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24/06/2021 Luis Miguel Modino - Prensa CELAM Edição 3937 Precisamos de leigos como sujeito eclesial
F/ prensacelam
"O primeiro passo é que os próprios leigos se reconheçam como sujeitos pastorais, não como objetos da pastoral, não como quem desempenha as tarefas na Igreja. "

O Conselho Nacional de Leigos do Brasil (CNLB) celebra sua 39ª Assembleia Geral Ordinária virtualmente, de 3 a 5 de junho. O tema escolhido é “Cristãos leigos em missão: respondendo a novos desafios”.

Assembleia eclesial e sinodalidade

Procurando refletir sobre o papel dos leigos na Igreja do Brasil, especialmente neste momento de pandemia, entrevistamos sua presidente, Sonia Gomes de Oliveira. Ajuda-nos a refletir sobre os elementos presentes na vida da Igreja, especialmente na América Latina e no Caribe, como a Igreja de partida, a Assembleia Eclesial da América Latina e o Caribe, seu processo de escuta e os desafios de um sinodal. Igreja, tema que estará presente na vida da Igreja nos próximos dois anos, como resultado do Sínodo sobre a Sinodalidade.

Enfrentando os desafios de uma igreja doméstica

O Conselho Nacional de Leigos do Brasil celebra uma nova Assembleia Geral, qual é a realidade dos leigos no Brasil num momento em que a vida da Igreja é muito marcada pela pandemia e a Igreja se vê obrigada a reinventar o seu trabalho pastoral?

O tema da nossa assembleia é precisamente este, respondendo a novos desafios. E quais são esses desafios? O documento 105 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), já apresentava alguns desafios, o desafio do clericalismo, de uma Igreja de leigos que permanece no seio da Igreja, incapaz de perceber a realidade social, de um leigo desconectado das questões sociais, a laicato muito voltado para o ministério interno da Igreja, laicato que não se insere na questão política. Isso é o que está prejudicando esta consciência, que é muito importante, e o que queremos para os leigos cristãos.

Com a pandemia, isso se revelou muito mais, as igrejas acabaram fechando e os leigos, toda a própria Igreja, todo o povo, acabou tendo que entrar em casa, os leigos tiveram que se adaptar. Aquele cristão leigo que não estava habituado a uma experiência comunitária, de família, à experiência da Palavra de Deus, que não estava habituado a esta experiência de inserção social, a viver a solidariedade, a pensar a questão social, teve um alguma dificuldade em assumir esses desafios nesta época de pandemia.

Neste tempo de pandemia, grande parte dos leigos lutou para abrir as igrejas, não pensando na defesa da vida, crendo, e isso é interessante à luz da festa de Corpus Christi, que só a comunhão eucarística é válida, e não valorizando comunhão com a Palavra de Deus, a grande força que nós, cristãos leigos, devemos valorizar. Creio que estes são desafios que nós, leigos, devemos superar, um leigo que compreenda sua vocação, sua missão como sujeito eclesial, que precisamos estar em nossos ministérios dentro da Igreja, mas que precisamos estar inseridos em nossa missão na sociedade.

Sujeitos leigos e não objetos da pastoral

Você fala de muitos elementos que fazem parte do que o Papa Francisco chama de Igreja que sai, uma Igreja que sai ao encontro do povo, onde os leigos têm um papel fundamental. Diante dos desafios e das novas realidades, como isso deve se materializar no futuro da Igreja do Brasil?

Creio que o primeiro passo é que os próprios leigos se reconheçam como sujeitos pastorais, não como objetos da pastoral, não como quem desempenha as tarefas na Igreja. Porque enquanto nos virmos assim, não poderemos ir àquela Igreja que o Papa Francisco tanto nos pede. Saímos para fazer o dever de casa, porque o padre pediu, porque alguém pediu.

Acredito que a Igreja tem que se abrir a esses ministérios, garantir a ministerialidade dos leigos cristãos, e o Sínodo para a Amazônia nos revelou muito, que é preciso ter um leigo que possa, não sei se pode realizar muitos sacramentos, mas tem certa autonomia para cumprir muitos ministérios que hoje dependem muito da presença do sacerdote. Quando a Igreja começa a se abrir a isso, entendendo as mulheres, também em seu forte papel na Igreja, como uma grande colaboradora, como uma grande contribuidora dentro da Igreja, e muitos leigos e leigas, poderíamos assumi-lo.

Também o processo de formação, temos que entender que quando a gente treinar, e aqui falo como assistente social, que no meu papel de profissional de serviço social, entendo o meu batismo, que onde quer que eu esteja como assistente social, também irei ser capaz de dar um testemunho de garantia de políticas públicas, de garantia de vida, de protagonismo e de eficácia das políticas públicas que defendem a vida das pessoas. Porque não basta estar nesses espaços e garantir políticas que são mortais, e muitas vezes encontramos leigos que o fazem. Devemos ter leigos com capacidade e com formação de sujeitos eclesiais.

Compreenda a importância da Assembleia da Igreja

Nesse papel dos leigos, podemos dizer que a Igreja da América Latina e do Caribe vive uma grande novidade, que é a Primeira Assembleia Eclesial da América Latina e do Caribe. Na apresentação da Assembleia, o Papa Francisco insistiu muito que ela não deveria ser reduzida a um pequeno grupo, a uma elite, mas que deveria envolver todos aqueles que fazem parte da Igreja, onde os leigos são a grande maioria e os grandes protagonistas. Que importância pode ter esta assembleia no futuro, nos novos caminhos da Igreja latino-americana e caribenha?

A primeira importância deve começar por nós, os leigos, tentando fazer com que esta assembleia chegue aos que estão mais afastados, aos leigos que estão mais na periferia, para serem ouvidos. É precisamente quando naquela carta de convocação desta assembleia, o Papa Francisco diz que a Igreja se dá no partir do pão, a Igreja se dá sem exclusão, a Igreja se dá a partir dessa participação de todos.

Se queremos uma resposta que possa sair de dentro dos muros da Igreja, são os leigos que devem sair para ouvir os que estão mais distantes e que podem dar uma resposta capaz de conseguir o que queremos. , uma Igreja encarnada na vida, uma Igreja que escuta a todos, uma Igreja que verdadeiramente tem discípulos missionários que saem, que é coerente com o anúncio do Evangelho, e que também pode estar vivendo esta experiência do Evangelho que escuta os pobres. .

Ouça aqueles que estão longe

Diante dessa necessidade de escuta de todos, mesmo os mais distantes, como está o Conselho Nacional de Leigos do Brasil atuando no processo de escuta da Assembleia Eclesial da América Latina e do Caribe, que, como foi demonstrado no Sínodo para o Amazônia, pode ser um elemento fundamental para o posterior processo de discernimento?

Estamos fazendo isso por partes, começando pelo processo de mobilização, e essa mobilização ocorre muito nesse encantamento dos leigos em compreender essa assembleia. Isso não é só ir lá, fazer um relato de ouvir as pessoas, mas entender que isso pode ser motivador para todos nós também. Então, antes de mais nada, existe esse processo de escuta nas regionais, através dos leigos. Deixe-os se encantar, encorajar e assumir esta escuta, com o maior número possível de grupos e leigos em suas regionais.

Dentro do conselho diocesano de leigos, onde quer que haja um conselho diocesano de leigos, eles podem sair e fazer essa experiência, mas também não ficar apenas nos espaços do conselho de leigos. Que possam buscar associar-se a movimentos sociais, a grupos seculares distantes da Igreja. O que tocamos muito é chegar a quem não está nos espaços da Igreja, ouvir os leigos que se afastaram da Igreja. Mas agora você tem a oportunidade de responder a este questionário aqui, de caminhar conosco novamente.

Aqueles grupos que estão na base da Igreja, que muitas vezes são tão pouco ouvidos, que o conselho dos leigos também pode assumir o papel principal de estar ao lado. Mesmo que a paróquia não o tenha feito, vamos, como cristãos, correr atrás deles, depressa. Estamos usando muito do simbolismo da Ressurreição, a mulher que vê Jesus ressuscitado e corre para anunciá-lo. Que possamos também partir rapidamente para podermos encontrar o maior número de leigos e leigas, principalmente os que estão longe, porque os que estão nos espaços conciliares são considerados uma elite para nós. Uma elite que já está nos espaços, já está agregada. Portanto, voltamos em busca dos que estão mais longe.

Sinodalidade como caminho de comunhão

A Igreja está cada vez mais envolvida na realização do que surgiu no Concílio Vaticano II, mas que ficou de lado por décadas, que é a sinodalidade. Nesta Igreja sinodal, o papel dos leigos é fundamental. O que significa para os leigos o novo Sínodo sobre a sinodalidade e todo o processo sinodal que terá início em outubro?

Este processo de sinodalidade ocorre no caminho. E como leigos e leigas, precisamos entender o que é essa sinodalidade, por que se fala dessa sinodalidade. O Papa chamou muito a nossa atenção para este processo de sinodalidade. Portanto, como leigos, devemos ser capazes de compreender o que é o nosso espaço. Este caminho com esta comunhão, dentro desta unidade, como já diziam os primeiros cristãos, mas sabendo que este é o nosso espaço e o nosso lugar.

Existe o papel do pastor, como bispo, como sacerdote, mas existe o nosso papel, que também tem a sua importância na Igreja, que é tão importante como as outras. Esta sinodalidade caminha muito nesta convicção desta presença de homens e mulheres batizados, respeitando o papel do outro, mas com um testemunho maduro, e vivendo o seu papel e o seu ministério, que é nosso, o dos leigos. Nós, como cristãos leigos, temos muito a aprender com esse novo processo de sinodalidade, que não é apenas inclinar a cabeça e dizer amém, não é isso. É cada um vivendo seu papel, vivendo sua vocação, vivendo seu caminho, comunhão, unidade, mas de acordo com seu ministério.

Fonte: Prensa CELAM

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