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25/08/2019 Ir. Dione Afonso, SDN Edição POLÍTICAS PÚBLICAS: Projeto Social envolve jovens através da catequese e do futebol
F/Pixabay
"Um projeto que nasce como a luz do sol. O primeiro raio do dia que desponta num horizonte marcado pela falta de oportunidade, falta de cultura, falta de lazer, falta de esperança... O Projeto Bom Jesus do Horto traz, pelos caminhos da bola em quadra, os caminhos da bola da vida: jovens recebem a chance de construir um novo caminho"

POLÍTICAS PÚBLICAS: Projeto Social envolve jovens através da catequese e do futebol

 

 

A paróquia Bom Jesus do Horto, situada no Bairro Horto Florestal na capital mineira oferece à pastoral com os jovens uma novidade: unindo uma paixão cultural [o futebol] e a evangelização [a catequese], os líderes pastorais conseguem inovar a linguagem pastoral e realizam um Projeto Social com a missão de oferecer aos jovens do bairro novos caminhos e um futuro mais esperançoso.

A ausência de Políticas Públicas para a Juventude no Brasil mata muitos jovens a cada dia. Projetos como esses provoca nas comunidades cristãs da paróquia o compromisso com a vida. Fé é compromisso, é partilha, é caridade, é fraternidade.

 

Na quadra, o jogo acontece

O futebol costura histórias. Histórias de superação, histórias que vão além do elemento cultural da nação. O futebol costura momentos, vidas, sentimentos. O futebol passa a ser mais que um esporte interativo e se torna uma atividade de transformação. O futebol transforma vidas. Vidas simples em grandes nomes nos tapetes da fama na TV. Mas, também vidas simples em grandes nomes do caráter. Esses a fama desconhece. O tapete não é aberto a estes. Mas, todos esses nomes tiveram o mesmo início: uma quadra.

É nas quadras onde os jogos acontecem. Partidas são jogadas e gols são marcados. Mas, as quadras passam a se tornar apenas um detalhe: a cada partida o placar nos amedronta. Os jogos envolvem vidas, podem construir futuros cheios de esperança, mas, podem também construir futuros marcados por um placar negativo, no qual, quem ganha é o tráfico. Este vem balançando as redes de cada trave. O jogo de hoje é Tráfico VS Vida, o placar por enquanto está 2 a 0 pro trafico.

Eu vi a quadra deixar de ser um lugar de lazer para se tornar um local de comércio, “é comum vermos os traficantes frequentando o ambiente onde os jovens estão.” Diz um morador que não quis se identificar. Quando fui convidado a ir a uma quadra de futebol no bairro esperei um cenário similar com o costumeiro, mas lá foi diferente.

 

Políticas Públicas são gestos de esperança

A primeira vez que pisei naquela quadra pequena, sem grandes estruturas, cercada por grades pintadas em cor branca, situada numa rua simples do bairro Horto Florestal, Belo Horizonte-MG, encontrei ali mais do que traves de um gol, uma rede. Mais que linhas traçadas no chão, um chão cinza com linhas brancas. Encontrei ali esperança, vidas simples cheias de belas histórias. O futebol transforma. O futebol costura histórias. Constrói histórias. Constrói sonhos. Ali, mais do que a adrenalina, o suor, a risada, o espírito de competição vemos sonhos alimentados, esperança resgatada. Esperança em algo melhor. Gol para a vida!

Um projeto que nasce como a luz do sol. O primeiro raio do dia que desponta num horizonte marcado pela falta de oportunidade, falta de cultura, falta de lazer, falta de esperança... O Projeto Bom Jesus do Horto traz, pelos caminhos da bola em quadra, os caminhos da bola da vida: jovens recebem a chance de construir um novo caminho. Não o da fama de um grande jogador de sucesso, mas o futebol vai além disso: ele molda o caráter de cada um que se deixa transformar, que se deixa ter uma segunda chance na vida.

 

Políticas Públicas é Compromisso Social e Cristão

O futebol se uniu à religião nesse projeto social. Aqui o foco não é falar de Deus e nem ensinar regras do esporte futebolístico, mas é ensinar valores que se devem viver no dia a dia de nossas vidas. A experiência com Deus, com a Fé é livre... Nos evangelhos, Jesus passava entre a multidão, mas deixava que cada um pudesse experimentar a seu jeito, e no seu tempo. Assim deve ser conosco e com nossas pastorais. Sobretudo com os jovens: por isso que se fala em inovar a linguagem, o jeito de falar e de se aproximar, pois cada um tem um ritmo, e cada um faz sua experiência a seu tempo.

O futebol nos transforma, insere-nos na sociedade como homens e mulheres de caráter. Valores como a educação, os estudos, a família, o bem comum são discutidos em quadra. São valores sócia, que os educam a conviver em sociedade sendo irmãos uns dos outros. E são valores cristãos, porque os ensina a serem pessoas de bem, homens e mulheres melhores. E isso é um belo gol pra se comemorar. Quem disse que jovem não gosta de discutir política? Religião? Sexo? Drogas? Jogue isso na quadra e você vai se surpreender. O jogo das drogas, do crime, das armas marca gol contra e não contribui para o crescimento desses jovens.

 

Gol pra vida!

Talvez o título mais importante para aqueles jovens não seja a Copa do Brasil, Libertadores ou a Copa do Mundo. Creio que o título mais valioso seja a vida no sentido mais literal da palavra, o trabalho honesto, a promoção, a valorização do trabalho. Valores que ficam escondidos diante de uma sociedade precária onde o caminho mais rápido seja o tráfico de drogas, o tráfico humano, a venda de órgãos, a prostituição... Gol pra morte!

Muitos entram no projeto querendo fugir dos aliciamentos, e, quantos, não conseguindo, são mortos não podendo conquistar seus títulos pessoais como melhor pessoa. Seus motivos são honestos: “nos falta oportunidades, nunca temos uma chance de mudar de vida...”. Mas ainda podemos virar esse placar. Precisamos unir forças. Unir o esporte, a fé, a religião. Chamar o vizinho, o tio, o professor do bairro para juntos reescrever uma nova história. Através do esporte essa oportunidade que faltava para uma nova partida reacendeu no coração desses jovens. Gol pra vida!

Através da criatividade e de perceber que o trabalho em comunidade lá na paróquia podia ser maior e fazer um bem que ultrapasse as diferenças de crença, aqueles jovens voltaram a sorrir. Gol pra vida! Todos puderam sonhar de novo. O esporte educa, o esporte constrói caráter, o esporte costura histórias.  Esporte não é rivalidade. É cultura, e toda cultura está aí para transmitir valores positivos e um horizonte de oportunidades variados a todos.

Olhando a realidade dos nossos jovens, a taxa de suicídio só aumenta. Mas o jogo ainda não acabou. A partida ainda tem prorrogação e os pênaltis. Cabe a cada um de nós saber chutar a bola no ângulo certo.

 

 

Bruno Freire *

freire.bruno1122@gmail.com

Christian Maia Moreira *

christian.maia@sga.pucminas.br

Frt. Dione Afonso, SDN *

dafonsohp@outlook.com

Mateus Câmara *

mateus.fc2000@gmail.com

Yagho Nikollas *

nikollasyagho@gmail.com

* Alunos da Graduação do curso de Jornalismo pela PUC-Minas e pesquisadores no campo juvenil na área do esporte, lazer e cultura; e, também na área da religião, pastoral e da literatura.

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