A cada início de ano renovamos os votos para um ano novo feliz, promissor, cheio de paz e das bênçãos de Deus. Para isso, não basta simplesmente ter bons desejos, é preciso dar passos, seguir adiante, ter criatividade, ousar com a força do Espírito.

Torna-se oportuno lembrar que o Espírito age nas pessoas, na comunidade, na história. O Espírito é essa força escondida de Deus que nos move e move a nossa história. Ele nos cumula de uma sincera alegria interior, que nos faz acreditar apesar das adversidades da vida.

Jesus que prometeu enviar o Espírito sobre os Apóstolos, continua a derramá-lo sobre nós, sobre o seu povo e sobre os pobres em todos os tempos (cf. At 1,5). A busca sincera de responder aos desafios de cada momento, busca feita a partir da fé, na simplicidade de coração, imbuída de amor a Deus e à Igreja, torna-se terreno fecundo para a ação do Espírito.

O Espírito age para edificar o Reino de Deus e este Reino é comunitário. O Povo de Deus é um canal de graça pelo qual o Espírito fala e age no seio da Igreja. Mas esta ação do Espírito não se esgota na vida interna da Igreja. O Espírito faz a Igreja sair de si para fecundar o mundo com o Evangelho. Com a força do Espírito ela se torna sal e fermento para o mundo. Mas, se o sal não sai do saleiro, não tempera a comida; se o fermento não sai da latinha e não se mistura, não a faz a massa crescer...

É neste movimento de saída que o Espírito age e também leva a Igreja à ação, a seguir adiante, com alegria e ousadia evangélica. O Espírito vai além dos limites da Igreja. Em muitas situações, a incapacidade para enxergar ou captar a ação do Espírito nos acontecimentos, na história, tem dificultado o avanço missionário da Igreja. O Espírito do Senhor dirige a história e derrama sementes do Verbo em todos os povos e culturas. Daí a urgência em zelar para não extinguir o Espírito, mas examinar tudo a fim de guardar o que é bom (cf. 1Ts 5,19).

O Papa Francisco, com seu espírito de alegria e ousadia evangélica, representa uma nova “primavera do Espírito” para a Igreja e o mundo. Ele tem manifestado abertura para a ação do Espírito de Deus. Por isso, os frutos do Espírito: o amor, a alegria, o gozo, a paz, a tolerância, a honestidade, a lealdade a humildade, o domínio de si... podem ser vistos nele e em todos aqueles que se deixam guiar pelo Espírito. É pelos frutos que conhecemos o bom espírito.

Ano novo é tempo oportuno de abrir-nos às ações do Espírito, deixar sua luz penetrar no mais íntimo de nós para que sejamos capazes de configurar nossa vida com o Evangelho de Jesus, com sua vida e sua opção pelos excluídos, sua pregação profética.

O Espírito nos tornará capazes de levar a paz e alegria, sobretudo aos pobres e excluídos. O Espírito purifica nosso coração, nossas intenções e nos faz abertos à história, conscientes da nossa missão não só na Igreja, mas no mundo. Eles nos cumulará de seus dons para que possamos seguir adiante, com ousadia e alegria. Pois, como crê Victor Codina: “o Espírito não atua apenas no interior dos corações, mas também no coração da história”.

Abramos o coração para o Espírito agir em nós e somemos força a esta “primavera do Espírito”, seguindo adiante com alegria e ousadia evangélica...