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31/03/2023 Antônio Carlos Santini Edição 3957 Pretendes ser Deus? (Jo 10,31-42) - 31/03/2023 –
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"Aqui se apresenta a cada pessoa a ocasião de fazer uma escolha em relação a Jesus. Se é apenas um homem, sua pretensão de “ser um” com Deus merece repulsa. Mas se é de fato o Filho do Pai, o ato de fé se oferece a cada um de nós. É diante desta encruzilhada que se posicionam os evangelistas do primeiro século."

PALAVRA DE VIDA

31/03/2023 – Pretendes ser Deus? (Jo 10,31-42)

                Jesus de Nazaré, o filho do carpinteiro, acaba de dizer que “seu Pai” é maior que todos. E afirma diante da multidão, em pleno pórtico de Salomão: “Eu e o Pai somos um”. (Jo 10,29-30) Os judeus entendem isto como uma blasfêmia, uma pretensão inaceitável, e pegam pedras para lapidar o pregador herético.

                Estamos diante de um ponto central da fé cristã. Trata-se da pessoa de Jesus Cristo. É apenas um homem iluminado? É um profeta como tantos outros? É um mero agitador das massas? É um possível líder capaz de capitanear uma revolta contra os dominadores romanos? Seria um curandeiro como tantos outros de seu tempo? É um desequilibrado mental, como chegaram a pensar alguns de seus parentes? (cf. Mc 3,21)

                Aqui se apresenta a cada pessoa a ocasião de fazer uma escolha em relação a Jesus. Se é apenas um homem, sua pretensão de “ser um” com Deus merece repulsa. Mas se é de fato o Filho do Pai, o ato de fé se oferece a cada um de nós. É diante desta encruzilhada que se posicionam os evangelistas do primeiro século.

                São Marcos abre desta forma o seu texto: “Início do Evangelho de Jesus Cristo, Filho de Deus”. (Mc 1,1) E ao longo de sua narrativa, ele nos apresenta aqueles que se interrogam a esse respeito: “Quem é este, a quem obedecem até o vento e o mar?” (Mc 4,41) E o próprio espírito maligno a testemunhar aos gritos: “Tu és o Filho de Deus!” (Mc 3,11)

                São Mateus registra, no batismo do Jordão, uma cena de identificação quando a voz do Pai afirma sobre Jesus: “Este é o meu Filho amado; nele está o meu agrado”. (Mt 3,17) E o episódio da transfiguração iria confirmar esta revelação: “Este é o meu Filho amado... Escutai-o!” (Mt 17,5)

                Em seu magnífico Prólogo, o evangelista João usa de extrema clareza: “Ninguém jamais viu a Deus; o Filho único, que é Deus e esta na intimidade do Pai, foi quem o deu a conhecer”. (Jo 1,18)

                Tudo isto, porém, seria insuficiente, creio, se o próprio Jesus não vivesse com o Pai uma relação filial. Ele usa de uma pequena palavra aramaica – Abbá – para se dirigir a Deus. Trata-se de um diminutivo afetivo típico de uma criança que mal começa a falar, com certeza a mesma expressão que Jesus dirigia a José. É um termo de máxima intimidade, absolutamente fora de cogitação em uma sociedade onde Deus era visto como distante, separado por um véu espesso, escondido na nuvem e invocado como “Senhor dos exércitos”. Por isso mesmo, na única oração que ele nos ensinou, começa por chamar a Deus de “Pai nosso”...

Orai sem cessar: “E será chamado Filho do Altíssimo...” (Lc 1,32)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

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