Formação Juventude
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01/05/2018 Luís Miguel Modino *Trad.: Frt. Dione Afonso, SDN Edição 3900 Os Jovens da Pan-Amazônia OS JOVENS DA PAN-AMAZÔNIA RECONHECEM QUE “NOSSA CULTURA E IDENTIDADE ESTÁ SENDO PERDIDA”
F/Repam
"A base dessas ações deve ser uma espiritualidade ecológica, tradicionalmente presente em muitos povos originais da Pan-Amazônia"

 

OS JOVENS DA PAN-AMAZÔNIA RECONHECEM QUE

“NOSSA CULTURA E IDENTIDADE ESTÁ SENDO PERDIDA”

“Estamos unidos pelo mesmo objetivo, por uma experiência de fé profética e ecológica”

 

Texto de Luis Miguel Modino, tradução nossa do espanhol

Encontro de jovens da REPAM em Manaus

 

“Na diversidade de jovens que existem na Amazônia, todos nós passamos pelos mesmos problemas e juntos devemos construir uma ação em comum para o bem de todos”

 

As novas gerações da Amazônia enfrentam o futuro da região como um desafio. Portanto, é sempre um motivo de alegria que os jovens sentem a necessidade de embarcar no cuidado da casa comum. A defesa da Amazônia deve ser uma atitude que ultrapasse as fronteiras da região, um motivo presente na vida das pessoas, um espírito que une pessoas de diferentes raças, origens, idiomas e classes sociais.

De 11 a 18 de março, mais de 30 jovens de 7 países amazônicos reuniram-se em Manaus, convocada pela Rede Eclesial Pan-Amazônica , REPAM , “uma rede que acrescenta cada vez mais pessoas e fortalece”, de acordo com Deivison Souza, e que participaram do Seminário de “Caminhos Amazônicos de Formação”. Como reconhece um dos presentes, o indígena equatoriano do povo Kichwa, Johnny Grefa, o encontro foi um momento para “ver a realidade dos nossos povos, dos nossos países, compartilhar experiências e problemas”, tendo como perspectiva “fazer países mais livres e democráticos”.

O objetivo do encontro é acompanhar a vida e a missão dos jovens que vivem em diversas realidades nos países da Pan-Amazônia, promovendo o diálogo, o intercâmbio de experiências e buscando um compromisso pastoral e social na perspectiva da ecologia integral. Nesse sentido, Pavel Martiarena, que chegou a Manaus do Vicariato Apostólico de Puerto Maldonado-Peru, visitado recentemente pelo Papa Francisco, ressaltou que uma de suas surpresas tem sido ver “a diversidade de cores e raças da Amazônia que nós representamos”, descobrindo nestes dias que é necessário “ver a Amazônia como um território, como um ser vivo que conecta diferentes realidades”.

Juntamente com o objetivo, os eixos inspiradores do encontro foram a cultura da Boa Vida, a busca da cidadania e da “florestania” e do Sínodo Pan-Amazônico, que, sem dúvida, marcará a vida pastoral das Igrejas da região no próximo ano. Tudo isso, tentando promover entre os participantes e, através deles, entre os povos da Amazônia, um olhar amoroso, cuidadoso e esperançoso, que tenha como inspiração as ideias reunidas na encíclica Laudato Si’.

 

Por essa razão, como reconheceu Doralice, dos macuxi do estado de Roraima, é importante “a união de todos os povos para trabalhar para a prevenção e proteção da nossa Amazônia”, que pode ser ajudada por “trabalhar para preservar nossas culturas”. Nessa perspectiva, de acordo com o jovem brasileiro, “é muito importante como jovens, o conhecimento de outros povos que também precisam das mesmas coisas que nós”.

Este é um aspecto em que este tipo de encontro contribui decisivamente, que pode ajudar na “conservação e criação de consciência nas pessoas para o cuidado de nossas tradições , da nossa selva, de nossas formas de pensamento”, como indica Suamy Luis Torres, um jovem indígena Tikuna do departamento colombiano do Amazonas, que não hesita em afirmar que “nossas culturas, nossa identidade, estão sendo perdidas”.

Os participantes tiveram a oportunidade de conhecer experiências missionárias dentro da Amazônia, como a “Equipe Itinerante”, presente em muitas realidades amazônicas através de suas visitas às comunidades e que promove processos de formação “inculturados”. Sua presença tem sido uma ocasião propícia para conhecer as riquezas e, ao mesmo tempo, as ameaças a que a região e seus povos estão sujeitos, em cuja superação as comunidades locais têm um papel fundamental.

Pensando no futuro, Maria Edivane, representante da Cáritas da diocese de Óbidos-PA, enfatizou que “o encontro é muito gratificante”, dando a possibilidade de “conhecer a realidade da juventude pan-amazônica, compartilhar as dificuldades e procurar soluções conjuntas”, como reconhece o jovem brasileiro, “na diversidade de jovens que existe na Amazônia, todos atravessamos os mesmos problemas e juntos devemos construir uma ação comum para o bem de todos”.

Uma dessas ameaças é o tráfico de seres humanos, cada vez mais presente na região amazônica na atual situação migratória na região, o que gera situações constantes de violência, um aspecto em que os participantes do Seminário se refletiram, buscando ações coletivas e pastorais que possibilitam avançar nessa direção, que foram trabalhadas em diferentes workshops durante o Seminário. A base dessas ações deve ser uma espiritualidade ecológica, tradicionalmente presente em muitos dos povos originais da Pan-Amazônia.

Um dos participantes do Seminário foi Adriana, uma imigrante venezuelana que vive em Roraima e é membro da Pastoral Universitária. Por sua experiência e toda a experiência no Brasil no último ano e sete meses, destaca o desejo de que a reunião tenha como resultado encontrar “uma solução real e efetiva para o problema da Pan-Amazônia, bem como das florestas, como indígenas e como migração”.

Com base em tudo o que foi feito durante o Seminário, foram buscadas ações que levem a uma melhor articulação dos jovens da REPAM em cada país, que fortalecem suas ações e que ajudam na preparação do Sínodo. Conforme reconhecido por Pavel Martiarena, que trabalha como fotógrafa e cinegrafista, focalizando seu trabalho em projetos relacionados ao desenvolvimento sustentável, aos povos indígenas e às mudanças climáticas, a reunião pode levar a “melhorar nossas ações e fazer uma Amazônia mais justa e solidária uma realidade”, mas acima de tudo “mais humano, uma Igreja com rosto amazônico”.

Na mesma direção, Deivison Souza, que faz parte da coordenação nacional da Juventude, acredita que a experiência deste encontro “será propagada e marcará a vida de outros jovens”. No seminário realizado em Manaus de 11 a 18 de março, de acordo com o jovem brasileiro, que vive na cidade de Porto Velho, estamos “unidos na mesma harmonia, que é a espiritualidade amazônica”, destacando “o amor que todos têm, independentemente da sua religião, país, movimento ou pastoral que representa”. Segundo ele, “estamos unidos pelo mesmo objetivo, por uma experiência de fé profética e ecológica”. Como consequência, é necessário “encorajar grupos de base baseados no Laudato Si’.

 

Sem dúvida, um novo passo nesse caminho que nos permite avançar no que o Papa Francisco colocou como tema do Sínodo Pan-Amazônico, “Novos Caminhos para a Igreja e para a Ecologia Integral”. Confiar na visão dos jovens, ouvir seus desejos é uma boa maneira de perceber o que o Bispo de Roma e o próprio Deus querem.

 

Texto na íntegra: http://www.periodistadigital.com/religion/america/2018/03/19/religion-iglesia-juventud-america-brasil-ovenes-pan-amazonia-cultura-identidad-seminario-repam-manaos-cuidado-casa-comun.shtml

 

Conheça a REPAM: http://redamazonica.org/pt-br/

 

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