QUE ESTAIS NOS CÉUS
Anderson Dideco
Que estais nos céus eu creio, soberano;
restais em meio a nós, eu reconheço:
subistes pra cumprir sublime plano,
desceis pra alimentar meu recomeço.
Na cruz de que pendestes, não mereço
sequer no meu calvário tão insano,
suprir à Vossa dor no que padeço
e ao preço do resgate, desumano.
Que estais nos céus, eu sei – salário ou dano?
restais em meio a nós – prêmio ou tropeço?
em Vossa queda ou glória é que eu me ufano?
Vos elevais, e exalto-me em apreço;
vos humilhais, num rito sobrehumano,
e revirais, divino, o humano avesso.