O mês de maio sempre nos recorda grandes alegrias: é mês das flores, mês das mães, mês de Maria... E precisamos mesmo de motivos para nos alegrar diante de tantos acontecimentos trágicos ocorridos desde o início deste ano. Segue aqui nossa solidariedade às vítimas diretas e indiretas das barragens da Vale do Rio Doce; das famílias enlutadas que tiveram filhos queimados; pelos mortos à bala na Escola em Suzano; pelas vítimas do desabamento dos prédios no Rio de Janeiro; e pelas vítimas de mortes violentas causadas pelos órgãos e pessoas que tem a missão de proteger nossa população.
Por outro, como motivo de alegria, lembramos a honrosa figura do Padre Júlio Maria De Lombaerde, hoje Servo de Deus, que veio para o Brasil no início do Século passado. De origem belga, era membro da Congregação da Sagrada Família, depois naturalizou-se brasileiro. Foi um homem extremamente dedicado a tudo o que abraçava. E, se tem algo que se pode dizer a seu respeito, sem medo de errar, é que era um homem eclesial, profundamente ligado à Igreja. Ele “vestia a camisa” da Igreja de seu tempo. Zeloso pela pastoral, na época entendida na linha da “salvação das almas”, tudo fazia para o avanço missionário da Igreja. Além de desdobrar-se pessoalmente no atendimento às comunidades, na visita aos doentes e na solidariedade aos pobres, Pe. Júlio queria que a Igreja avançasse, sempre mais, em sua ação missionária.
Inspirado sempre no amor à Eucaristia e à Virgem Maria, Pe. Júlio, lia a vontade de Deus nos acontecimentos, nas urgências humanas e pastorais. Foi assim que, imbuído de grande ardor missionário, tornou-se o fundador de três famílias religiosas. A primeira no Norte do Brasil – Congregação das Irmãs do Imaculado Coração de Maria - e outras duas na Zona da Mata mineira – os Sacramentinos e as Sacramentinas de Nossa Senhora. Seu anseio era responder aos apelos de Deus e as necessidades do povo alargando a força e a presença missionária da Igreja.
Assim nasceu a Congregação dos Missionários Sacramentinos de Nossa Senhora. Um pequeno grupo de missionários, religiosos presbíteros e irmãos, que alimentando-se na espiritualidade eucarístico-mariana, coloca-se a serviço do povo, sobretudo dos mais pobres e necessitados. São noventa anos de missão, tempo de celebrar as conquistas, os avanços e as vitórias da caminhada. Mas tempo também de rever o caminho feito, corrigir eventuais desvios e, sobretudo, tempo de retomar o primeiro amor que nos fez nascer e o sentido maior de nossa existência na Igreja e no mundo.
Em termos eclesiais, somos ainda muito jovens. E por isso, sonhadores. Não percamos o sonho missionário do Pe. Júlio Maria, não percamos o sentido primeiro de nossa consagração religiosa, não percamos o amor ao povo de Deus que nos faz voltar sempre à radicalidade do Evangelho, tão querida por Jesus: “Quem quiser me seguir renuncie a si mesmo, tome sua cruz e me siga” (Mt 16,24). Somente assim encontraremos a alegria de estar a serviço do povo, a alegria de ser Igreja e seremos também causa de alegria em meio a tantas tragédias... Avante Sacramentinos de Nossa Senhora... 90 anos de missão é só pra começo de conversa.
Denilson Mariano da Silva