Sexta-Feira Santa – Paixão e Morte de Nosso Senhor - 10/04/2020
“E inclinando a cabeça, entregou o espírito.” (Jo 19,30b)
Leituras: Is 52,13-53,12; Sl 130[131]; Hb 4,14-16; 5,7-9; Jo 18,1 – 19,42
Um grupo a princípio não tinha entendido o significado da paixão dolorosa do Servo (53,1-10) e olhou apenas a sua aparência. Comparou-o com raiz em terra seca, um homem sem beleza e formosura, desprezado, homem de dores a tal ponto que ninguém fazia caso dele. Depois, o grupo percebeu o significado profundo do sofrimento do Servo: ele sofre inocentemente. Sofre por causa das enfermidades, culpas e pecados do povo. Seu sofrimento, aceito com humildade e sem reclamações, traz a salvação para o povo.
O tema principal da Carta aos Hebreus é o Sacerdócio de Cristo. Porém, enquanto os sumos sacerdotes ofereciam um sacrifício externo, Jesus se identificou com o sacrifício, o altar e o cordeiro. "Ele se tornou assim fonte de salvação para todos os que lhe obedecem."
Jesus é levado a Anás, sogro de Caifás; Anás é ex-chefe dos sacerdotes, mas seu prestígio ainda era grande. Por isso Jesus é levado primeiro a ele. Ali, Pedro nega Jesus pela primeira vez. Em seguida, Jesus é levado ao chefe dos sacerdotes, Caifás. Pedro nega Jesus pela 2ª vez, e na 3ª vez o galo canta.
Depois, Jesus é levado ao palácio do governador Pilatos; já de manhã. Continua o interrogatório, onde Jesus confirma ser o rei, mas não deste mundo. Pilatos acha Jesus inocente, mas o povo prefere que soltem o bandido Barrabás. Pilatos mandou flagelar Jesus, e os guardas, caçoando, vestiram-no de rei com um manto vermelho e uma coroa de espinhos. É uma afirmação indireta de que Jesus é realmente rei, mas rejeitado.
Pilatos o apresenta ao povo, que pede a crucificação do Filho de Deus. Pilatos, fazendo Jesus sentar-se no tribunal, relembra que o verdadeiro juiz é Jesus, que vai julgar os vivos e os mortos. Pilatos, para manter seu status, entrega Jesus à morte, mesmo sabendo que ele é inocente.
Jesus carrega a cruz até o Calvário, onde é crucificado entre dois ladrões. O letreiro firmava mais uma vez que Jesus era o rei dos judeus. Lá estavam algumas mulheres. A mãe de Jesus e o discípulo que Jesus amava. Jesus declara Maria, a mãe da Igreja, ali representada pelo discípulo que Jesus amava. A hora da morte e da glória chegou e Jesus, inclinando a cabeça, entrega seu espírito à Igreja. Morre Jesus, nasce a Igreja. Aqui, com a expressão: "entregou o seu Espírito", o evangelista parece usar um duplo sentido: a morte e o Pentecostes.
Jesus morre no dia da preparação para a Páscoa, ou seja, no dia em que os judeus matavam o cordeiro pascal. Jesus é o verdadeiro Cordeiro Pascal, que tira o pecado do mundo e substitui assim todos os sacrifícios do Primeiro Testamento. Os soldados atravessaram seu lado com a lança e saíram sangue e água, símbolos dos sacramentos da Igreja: eucaristia e batismo. É Jesus, com sua morte, gerando vida para a Igreja.
José de Arimateia e Nicodemos retiram o corpo de Jesus da cruz. Eles o perfumaram com 30 quilos de perfume (coisa própria de enterro de reis) e o embalsamaram, colocando-o num túmulo novo, no jardim. O jardim é lembrado no início (Jardim das Oliveiras) e no fim. É uma alusão ao Jardim do Éden. Lá, o ser humano rejeitou a vontade de Deus, buscando egoisticamente a vida e encontrou a morte. Aqui, Jesus, atendendo à vontade de Deus, entregou-se, caridosamente, à morte gerando vida.