Se você não é uma pessoa familiarizada com novas expressões ou com a linguagem mais apropriada da cultura tecnológica e/ou cientificista, talvez não tenha ouvido ainda sobre a expressão: storytelling. Neste excerto formativo sobre Catequese e Storytelling, é importante darmos uma breve noção do termo e como que ele pode se aplicar à linguagem pastoral e catequética. Do inglês, “story” significa história e “telling”, é contar, narrar, indica ação.
O termo, de acordo com os dicionários sobre tecnologia digital, diz que “storytelling é a habilidade de contar histórias utilizando enredo elaborado, narrativa envolvente, e recursos audiovisuais”. Quem endossou e popularizou o termo foi a área do marketing, mas, quem primeiro soube usar o termo fora os líderes políticos, quando viram que, quando suas campanhas eram capazes de construir uma história mais humanizada com narrativas criativas e impactantes, fizeram do storytelling a mais poderosa ferramenta de campanha.
Foi em 1993, nos Estados Unidos, quando o comunicador Joe Lambert começou a provocar em seus alunos a prática de criar narrativas, contar suas histórias de vida de forma coesa e bem instigante. Quem contasse sua história da forma mais impactante e quem conseguisse prender mais a atenção era aquele que dominava com sabedoria a técnica do storytelling. Bom! O leitor, sobretudo se for catequista, deve estar se perguntando onde que a pastoral bíblico-catequética entra nisso tudo, não é mesmo?
O storytelling é uma poderosa ferramenta de ensino, aprendizado, comunicação e de saber capaz de envolver o jovem e o adolescente num processo educacional, no nosso caso, educacional da fé. Um bom catequista precisa ser um bom contador de histórias. Um bom catequista é capaz de envolver seus catequizandos numa perfeita narrativa que os envolva numa história surpreende capaz de transmitir a eles um conhecimento que jamais se esquecerão.
A PALAVRA DE DEUS: um grande storytelling
E, quando olhamos para a Palavra de Deus, percebemos que toda a bíblia é uma narrativa, uma história, um storytelling de um povo e da ação de Deus para com ele. É a narrativa das Alianças que Deus realizou com seu povo e de como o povo correspondia com essas alianças. Seja sendo fiel a elas, seja quebrando a Aliança. Um storytelling precisa ter um protagonista, um conflito, uma conclusão e uma lição de vida. Assim funcionam as narrativas mais completas.
Vejam, por exemplo, no Antigo Testamento o storytelling que acompanha o Povo de Deus até a Terra Proibida: protagonista (Moisés que é escolhido por Deus para libertar o povo); conflitos (por resistência do Faraó, o povo sofre as 10 pragas do Egito; depois, na caminhada, Moisés abre o Mar Vermelho); conclusão (o povo chega na Terra Prometida); lição (se quebrarmos a Aliança com Deus, distanciamo-nos do seu Projeto, cumprindo a Aliança com Deus, Ele sempre caminhará do nosso lado). Para uma catequese mais bíblica e mais pastoral, o storytelling se torna uma ferramenta rica se bem utilizada. Ela remonta às raízes geracionais em que avôs, pais e filhos transmitem a sabedoria da fé de geração em geração narrando histórias, apresentando um homem chamado Jesus que desafiou sistemas e pessoas em nome do Reino do Amor.
Da mesma forma você pode olhar para os Evangelhos e identificar o storytelling, cujo Jesus é o protagonista, e assim por diante em cada trecho narrado pela Bíblia. Um catequista com a prática do storytelling consegue tirar seu catequizando do ambiente fechado e limitado, que, na maioria das vezes é um salão ao lado da igreja e fazê-lo viajar, embarcar numa jornada, numa aventura que proporcionará a ele uma experiência única e que nunca mais esquecerá. Ao contar boas histórias, você garante que está produzindo um material único. Por mais que seja sobre um tema desgastado ou de conhecimento geral, o seu conteúdo abordará uma perspectiva única: a sua. E mais, quando você leva o jovem ou a criança a também contar histórias, o catequista terá a chance de conhecer a perspectiva de seu catequizando. Confira mais alguns aspectos que a contação de histórias podem proporcionar para a sua catequese:
“Jesus tomou a firme decisão de subir para Jerusalém” (cf. Lc 9, 51-56), cada trechinho da bíblia é contextualizado num determinado tempo e espaço. Seu storytelling também precisa estar, precisa transmitir veracidade, verdade, mesmo se você criar uma ficção, ela precisa ser bem construída. Olhe para as histórias dos super-heróis, por exemplo, há ali uma jornada fictícia, mas que é muito real no sentido da lição de vida que querem nos transmitir. A bíblia também tem seus heróis, cabe a nós saber explorar suas histórias e fazer do storytelling uma rica ferramenta afim de continuar transmitindo a fé e os valores da pessoa de Jesus às nossas gerações.
Quando o Diretório Nacional da Catequese fala da linguagem na catequese, ao falar da narrativa, o texto afirma que “a catequese, valoriza, em particular, a linguagem narrativa, pois nela não está só um recurso linguístico, mas permite que a pessoa entenda mais de si mesma e a realidade que a circunda, dando sentido à sua vida” (DNC, 207).