecimento em relação à história, porque pode ser muito grave e apagar a memória. Temos marcas positivas e negativas que ajudam na reflexão dos novos tempos. Nos dias de hoje deve estar presente o passado e, na análise do presente, poder projetar o futuro com maior segurança. A Internet veio facilitar essa prática, mas tem que ser assumida com muita responsabilidade.

Dom Paulo Mendes Peixoto

Arcebispo de Uberaba.

 

 

  

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