Sem pressa
Antônio Carlos Santini
Não reclame da sombra em noite escura,
Dos pássaros ausentes no arvoredo.
Não abra o coração para a amargura:
- Ainda é cedo...
Não chore se o desânimo é tortura,
Nem dobre seus joelhos para o medo
Quando a mentira o mundo desfigura:
- Ainda é cedo...
E se a injustiça crônica perdura
Enquanto o Acusador aponta o dedo,
Conserve a mente calma e a alma pura:
- Ainda é cedo...
A dor se espalha, mas o mal tem cura,
Ainda que o remédio seja azedo;
Depois do amargo chegará a doçura:
- Ainda é cedo...
Quem silencia e seu ouvido apura,
Fitando o novo Astro e seu albedo,
Vê nova luz que a tudo transfigura:
- Ainda é cedo...