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05/01/2020 Maria Edição 3918 Sempre as crianças
F/ FCParenting
"Ajudante de Deus!!!"

 

Maria

 

Micheline, filha do Ralinho dos Correios, decidiu levar guaraná todos os dias para o lanche.

Os pais, a princípio, concordaram. Depois, quiseram mudar a coisa:

- Filha, guaraná todo dia faz mal, leva uma fruta, um suco...

E, devagarinho, diminuíram o guaraná.

Mas, a menininha, firme, “lutando por seus direitos”, saiu-se com esta:

- Ah, papai, deixa eu levar guaraná todo dia... Deixa, pai!

E, com ênfase, notando que já estava ganhando a causa:

- Até na reza da escola fala pra tomar guaraná... Até na reza!

- Que reza é esta? Os pais ficaram curiosos...

E Micheline, dona da situação - e de seu mundo de 5 anos - com as mãos juntas recita a tal reza:

- “Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós, pecadores, A GUARANÁ hora de nossa morte, amém!”

Micheline ganhou a causa: leva guaraná todos os dias...

* * *

 

O Gustavo, de 3 anos, filho do Antônio Augusto e da Jussara, viajava atento à estrada para Dores do Indaiá, para matar saudades da terrinha...

- Olha a vaquinha!

- Olha o rio!

- Que é aquilo, papai?

E, de repente, já bem de tardinha, olhou para o céu, maravilhou-se com o pôr de sol e falou, como se tivesse descoberto uma lei de Física:

- Gente, gente, que beleza! “Tá dinoitando! Tá dinoitando!

* * *

 

  • Ana Carolina e Laís são netas de meus amigos de Brasília.

Ana Carolina tem 6 anos. Vocabulário excelente, vivacidade extrema, brinca como se fosse adulta...

No consultório de mentirinha, claro, ela é a médica. Avô, avó, mãe, pai são os pacientes... Pra Laís, sobra o papel de gatinha, que é colocada no pet shop - debaixo da mesa, miando, miando...

Chegando para o trabalho, vovó reclama do atraso da médica. Ana Carolina acalma a todos:

- “Desculpem, peguei um engarrafamento no trânsito”...

E, foi atrás do avô que se cansou de esperar. Fez cara de brava e exigiu:

- Você vai ficar no Cantinho do Pensamento, para aprender a não fugir do consultório.

* * *

 

Essa é da LAÍS, a gatinha da irmã... muito esperta para sua idade, três anos e meio, vai reparando o caminho para a escola: vovô e vovó são os condutores.

Observava tudo, pela janelinha do carro: carros, carros, prédios, árvores de todas as cores, a mesma paisagem de todo dia. Mesmo assim, Laís se encanta:

- Vovó, as árvores parecem brócolis gigantes...

De repente, ela vê uma árvore diferente, totalmente sem folhas...

- Vovó, vovó, olha uma árvore careca.

* * *

 

Clara e Artur, meus netos, num domingo, não queriam ver o programa que os pais assistiam na TV.

- Passa, passa, passa...

A mãe, doida pra ter sossego, ia rodando os canais, e nada.

- Como é o programa, Clara?

- É um do Espírito Santo...

A mãe foi direto para a Canção Nova...

A menina dando birra:

- Não, não, não....

A mãe rodando os canais, rodando, rodando. De repente, Clarinha exultou:

- É esse!!! Para, põe mais alto, é esse!

A mãe caiu das nuvens: na tela, nada mais, nada menos, aparecia o rosto e o sorrisão do... SÍLVIO SANTOS

* * *

 

Netinho e Isabela e Fernanda e Marina e Lilise e Alice e Luísa e Rafael, alguns da turma de netos da casa, brincavam de esconde-esconde dentro de casa, em lugar apertado, cheio de móveis... Então, era fácil achar o esconderijo uns dos outros...

Isabela, muito sabida, pensou, pensou e subiu na minha cama, quase caindo para alcançar um crucifixo grande que eu mantinha no quarto.

- Que é isso, Belinha? Tá ficando doida? Vai quebrar meu crucifixo!!!

E ela, dona das filosofias infantis:

- Vovó, tô só virando ele pra parede...

- Pra quê, Belinha?

- Ele é Deus, vê tudo e tá fofocando... Fica contando pros meninos onde é o esconderijo de todo mundo. Assim, não tem graça...

- Desceu da cama e ainda desbafou:

- Fica aí, enredeiro!

E o esconde-esconde continuou:

* * *

 

Pedro Henrique tinha quatro anos e veio passear em Dores.

Ficou no alpendre, sozinho. A mãe ouviu conversas e estranhou, pensando que havia entrado alguma pessoa estranha...

- Pedro, quem está aí com você?

- Ninguém, uai!

- Com quem você está conversando?

E o menino, triunfante:

- Uai, EU COM EU.

* * *

 

Beto, sobrinho da Ornélia, fora visitar a tia, ou melhor, visitar as laranjas do quintal da tia...

Ficou um tempo, encheu uma sacola de laranjas e, ao se despedir, ouviu da tia o costumeiro uso das Gerais:

- Vai com Deus!

Beto quis ser gentil com a tia, tão boa, tão preocupada...

- Que isso, tia? Não precisa, é tão pertinho!

* * *

 

Gabriel quis ajudar no banho do irmãozinho, Henrique.

A banheira em cima da cama, para evitar perigos...

De repente, o Gabriel tanto fez, que a banheira virou e o Rick pediu socorro:

- Mamãe, mamãe, o Gabi me derramou...

* * *

 

Clarissa tinha mania de espremer “cravos” – aqueles pontinhos amarelos no nariz das irmãs menores...

- Para com isso, Cissa, já falei que isso não é cravo...

Então depois de espalhar o sofrimento pela turminha toda, soltou a Luísa, que deu graças da Deus. Aí ela pegou o priminho Rafael e ele, prevendo o suplício, esperneava e implorava:

- Cacaca, não! Cacaca, não!

(O cravo da casa dele se chamava Tataca...)

* * *

 

Para arrematar a minha homenagem às crianças, enfeites do mundo, (re)conto a de meus sobrinhos Rodrigo e Quico.

Enquanto esperavam o almoço, conversavam, conversavam e não chegavam a um acordo.

Então, procuraram a roda dos adultos. Cada um trazia uma coisa escondida nas mãos. Fizeram suspense e falaram quase ao mesmo tempo:

- Gente, aposto que ninguém sabe!

Todos olharam para os dois chegantes, e eles:

- Fecha os olhos e só abre quando eu der a ordem:

Todos de olhos fechados:

- Pode abrir, pode abrir!

Cada um exibia um pedaço de mandioca - que surrupiaram na cozinha - e desafiaram a turma dos sabichões:

- Quem sabe quem pôs o pavio dentro da mandioca? Quem sabe?

Vinícius, o mais sabido da turma, explicou:

- Aposto que é minhoca... Elas é que sabem fazer esses buracos nas coisas.  

Quico e Rodrigo riram do primo da cidade grande.

Vinícius não gostou e caprichou na resposta:

- A professora falou que a minhoca é útil, então é ajudante...

- Ajudante de quem? Vai ser bobo!

Aí, acabou com os dois primos:

- Ajudante de Deus!!!

 

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