Nossa homenagem e gratidão ao Pe.Herval, que há poucos dias, completou 85 anos de vida! Ele é uma pessoa de especial importância para a nossa paróquia de Espera Feliz-MG, onde trabalha, para a Congregação dos Missionários Sacramentinos de Nossa Senhora à qual pertence e para a Igreja em geral.
Muitas lembranças e memórias continuam vivas, registradas na memória de tantas pessoas que tiveram oportunidade de conviver com ele. Se alguns fatos parecem paisagens desbotadas, a maioria dos registros são memórias vivas, sopro de vida presente em nós, silueta silenciosa de um sacerdote, professor, conselheiro e amigo que nos leva a abrir a janela do tempo e observar algumas marcas mais significativas.
Um padre formidável
Embora alegres para nós, corriam os anos sofridos do final da década de 60. Pe Herval era jovem, de porte um pouco franzino que trabalhava no Educandário Sacramentino de Espera Feliz, em companhia de alguns seminaristas e de outros padres como: Pe. Alberto Perilo, Pe. Demerval, Pe. Felipinho, Pe. Felipão, Pe. José Lopes e outros.
Na ocasião, Pe Herval era professor, andava pelos corredores imerso em suas leituras diárias, às vezes, eram trechos da sagrada escritura, outras eram leituras voltadas para a cultura de modo geral. Lia, andando pelos corredores, à tarde, em companhia de outros padres, fazia uma caminhada pela rua José Grillo até uma área mais rural e algumas crianças, inclusive, eu e minha irmã Elza, o acompanhávamos. Sua personalidade não mudou: calmo, sorriso tímido, passos firmes, observador, coração contrito, ele ia. Uma semelhança da caninhada discípulos de Jesus quando O seguiam pelas estradas de Jerusalém.
Pois bem, o Educandário Sacramentino deixou de ser a casa de formação vocacional, sendo transferido para Manhumirim-MG. Porém, algumas salas foram cedidas para o antigo colégio Esperafelicense. Padre José Herval passou a ser professor de ensino religioso. Seus alunos agora não eram mais os seminaristas, mas os normalistas do 3º ano. Responsáveis? Sim... ou talvez. Digo, talvez, porque estudávamos naquela sala do lado direito da entrada do Educandário com duas portas, uma do lado de dentro e outra que dava para a rua. No 2º pavimento havia uma TV ligada e, justamente na hora que devíamos estar estudando, a TV exibia a novela “Antônio e Maria”. Nós combinamos em não perder o último capítulo da novela.
O padre José Herval entrou na sala de aula, fez a chamada e à medida que lia o nome de cada um de nós, saíamos pela porta da rua para subirmos a escada que dava acesso à TV e ver o tão esperado capítulo. Assentamos-nos, confortavelmente, e começaram as cenas... Ninguém se mexia, prendíamos até a respiração... De repente, ouve-se um tossido, olhamos para trás prontos a repreender o dono daquele barulho, mas era o professor querido, que veio nos dizer: eu vim ver onde vocês estavam! Abaixamos nossas cabeças, envergonhados, sabíamos que estávamos errados. O professor, sabiamente nos disse: “Esta é uma novela que une duas culturas, a portuguesa e a brasileira. É cultural, e por isso, eu os desculpo.” Surpresa, Leninha, disse bem alto: “Padre, o senhor é formidável!”
Nas voltas da vida, Espera Feliz
O tempo passou e o Pe. Herval foi para outras cidades, trabalhou em diferentes realidades, rurais e urbanas, entre elas: Mutum-MG, Ji-Paraná-RO, Maracanaú-CE, Guarapari-ES, entre outras. Nas voltas da vida, o desígnio de Deus o trouxe de volta para Espera Feliz, cidade que o ama, que o respeita, que vê em sua pessoa, um traço de santidade, uma leveza de alma, uma desenvoltura de seguidor dos passos do mestre Jesus.
Ao completar 85 anos de idade, sempre dedicados a serviço do Reino de Deus, lhe outorgamos, simbolicamente, o título de: “Padre fervoroso, paciente e amigo!”. Parabéns, querido Pe. Herval!
Esse é o testemunho de Maria José Grillo, em nome daqueles e daquelas que tiveram o privilégio de aprender com o senhor, além da disciplina, a arte de espalhar o amor! Deus o abençoe e o fortaleça em sua missão, hoje e sempre.
Abraços!
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